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Dengue e AIDS crescem entre idosos, aponta estudo da UFPA

No Pará, males infecciosos avançam além de média brasileira, incluindo tuberculose, hanseníase, hepatite

Dilson Pimentel

Até 2020, a tendência é que os casos de Aids, dengue e tuberculose aumentem na população idosa brasileira. Já os de malária e da febre tifóide deve decrescer e, os da hanseníase, se manter. E no Pará, a incidência das doenças infecciosas mostrou-se maior que no Brasil, com a dengue, a tuberculose, a hanseníase, a LTA, as hepatites e a AIDS tendo destaque. É que diz o médico Yuji Magalhães Ikuta, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Doenças Tropicais do Núcleo em Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (NMT/UFPA).

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A pesquisa "Aspectos epidemiológicos das doenças infecciosas em idosos no Estado do Pará", resultado de uma dissertação orientada pela professora Marília Brasil Xavier, avalia a incidência das doenças infecciosas no país nas últimas décadas. A avaliação faz uma projeção da tendência dessas patologias até 2020.

POLÍTICAS

"Em razão da sua abrangência, o estudo demonstra o cenário da realidade do Brasil e suas especificidades regionais. E, neste sentido, serve como um alerta para a população e para os gestores, pois foram identificadas elevadas incidências de doenças que já deveriam ter sido erradicadas. A partir disso, é fundamental que medidas de prevenção e combate sejam tomadas", ressalta Yuji Ikuta.

Ainda são poucos os estudos voltados para a velhice e esse número decresce quando se fala das doenças infecciosas, explica o pesquisador.

ENTRE OS MAIS POBRES

Segundo o médico, as doenças mais recorrentes foram aquelas identificadas entre a população de renda baixa. O professor utiliza a malária como exemplo desse fato.

Ele afirma que, enquanto nos centros urbanos ela já foi erradicada, nas cidades do interior do Estado o diagnóstico ainda é comum.

"Toda campanha que é feita tem um resultado, mas devemos avaliar se ele é o melhor possível. É preciso questionar o 'controle' e verificar o porquê dessa doença ainda existir. Somente aprendendo com os nossos erros é que vamos poder acabar com essas infecções", defendeu o pesquisador.

MALES

O professor informou que utilizou 14 doenças infecciosas de notificações compulsórias, que ocorreram especificamente em idosos - dengue, tuberculose, hanseníase, leishmaniose tegumentar americana (LTA), hepatites, AIDS, doença de chagas, leptospirose, leishmaniose visceral (LV), meningite, tétano, febre tifoide, malária, esquistossomose.

O estudo contou com a coleta dos dados disponíveis no Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN) sobre essas doenças, entre os anos de 2003 e 2012.

Com essa metodologia, foi possível verificar o cenário de cada doença. A partir disso, houve a comparação dos dados com os do Pará e com os da população não idosa. E foi observada alta incidência de Aids, LTA, dengue, hepatites, LV e doença de Chagas, manutenção das taxas de tuberculose, hanseníase, leptospirose, meningite, tétano e esquistossomose, e redução dos índices de malária e febre tifóide.

Já a tuberculose, hanseníase, dengue, LTA e as hepatites virais em idosos, nos últimos anos, tiveram um aumento em relação à população não idosa.

AIDS CRESCE NO PARÁ

De acordo com a pesquisa, até 2020 a tendência da Aids, da dengue e da tuberculose é aumentar; da malária e da febre tifoide decrescer; e da hanseníase se manter.

No Pará, a incidência das doenças infecciosas mostrou-se maior que no Brasil, com a dengue, a tuberculose, a hanseníase, a LTA, as hepatites e a AIDS tendo destaque.

Para Yuji Ikuta, as questões de saneamento e de educação são fundamentais para o planejamento e a abordagem da saúde nas comunidades e devem ser prioridade dos governos. Ele explicou que devem existir medidas de curto prazo que eliminem o ciclo de transmissão dessas doenças e planejamento de ações para expandir e qualificar o sistema de saúde.


"Nós esquecemos que esse grupo pode ter infecções, como as DSTs, e fazemos políticas que não o alcançam. Nesta pesquisa, uma das doenças que mais apareceram foi a Aids, porque esse grupo não tem por hábito usar camisinha. Então, fazer campanhas que os incentivem e ensinem a usar o preservativo e preparar o profissional da saúde para lidar com essa demanda é fundamental", afirmou o médico.


Doenças investigadas:
- Dengue;
- Tuberculose;
- Hanseníase;
- Leishmaniose tegumentar americana (LTA);
- Hepatites;
- AIDS;
- Doença de chagas;
- Leptospirose;
- Leishmaniose visceral (LV);
- Meningite;
- Tétano;
- Febre tifóide;
- Malária;
- Esquistossomose

Doenças que poderão afetar os idosos até 2020:

1) Crescimento da Aids, dengue e tuberculose;
2) Diminuição da malária e da febre tifóide;
3) Manutenção da hanseníase;

Fonte: médico Yuji Magalhães Ikuta

Belém