Corrida vira paixão de praticantes de todos os níveis
Prática esportiva exige acompanhamento e orientação profissional para evitar lesões
Uma das modalidades esportivas mais acessíveis para as pessoas – a corrida – resulta em vários benefícios para os praticantes. Melhorias no sistema circulatório, no coração, e vários fatores positivos na saúde física e mental têm levado cada vez mais pessoas a correr pelas ruas de Belém. A corrida muitas vezes é também a porta de entrada para a prática esportiva e, consequentemente, para um melhor condicionamento físico e melhor qualidade de vida.
Assim foi para o advogado Diego Dourado, de 37 anos, que começou a correr com 15 anos, por incentivo do pai, militar. Diego era obeso na adolescência. O pai, para incentivar, prometeu pagar R$ 50 por cada semana em que Diego corresse. Desde então, ele segue na atividade, e lá se vão 22 anos com a mesma paixão, que o levou a outros esportes. Ele corre às segundas, quartas e domingos e, atualmente, se prepara para provas de triátlon.
“Cada modalidade guarda o seu segredo, só praticando para entender. No caso da corrida, ela é bem acessível e democrática. Te ajuda a ter força de vontade, te faz superar desafios, libera dopamina e é praticada por um número muito grande de pessoas. Antigamente, não tinha o público feminino, hoje muitas mulheres praticam. E como muitas pessoas praticam é fácil você fazer novos amigos, porque correr em grupo faz as pessoas darem força umas às outras. E também é um esporte que traz muito prazer, você deixa de ter vontade de ir para festa, muda os hábitos, muda a alimentação”, destaca.
O educador físico e treinador especialista em corrida Kenny Monteiro lembra que é fundamental que os interessados em praticar o esporte busquem primeiramente fazer uma avaliação médica e física para analisar os riscos e ter uma boa orientação.
“A partir da avaliação cardiológica, física e funcional é que podemos verificar as reais necessidades do treinamento. Precisa primeiro avaliar e procurar um profissional qualificado. Alguém que tenha experiência com corrida, que seja formado em educação física. Nesse momento serão avaliadas várias coisas, como o tipo de calçado que deve ser usado pelo tipo de pisada que você tem”, explica.
Um problema dos iniciantes sem orientação é acabarem indo além dos limites do corpo, o que resulta em lesões. “Às vezes, as pessoas tentam fazer os treinos sozinhas. Você tem uma carga de exercícios e de volume muito grande que gera lesões. Também tem esse alto índice de lesões em corridas por conta da quantidade de pessoas que hoje praticam o esporte. Quanto mais pessoas na modalidade, maior a incidência de lesões. A questão toda não está no esporte. Está na orientação do esporte, da intensidade dos treinamentos, por isso é importante fazer uma avaliação antes de iniciar”, afirma.
O educador lista vários benefícios físicos para os praticantes do esporte. Por ser uma atividade aeróbica, a corrida tem uma série fatores positivos. A corrida melhora a eficiência do coração e o sistema cardiovascular. Com uma melhor circulação sanguínea há consequentemente melhora no transporte dos nutrientes para os músculos e para os órgãos, e a remoção dos substratos do sistema circulatório. Outro lado positivo é o emagrecimento mais rápido dos corredores, que percebem melhorias estéticas e na definição muscular, além dos benefícios psicológicos que atividades em grupo e ao ar livre proporcionam.
Entretanto, uma das reclamações dos praticantes é que apesar do crescimento da corrida ao longo dos últimos anos, os espaços para essa prática em Belém não cresceram na mesma proporção. Um dos poucos lugares onde não há competição dos corredores com carros e motocicletas é o Parque do Utinga.
“Infelizmente, temos somente o Parque do Utinga como local onde a gente não tem contato com os carros. Na cidade, você está correndo ao lado de carros e ônibus que não respeitam o atleta, já soubemos vários de atropelamentos. É muito perigoso dividir o espaço com os carros. O poder público tem que investir mais em parques e criar faixas exclusivas para corredores, além de conscientizar os motoristas para o fato de que, ali, está uma mãe ou um pai de família praticando exercício para o seu bem”, completa.