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Colação de grau de custodiadas do sistema penal marca programa 'Novas Histórias' no Pará

As bolsistas do projeto social de ensino concluíram a formação nos cursos de Design de Interiores e de Licenciatura em Letras habilitação em Língua Portuguesa

O Liberal

colação de grau de duas detentas da Unidade de Custódia e Reinserção Feminina (UCRF) de Ananindeua, na Grande Belém, foi realizada na unidade penitenciária, na última quinta-feira (12). Rosa Cravo e Leilane Salles concluíram a formação nos cursos de Design de Interiores e Licenciatura em Letras, habilitação em Língua Portuguesa, pela Universidade da Amazônia (Unama). A graduação foi uma etapa do programa “Novas Histórias”, que oferece bolsas de ensino superior na modalidade de ensino a distância para mães em privação de liberdade em Ananindeua. O projeto envolve a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e a Unama, que integra o Grupo Ser Educacional.

As custodiadas foram as duas primeiras, de um total de 10 bolsistas, que concluíram o nível superior na modalidade de Educação à Distância (Ead). O projeto pioneiro do Grupo Ser no Pará concede 10 bolsas de estudo de nível superior para custodiadas da UCRF Ananindeua. Outras quatro vagas serão ofertadas pela Unama e a expectativa é de ampliar o programa para outras unidades penais do sistema penitenciário paraense.

O programa é uma das ações de responsabilidade social da Instituição de Ensino Superior (Ies) e foi vencedor do Catalyst Award 2023, premiação que homenageia a inovação e a excelência no ensino superior em todo o mundo. O 'Novas Histórias' conquistou o prêmio na categoria "Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento".

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A cerimônia de colação de grau teve direito a toda a tradição e pompa que a solenidade exige, com os convidados , discursos, e as autoridades acadêmicas e paraninfos para a entrega dos tão sonhados diplomas. Rosa Cravo e Leilane Salles fizeram o juramento de colação de grau diante da Reitora da Unama, Professora-Doutora Betânia Fidalgo, onde receberam seus diplomas e os anéis de formatura de seus respectivos paraninfos. A solenidade deixou as formandas e as demais colegas presentes bastante emocionadas.

“É um momento único na minha vida, um momento de superação, de aprendizado. Ao longo desses três anos foram muitos aprendizados e muitos conhecimentos. posso dizer que hoje eu me sinto realizada, com dever cumprido. É muito gratificante, apesar dos muitos desafios, muitas batalhas, mas o sabor da vitória é muito maravilhoso, é imprescindível”, disse Rosa Cravo ao final da solenidade.

“É incrível olhar pro dia de hoje porque quando eu me vi na situação de cá, eu pensei que tinha acabado tudo pra mim, que minha história tinha sido destruída, meus sonhos tinham sido fracassados devido à minha decisão e às minhas más escolhas. Mas hoje, vejo que é possível se reconstruir, é possível você pegar aquilo que não existia mais e transformar em algo novo e seguir uma nova perspectiva de vida, porque hoje eu sou formada em design de interiores, eu tenho uma profissão e posso atuar na área de trabalho, eu posso retornar pra sociedade”, disse Leilane Salles, que se formou em Design de Interiores.

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“Hoje se concretiza o primeiro momento dessa parceria, mas a gente está trabalhando, assiduamente, para avançarmos ainda mais. As vagas estão garantidas, inclusive hoje o Reitor já garantiu novas vagas e nós estamos trabalhando para que outras instituições possam também ofertar mais vagas”, afirmou Valber Duarte, diretor de Reinserção Social da Seap.

O Presidente do Grupo Ser Educacional, Jânyo Diniz, explicou que programa Novas Histórias faz parte do programa “Ser Mulher”, que é oferecido à mulheres que passam por diversas situações relacionadas, desde a violência doméstica, até no apoio a mães-solo que buscam a formação superior, mas que cuidam sozinhas de filhos com algum tipo de dependência médica. Agora, o programa também atende mulheres em situação de cárcere.

O diretor de Responsabilidade Social e Ambiental do Grupo Ser Educacional, Sérgio Murilo Júnior, defende que todo mundo tem direito a uma segunda chance. “Todo mundo tem direito de reconstruir a sua história. E esse projeto proporciona justamente isso, com o uso de uma ferramenta digital, que é o Ead, e também a educação. Então, quando você alia a vontade de estudar a uma ferramenta tecnológica, você consegue levar a educação aos quatro cantos desse país. E novas histórias de ressocialização estão tendo esse papel, de reconstruir vidas, de fazer com que essas meninas se preparem para a vida lá fora. A educação vai ser a grande ferramenta de transformação. Elas precisam sair daqui melhores do que elas entraram. Precisam voltar para a sua família, voltar principalmente para dar assistência aos seus filhos, aos seus familiares. A gente fica muito feliz que este projeto está dando certo e a gente agradece imensamente ao governo do estado do Pará”, declarou.

Belém