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Contrato de namoro: entenda os motivos psicológicos de casais que buscam esse tipo de acordo

A busca por segurança afetiva está entre as motivações, diz especialista

Eva Pires

Muito tem se discutido sobre os contratos de namoro, que têm sido cada vez mais procurados por casais brasileiros com o objetivo de diferenciar um namoro de uma união estável, estabelecer regras ou proteger o patrimônio. Em 2023, foi registrado um número recorde desse tipo de acordo. No entanto, ainda há duvidas sobre os motivos psicológicos por trás dessa busca e quais efeitos emocionais podem ser gerados a partir do contrato. Segundo a psicóloga Christiane Tenorio, de Belém, a busca por segurança afetiva está entre as principais motivações.

"A busca pela segurança afetiva é um dos principais impulsionadores. Psicologicamente falando, as relações se tornaram descartáveis. E o contrato foi uma forma de garantir que a responsabilidade emocional seja preservada", explica a especialista.

Mesmo que temporário, o contrato de namoro surge como a solução ideal para casais que desejam manter um relacionamento amoroso sob o mesmo teto sem criar um vínculo jurídico e, consequentemente, financeiro. Isso ocorre porque a união estável, assim como o casamento, gera reflexos patrimoniais, como a partilha de bens em caso de término, além de deveres entre o casal, como o dever de assistência.

Em relação à forma que a experiência pessoal ou familiar com questões patrimoniais pode influenciar essa decisão, a psicóloga avalia que "o contrato veio para garantir também essa segurança patrimonial. Assim como haviam relacionamentos verdadeiros, existem os que são baseados no interesse em se beneficiar economicamente".

"No que diz respeito aos impactos emocionais, vale frisar que isso varia muito do tipo de relação para relação. Se for leve e baseada no sentimento, isso não causa sofrimento psíquico. Acredito que o contrato deve servir para aumentar essa confiança entre ambos. É um 'plus' para o sentimento de segurança".

De acordo com a psicóloga, a sociedade ainda não está preparada pra tal formalização. "Aí é a parte mais melindrosa. A sociedade ainda não está pronta e, consequentemente, as críticas virão", pondera. Ela finaliza aconselhando como os casais podem abordar esse assunto de forma saudável. "É preciso falar abertamente, o diálogo sempre será o melhor caminho. Assim como expor medos, angústias e considerar que o contrato diminua isso para ambos".

Eva Pires (estagiária sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)

Belém