‘COP 30’ é um dos assuntos mais falados em Belém
O sonho de ver uma cidade melhor e um planeta mais limpo passaram a fazer parte das conversas entre os moradores da cidade
O sonho de ver uma cidade melhor e um planeta mais limpo passaram a fazer parte das conversas entre os moradores da cidade
Há 25 anos, o vendedor ambulante Ronaldo Dantas Martins, 51, trabalha no mesmo ponto, vendendo salada de frutas em frente ao prédio da Fundação Nacional de Saúde que funciona na Av. Visconde de Souza Franco, em Belém. É de lá que ele acompanha as obras da nova Doca, que foi planejada para ser um legado da COP 30. Ele conta que ainda não entende exatamente o que o vai acontecer na cidade, mas reconhece que a mudança na rotina vem para o bem coletivo. “Eu não sei muito bem o que é isso (COP 30), mas sei que Belém vai ficar melhor e que vem muito turista de fora”, afirma.
Seu Benedito Cardoso, 63, também já conta as horas para ver o resultado das obras na cidade. Ele é vendedor de frutas no Ver-o-Peso, cartão postal da cidade que também passou por reformas que devem beneficiar tanto os trabalhadores, quanto os clientes que frequentam o local. E fala que as mudanças na capital são fruto da realização de um grande evento mundial. “Belém tava muito abandonada. Com as obras que estão acontecendo, vai beneficiar muita gente, gerar muito emprego. Isso [a COP] veio dar uma alavanca para a cidade”, conta Cardoso.
Desde que a capital paraense foi anunciada como sede da Conferência do Clima sobre Mudanças Climáticas que será realizada em novembro deste ano, a população que mora em Belém não fala em outro assunto, seja por conta das obras que mudaram a rota de muitas pessoas ou da expectativa de ver diferentes rostos e ouvir idiomas dos mais variados circulando na Metrópole da Amazônia.
Na agência onde a bancária Renata Cabral, 40, trabalha há mais de 10 anos, as palavras dinheiro, desvio e consignado estão sempre presentes nas conversas do dia a dia, mas já tem um bom tempo que a COP 30 passou a ser um dos assuntos mais comentados dentro da instituição financeira.
“O Núcleo de Marketing do banco tem a preocupação de repassar os informativos a respeito do evento, enfatizando a importância e os efeitos que a COP 30 trará para o nosso Estado. Mas o que a gente mais ouve entre os colegas são reclamações sobre os transtornos com as obras e a preocupação com as fraudes que podem ocorrer”, afirma Cabral.
A Conferência do Clima sobre Mudanças Climáticas é um encontro promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1995, após um acordo firmado no ano anterior entre líderes de vários países do mundo, que tem o objetivo de analisar e propor soluções às mudanças climáticas no planeta e fazer valer a eficiência da Convenção. Nos últimos anos, os encontros dos países membros signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), as chamadas “as partes”, resultaram em algumas das resoluções mais importantes da história, como o Acordo de Paris, na COP 21, e a criação do mercado global de carbono, na COP 26.
Quem também sentiu essa mudança foi a fonoaudióloga Luana Ferreira, 40. Acostumada com a correria da UTI e UCI Neonatal da Santa Casa há 17 anos, ela fala que as palavras sustentabilidade e meio ambiente passaram a ser tão utilizadas quanto alta hospitalar, amamentação, mãe, leite materno e sonda. Ela, no entanto, acredita que o debate sobre a COP é importante em qualquer ambiente, já que as decisões que devem ser tomadas em novembro afetarão o planeta como um todo.
“Esse evento, sendo em Belém, na Amazônia, trará grandes chances de mudanças, de melhorias e de mais conscientização para a população sobre os efeitos do uso indiscriminado de combustíveis não fósseis e de todo o desmatamento que está sendo feito na floresta, e colocam as populações, principalmente as mais vulneráveis, como as indígenas e quilombolas, em situação mais complicada. Então acho que isso vai trazer uma grande visibilidade para a região amazônica e, principalmente, para a mudança de muitos paradigmas, para a gente trabalhar esse ecossistema de uma forma muito mais sustentável, conscientizando toda a população”, explica Ferreira.