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Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra realça reivindicações da população negra brasileira

Movimentos se inspiram em Zumbi dos Palmares e Mariele Franco na luta pela redução da jornada de trabalho, acesso a educação, saúde e direitos

Vito Gemaque

Comemorado pela primeira vez como feriado nacional nesta quarta-feira - 20 de novembro - o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra traz visibilidade a inúmeras pautas da população negra do Brasil. Os diversos movimentos negros pretendem unir a luta histórica com a atualidade das pautas como o fim da escala 6x1, o fim do genocídio da juventude negra das periferias e garantia de acesso a serviços públicos de qualidade como educação e saúde. Os movimentos participarão nesta quarta-feira (20/11) da Marcha das Periferias 2024, a partir das 9h, na Praça Olavo Bilac, localizada rua São Domingos esquina com Celso Malcher, no bairro da Terra firme. 

Gabriel Silva Braga, de 24 anos, estudante de mestrado em sociologia e antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), e Glauber Vilar, de 21 anos, estudante de filosofia, são militantes movimento negro do "Coletivo Juntos" e avaliam que para além da adoção do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é muito importante, avançar nas pautas para a população negra do Brasil.

image Gabriel Silva Braga e Glauber Vilar, integrantes do Coletivo Juntos (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

A criação da data é simbólica para todo o movimento negro, mas é preciso avançar nos direitos para a população negra. Gabriel ressalta que uma das pautas que tem ganhado destaque é o fim da escala 6x1, já que a maior parte dos trabalhadores negros seguem a escala de seis dias de trabalho para um dia de folga.

“A maior classe explorada hoje são os trabalhadores e trabalhadoras negras, que pouco tempo tem para ver os seus filhos e filhas, de acompanha-los nas escolas, tempo com as suas famílias, então essa é uma pauta hoje que diz diretamente sobre nós. Há também outras pautas históricas como o fim do genocídio da juventude negra nas periferias. A gente recentemente viveu em Belém alguns assassinatos e perseguições de pessoas nas periferias após as mortes de alguns policiais”, ressalta.

Na avaliação de Glauber, muitas das pautas estão ligadas diretamente à história do movimento negro no Brasil, desde a escravidão, por isso Zumbi dos Palmares ainda é uma grande referência para os militantes. O jovem se engajou no movimento político após a morte do trabalhador negro congolês Moïse Kabagambe, em 2022, pelo proprietário de um quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Moïse foi violentamente espancado por cobrar o pagamento de diárias que havia feito no quiosque. 

image Integrantes do Coletivo Juntos mostram imagem de Mariele Franco, que tem sua história debatida entre esse grupo (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

A morte de Moïse Kabagambe é um dos vários exemplos que a escravidão adquiriu novas formas. “Ela só foi mudando de forma. O povo preto dentro do Brasil é o povo que segue sendo muito explorado, que ainda sofre muito com a precarização do trabalho. Grande parte da juventude negra se encontra dentro do trabalho informal e tudo isso precisa ser pautado com a centralidade do debate”, destaca.

Na avaliação dos dois militantes, a violência contra a população negra no Brasil atinge a todos. Nem mesmo figuras de destaque como a ex-vereadora do Rio de Janeiro, Mariele Franco, tem a plena segurança para exercer seus direitos. “Nós lutamos para que os executores e mandantes do assassinato da Mariele fossem descobertos. Agora que se está chegando a eles. Todo o movimento negro deu uma resposta que não ia aceitar que continuassem matando os nossos. Isso fortaleceu a nossa luta. As memórias dessas figuras negras seguem vivas e seguiremos cobrando para que todos os responsáveis pela morte de Mariele sejam punidos pela justiça brasileira”, assegura Gabriel.

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