Dia do Bibliotecário: data celebra os guardiões do conhecimento, que combatem à desinformação
No Pará, o curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará (UFPA) é o único do estado e um dos mais antigos da região Norte
No Pará, o curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará (UFPA) é o único do estado e um dos mais antigos da região Norte
Celebrado nesta quarta-feira (12), o Dia do Bibliotecário destaca a importância desses profissionais na organização, no armazenamento e na disseminação do conhecimento. Com o avanço da tecnologia e o crescimento exponencial da informação, esse papel se tornou ainda mais essencial e diversificado. No Pará, o curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará (UFPA) é o único do estado e um dos mais antigos da região Norte, tendo sido criado em 1963. E, desde a graduação, estudantes já aspiram caminhos profissionais.
E foi pensando em transformar o meio em que vive que o graduando de Biblioteconomia, da UFPA, Jadison Rosario, 21, iniciou o curso. Graduando do quarto semestre, a escolha pela área veio quando ele percebeu que a comunidade quilombola que morava no Acará não tinha sequer uma biblioteca. “Me despertou esse interesse por me motivar em levar alguma biblioteca para a comunidade, principalmente para minha comunidade. E levar informação para as pessoas que necessitam na comunidade e nas escolas”, conta.
Para ele, que pretende atuar na área futuramente, o bibliotecário é essencial na difusão da educação. “Sem bibliotecário não tem informação. E eu vejo que em algumas escolas não têm biblioteca. É muito escasso. Por esse motivo, eu quero ser bibliotecário. E nós precisamos, a cada dia, estar informados da informação relevante para poder levar informação com melhor acesso aos usuários”, relata.
Já a graduação de Biblioteconomia entrou na vida da acadêmica Marcela Bomfim, 24, de uma forma muito familiar. “A porta de entrada foi a minha mãe, que é formada em biblioteconomia pela UFPA. E ela foi a minha grande inspiração para entrar no curso, que também é uma grande paixão minha, por falar de literatura. E, justamente, a nossa expectativa para dentro do curso é formar cada vez mais profissionais da área que trabalhem com a informação e a disseminação da forma correta”, pontua a estudante da UFPA.
“Eu realmente espero que, terminando o curso, a gente consiga estar no mercado de trabalho de uma forma correta. E o dia 12 de março é extremamente importante para a gente e para as outras pessoas também, que elas fiquem cientes de que o profissional da área de biblioteconomia existe por dentro e por trás das bibliotecas. E que todo o funcionamento da biblioteca só existe, só funciona por conta desse profissional”, acrescenta o jovem, ao falar da profissão.
Para o estudante George Rodrigues, de 25 anos, o papel do bibliotecário é o de ser um mediador da informação para a sociedade. E, por isso, a função é essencial no dia a dia, conta ele, ao falar, também, da importância das bibliotecas públicas. “Já tive uma experiência de estágio numa biblioteca pública. E biblioteca pública é o que mais detém de rico e cultural no mundo das bibliotecas. E eu gosto muito desse tipo de biblioteca”, comenta o estudante do sexto período de Biblioteconomia na UFPA.
A professora do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Ediane Maria Gheno, explica que a atuação dos bibliotecários vai muito além das bibliotecas tradicionais. E que o dia a dia de trabalho envolve a organização, o armazenamento, o uso e a disseminação de qualquer informação registrada dos acervos. Além disso, ela destaca que esses profissionais desempenham um papel fundamental na produção científica - lado a lado aos pesquisadores.
“A nossa profissão vem mudando devido às tecnologias e devido a esse crescimento exponencial da informação. Hoje, o bibliotecário hoje tem vários caminhos de atuação. Obviamente, nós temos as bibliotecas tradicionais, mas é um caminho muito extenso. Pode-se atuar, por exemplo, no corpo editorial de editoras e em revistas científicas. E algo que talvez seja pouco conhecido, o bibliotecário atua desde sempre sendo um braço direito dos pesquisadores para fazer ciência”, comenta.
Ediane também detalha: Na parte de organização, a nossa atuação envolve todo esse processo de classificação dos documentos. Isso porque os documentos precisam ser classificados conforme a área para o leitor poder localizar a informação e também de como essa informação vai ser representada. E no processo de armazenamento envolve sistemas de informação, por isso que nossa área é interdisciplinar com as áreas de tecnologia e de engenharia da computação”.
A profissão de bibliotecário é regulamentada e, segundo a legislação vigente, instituições de ensino devem contar com esses profissionais em suas bibliotecas. Entretanto, a realidade ainda está longe do ideal. No Pará, o curso de Biblioteconomia da UFPA é o único do estado e um dos mais antigos da região Norte, tendo sido criado em 1963. "É um curso muito procurado. Atualmente, temos 40 vagas no turno da manhã e 40 no turno da noite", afirma Gheno.
Além de organizar o conhecimento, os bibliotecários têm um papel crucial no combate à desinformação. "Temos a capacidade e a habilidade para distinguir fontes de informações verídicas e falsas", destaca Gheno. "Cerca de 70% das bibliotecas escolares estão sem bibliotecários", aponta a professora, ressaltando que a demanda por esses profissionais pode aumentar caso a lei da universalização das bibliotecas seja devidamente implementada pelo governo.
Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, bibliotecários foram essenciais na recuperação e disseminação rápida de artigos científicos sobre o vírus. "Eles trabalhavam para garantir que os pesquisadores tivessem acesso imediato às publicações mais recentes", relembra a professora.