Dança e arte marcam 1º Encontro de Cultura Warao, em Belém
O evento começou no último sábado (10) e continuou ao longo desta segunda-feira (12), com uma programação que contou com esportes, apresentações culturais e debates políticos
Indígenas venezuelanos Warao, residentes em Belém e Ananindeua, realizam o 1º Encontro de Cultura da etnia, na Usina da Paz Padre Bruno Sechi, localizada no bairro do Benguí, na capital. O evento começou no último sábado (10) e continuou ao longo desta segunda-feira (12), com uma programação que contou com esportes, apresentações culturais e debates políticos.
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Participam do encontro as oito comunidades Warao residentes em Belém e Ananindeua. Com o objetivo de celebrar a resistência indígena na América Latina, o evento também marca o lançamento do Conselho Warao Ojiduna, organização fundada para representar e fortalecer politicamente a etnia no Pará.
No primeiro dia do encontro, no sábado (10), as comunidades disputaram entre si em modalidades esportivas, retomando as tradicionais práticas de esportes nos encontros culturais. Já nesta segunda-feira (12), houve apresentação de danças e cantos tradicionais, lançamento do Conselho Warao Ojiduna, contação de histórias e uma assembleia geral.
A educadora e promotora de esportes Gardência Kuperkiros, indígena Warao, que mora há três anos no Brasil - dois deles, vividos em Belém -, faz parte do Conselho Warao Ojiduna. Ela explica que o maior sofrimento da etnia na Venezuela era a falta de alimentação - mesmo trabalhando, o salário não era o suficiente para sustentar a família.
“Não podíamos deixar de mostrar nossa força, essa motivação que nós temos, apesar de todas as dificuldades que temos aqui no Brasil. Com esse encontro nós queremos que todas as instituições dos governos vejam que estamos aqui para sermos iguais, independentes de sermos de outro país, somos irmãos”, conta.
A chefe do escritório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), Janaína Galvão, falou da vulnerabilidade vivida pelos povos indígenas e da importância do movimento de reorganização social. “Depois de tantos anos residindo em Belém e em Ananindeua, esse é o primeiro encontro que eles realizam por iniciativa própria e a partir de uma articulação ampla entre todas as oito comunidades que residem nesses dois municípios”, diz.
“Esse encontro é resultado de um longo trabalho que vem sendo realizado junto à população Warao, entre eles, de fortalecimento comunitário e reorganização social, porque quando as pessoas se deslocam de seu país por motivos de perseguição ou de grave e generalizada violação dos direitos humanos e cruzam a fronteira internacional, muitas vezes elas perdem o contato com seus parentes, o tecido social é muito afetado nesse processo de deslocamento”, continua.
“O que a gente tem observado e promovido aqui é que a comunidade Warao tem mostrado esse desejo de voltar a se organizar, de se articular enquanto povo, enquanto grupo indígena, a partir de diversos encontros que foram realizados ao longo dos anos, então esse momento é o ápice desse processo de construção, de organização social que vem se dando ao longo dos últimos anos em Belém e Ananindeua”, conclui.
Além dos Warao, outras lideranças indígenas, organizações da sociedade civil, instituições públicas e órgãos de governo do Estado também participaram do encontro.