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Dia dos Vira-Latas celebra o amor que vai além da raça

A raça não é definida, mas esses animais trazem consigo um companheirismo único e especial, sobretudo a quem os resgata do abandono inconsequente

O Liberal
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No dia 31 de julho, é celebrado o Dia Internacional dos Animais de Rua e Sem Raça Definida (SRDs), ou popularmente conhecido como Dia do Vira-Lata. Esses animais estão presentes em cerca de 41% dos lares brasileiros, como aponta o Instituto QualiBest. Os SRDs são animais únicos e especiais. Por não haver como apontar padrões de cor, pelagem e tamanho, a chegada de um vira-lata ao lar é sempre uma surpresa.

O motivo que faz os ASRD serem tão especiais é o mesmo que leva esses bichos a serem os que mais sofrem com a rejeição. Na pandemia, o abandono inconsequente de animais bateu recorde. A crise econômica e até mesmo a desinformação, já que existiu o medo de transmissão do coronavírus pelos animais, foram os principais motivos para a superlotação de ONGs e preocupação dos agentes que se dedicam à causa animal, devido à diminuição significativa nas doações de rações e mantimentos.

Ter um animal sem raça definida até pode ser um problema para muitas pessoas, mas para a assistente social Bianka Yukari é o principal motivo para tê-los. Ela é tutora de seis cachorros SRD e mais de 40 gatos.

"Há uns 15 anos começou a minha relação com os animais. Quando eu tive a minha primeira cadela, Maya, já falecida, também foram chegando os gatos e o amor aumentando. Encontrei a maioria numa situação de abandono e doenças. Cuidei, mas nunca tive a intenção de doar. O apego vai crescendo a cada dia e é muito difícil a adoção de animais vira-latas", conta Bianka.

O amor pelos cães e gatos também é compartilhado pela mãe dela, Paula Monique. Ela se desdobra entre seu trabalho em um restaurante e os cuidados diários com todos os animais. "Em casa é tudo cercado. O gato que chega aqui será para sempre nosso", ela diz, entre risos. "Eles dão muito trabalho. A maioria dos gatos, quando encontrei, estavam machucados. Não tenho a ajuda de ninguém, então é só eu e meus filhos para arcar com os custos de alimentação, vacinação e remédio. Quando adoece, tem veterinário. Não é só adotar e falar que gosta. Todos eles exigem um cuidado que vai além do amor", declara.

Durante os momentos de isolamento social, a assistente social conta que a presença dos quase 60 pets foi importante para superar tantas incertezas que rondavam a família. "Todos já estavam com a gente antes do início da pandemia. Eles são muito divertidos. Sempre temos um cão ou gato ao nosso lado para fazer companhia. Quando a minha primeira cadela faleceu, foi um choque, mas fiquei com os três filhos dela, que me lembram diariamente como a Maya costumava ser", ressalta Bianka. 

image Paula ressalta que resgatar um vira-lata do abandono inconsequente é recompensado com amor (Igor Mota / O Liberal)

Cuidados e saúde garantidos por órgãos públicos

A médica veterinária Laís Souza explica que mais políticas públicas precisam ser feitas para atender ao aumento exponencial de cães e gatos na cidade. "As ONGs têm uma grande importância na causa animal. Hoje, elas assumem a maior parte das responsabilidades que deveriam ser do poder público. Em alguns poucos municípios, temos um hospital público exclusivamente para animais domésticos. Em Belém, temos um e mesmo que não consiga atender a alta demanda, é importante para as pessoas em vulnerabilidade socioeconômica, já que são a maioria são as donas de animais SRD", explica.

O Hospital Veterinário Municipal Dr. Vahia atua na saúde animal e promove atendimentos de baixa e média complexidade, como emergências, consultas veterinárias, cirurgias e exames de RX de tecnologia digital, ultrassom, hematologia, fornecimento de medicamentos, entre outros.

Na capital, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) proporciona ações voltadas para a saúde pública dos animais e também dos seres humanos. Através do controle e combate às zoonoses, o órgão desenvolve quatro programas de atendimento à população como a Raiva, Leishmaniose, Leptospirose e Esporotricose. Também atende ocorrências com animais peçonhentos (cobras, aranhas, escorpião, dentre outros) e animais sinantrópicos (ratos, caracóis e pombos).

Outro serviço ofertado é o “Castramóvel”. Um bloco cirúrgico ambulante que atender a população em vários bairros da periferia de Belém. O serviço é gratuito e estará disponível aos tutores de animais de estimação residentes na cidade. A castração de animais é a garantia de uma vida mais saudável e ajuda no controle populacional.

 

Muitos motivos para ter um vira-lata

Os vira-latas, por conta da alta variabilidade genética, são considerados mais resistentes a doenças. Boa parte dos SRD vem das ruas, onde diariamente precisam se adaptar ao ambiente para sobreviver e ter alimento e onde só os filhotes mais fortes conseguem sobreviver. Os felinos sem raça definida, além de apresentarem mais interação com os humanos, sendo muito amigáveis e apegados aos donos, também são beneficiados com a baixa probabilidade de desenvolvimento de doenças de origem genética.

A raça, como conhecemos, só existe no Brasil. Por conta da sua variedade, os SRD podem ser encontrados nas mais variadas cores, tipos e diversos temperamentos. O mais famoso é o vira-lata caramelo. Conhecido e presente em todo o território brasileiro, o cãozinho já conquistou o amor de todos e até existem movimentos que pedem a inserção dele nas cédulas de real brasileiro. É um ícone que já faz parte dos símbolos nacionais. 

Outra característica marcante é que costumam ser muito inteligentes e afetuosos, variando de acordo com as características herdadas. O animal resgatado das ruas, conforme a sua adaptação ao novo lar, tem um temperamento mais dócil, companheiro e vigilante que os outros cães.

Bianka e a mãe fazem um alerta para quem pretende adotar um animal de estimação. "Mais importante que a adoção é a castração. É isso que vai diminuir o abandono de animais e superpopulação de abrigos. É o fim do excesso de animais. A castração não é mutilação, é amar o animal. Prolonga a vida deles, evita doenças e a procriação desordenada. Se você tem condições de comprar um cachorro ou gato, olhe antes para um abrigo, para as feiras de adoção que têm pela cidade. Olhe para quem já existe e precisa de um lar, uma família. A recompensa ao abrir a porta de casa, depois de um dia cheio de obrigações, é o amor" conclui.

(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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