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Didáticas que fogem do tradicional transformam a educação de estudantes em Belém

Da leitura em redes para reforçar a alfabetização a oficinas de fotografia, projetos incluem e potencializam a educação de crianças e jovens

Gabriel Pires

Cada vez mais, práticas de ensino na educação básica que vão além do tradicional ganham espaço nas salas de aula, com abordagens que buscam tornar o processo educativo mais dinâmico. Esse debate, inclusive, é tema do 1º Congresso Panamazônico dos Professores de Língua, Linguagem e Literatura da Educação Básica (1º Cllimaz), que será realizado a partir da próxima terça-feira (14) em Belém, para promover a abordagem de métodos pedagógicos que fogem do convencional. Na capital paraense, os estudantes vivenciam essas possibilidades de aprendizado de diversas formas.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Bento XV, no Guamá, a leitura é incentivada de uma forma bem tradicional do Pará: deitados e se embalando na rede. Por meio do “Redário da Leitura”, estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental reforçam o hábito de ler de um modo bastante regional. A iniciativa também tem o objetivo de promover a alfabetização na idade certa, como explica a vice-diretora da escola, Rosângela Paes: “Como alfabetizar as crianças para além da sala de aula? Surgiu, então, a ideia do Redário”, diz, ao lembrar que a alternativa remete à cultura da região.

“Esse hábito das redes é uma herança dos povos originários e trazemos isso para a escola. Durante o intervalo, toda e qualquer criança pode participar, de todas as séries, do momento no Redário. Temos dois momentos de recreio para melhor dinamizar. Incentivamos a leitura por prazer. O aluno escolhe o que vai ler. Temos 31 crianças com algum tipo de deficiência. E também existe o objetivo de, nesse momento, já acolher o outro em sua especificidade”, explica a vice-diretora, ao lembrar que o projeto teve início no começo de agosto deste ano.

Aprendizagem

No dia a dia, a professora Cleonice Bassi é quem incentiva esse momento de leitura entre os alunos. Ela destaca que o Redário promove um mundo de conhecimento aos pequenos: “As crianças têm o prazer de ficar na rede e, às vezes, até disputam as redes. Eles têm acesso a livros apropriados para a faixa etária deles. Temos histórias em quadrinhos, livros de histórias, contos, fábulas, além de livros com textos informativos sobre o mundo animal e outros que abordam a questão do meio ambiente”, detalha.

A professora considera que a iniciativa é um caminho para reforçar a metodologia do Programa Alfabetiza Pará, da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Com o projeto, ela conta que a prática da leitura se tornou ainda mais presente no dia a dia dos pequenos. E um estudante incentiva o outro: “O coleguinha vê o outro lendo, ele quer ficar perto também. A nossa prática docente é dinâmica, e a gente tem que buscar sempre, de forma criativa, criar esses momentos de leitura”.

Quem não abre mão de aproveitar bons momentos no cantinho da leitura é a estudante Aimée Leite, de 8 anos, que está no 2º ano. “Eu amo ler. Gostei muito do Redário. Agora, estou lendo muito. Amo conhecer novas histórias e novos mundos”, conta. Esse sentimento também é compartilhado pelo pequeno Levi Brasil, de 8 anos: “Eu venho aqui para ler melhor e também porque aprendo algumas palavras que ainda não sei. Gosto de ler na rede porque dá para se balançar”, relata o estudante do 2º ano.

Congresso

Na capital, o 1º Congresso Panamazônico dos Professores de Língua, Linguagem e Literatura da Educação Básica (1º Cllimaz) e o 2º Encontro dos Egressos do ProfLetras da Universidade Federal do Pará (UFPA)  (2º Letrasvivaz) debaterá os desafios da educação básica na Amazônia. E ainda, como as práticas de ensino-aprendizagem, que vão além dos métodos tradicionais, são importantes nesse processo educacional. Os encontros serão realizados na UFPA entre os dias 24 e 27 de setembro. 

O professor doutor de Letras da UFPA, Marcos André da Cunha, também presidente do evento enfatiza, que essas didáticas na educação básica são fatores que contribuem para se ter uma escola ainda mais humanizada. “Precisamos ter uma escola que alfabetize letrando e interpretando”. E para isso, segundo ele, é preciso pensar dos entraves educacionais atuais, que pautaram o evento: “Se a gente pensar quais são os desafios da Panamazônia, nós iremos buscar e entender quais são os desafios do Brasil”.

Belém