Dia Nacional do Braille celebra conquistas e reforça a luta por avanços

Ampliar o ensino do sistema oferece oportunidades para pessoas cegas

Maycon Marte

Autonomia, liberdade e possibilidades, são alguns dos benefícios do aprendizado em Braille na vida de pessoas com deficiência visual, segundo a professora Luana Pereira, diagnosticada desde o nascimento com baixa visão. Nesta segunda-feira, 8, em que se comemora o Dia Nacional do Sistema Braille, a data celebra conquistas, mas lembra também dos desafios ainda enfrentados no aprendizado. Atualmente formada em letras e ensinando o braille para outros professores, Luana destaca a importância de democratizar o ensino para pessoas com deficiência visual. “Hoje o ensino regular ele pode ser tanto para o cego, quanto para o não cego, então se ele puder ter essa oportunidade vamos ter pessoas com as mesmas oportunidades que uma pessoa dita como normal”.

A data foi escolhida em homenagem ao aniversário do primeiro professor cego do Brasil, José Alvares de Azevedo, que disseminou o conhecimento no país. A lembrança de um mundo sem esse aprendizado também permeia a memória da professora que só iniciou os estudos em braille a partir dos oito anos de idade. “Eu ia para a escola e as pessoas não sabiam como me ensinar, como trabalhar comigo”, explica.

De acordo com a professora, o braille consegue auxiliar na percepção de mundo e no aprimoramento dos sentidos das pessoas com deficiência visual. Ainda destaca que após retornar ao ensino regular com o conhecimento do braille, foi possível se perceber no meio e progredir. “Quando eu aprendi o Braille que eu retornei para a escola regular eu já sabia o  Braille, já sabia ler e escrever, então eu tive o mesmo aprendizado que os outros alunos só que com a minha particularidade atingida”, relata.

No estado do Pará, a Unidade Educacional Especializada (Uees) José Álvares de Azevedo é referência na construção de um ensino mais inclusivo e respeitoso. Pereira associa ao aprendizado do braille, um dos pontos essenciais para o seu desenvolvimento e as suas conquistas, a exemplo da vida profissional que segundo ela, foi possível graças ao ensino que recebeu. No entanto, aponta o número baixo de unidades direcionadas a pessoas cegas e deficientes visuais, enfatizando a importância de avançar ainda mais.

Atualmente, Luana atua ensinando o sistema braille a outros professores e demais profissionais relacionados à educação, sendo cegos ou não. “Durante as formações que eu dou, o público é de professores que já estão inseridos nas escolas, que já estão ministrando aula, ou até graduandos”. Explica também que sempre parte da origem do sistema e destrincha a base das simbologias por trás do sistema.

Ambientes de aprendizado

No que diz respeito às opções de espaços de ensino e aprendizado que atendam a comunidade de pessoas com deficiência visual, a Seção Braille, localizada no segundo andar da biblioteca Arthur Vianna, existe como opção viável. Pereira explica como este ambiente auxiliou nos seus estudos e contribuiu para que pudesse avançar academicamente. “Me ajudou bastante quando eu estava no ensino médio, no pré-vestibular… lá eu usava muita a impressão em Braille e também, como era uma biblioteca eu ficava lá para estudar no espaço”.

Entre os serviços oferecidos pelo espaço, existe a oferta de livros e periódicos em braille, assim como livros falados, cabine adaptada de computadores com acesso à internet e sintetizadores de voz que permitem às pessoas cegas o acesso independente.

Além da biblioteca pública, a Universidade Federal do Pará também oferece como opção o Espaço Braille, um serviço que oferece suporte através de tecnologias assistivas. O ambiente possibilita leitura e escrita em braille, além de oferecer computadores com leitores de tela para realização de estudos e pesquisas. Estes serviços estão disponíveis no andar térreo da Biblioteca Central da UFPA e atendem a pesquisadores e alunos, de segunda a sexta-feira entre 8h e 20h.

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