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Belém registra quase mil infrações de trânsito em 2 meses; 'falta empatia', aponta especialista

Entre janeiro e fevereiro deste ano, a Segbel já registrou um total de 947 infrações envolvendo transitar e estacionar em locais inadequados, em Belém

Dilson Pimentel

Em Belém, o desrespeito no trânsito está por trás das 947 infrações relacionadas a condutores que, de maneira imprudente, transitam e estacionam em espaços destinados a pedestres e ciclistas, comprometendo a segurança viária. O dado é referente aos registros feitos entre janeiro e fevereiro deste ano pela Secretaria de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade de Belém (Segbel). Na Universidade do Estado do Pará (Uepa), no bairro do Telégrafo, pesquisadores realizaram uma blitz educativa de trânsito, no estacionamento do prédio da instituição, na manhã desta segunda-feira (24). Muitos dos problemas observados pelos pesquisadores no local são os mesmos que existem em várias áreas de Belém.

O vendedor de salada de frutas José Ricardo Saraiva, 57 anos, reclama de carros estacionados nas calçadas, o que prejudica a circulação dos pedestres, sobretudo de pessoas idosas e com dificuldade de locomoção. Ele afirmou que essa situação ocorre, por exemplo, na avenida Senador Lemos, por onde também faz corridas.

“Tem motorista que para na área onde circulam os ciclistas, o que dificulta pra gente. Também estacionam na calçada. Passa uma senhora idosa... E, com o carro na calçada, não tem como a gente passar. Se você reclamar, vem com ignorância pra gente. Essa é a dificuldade que a gente tem”, disse José Ricardo. “A gente tem que sair da calçada para ocupar o lugar dos outros, que é a ciclofaixa”, contou. Ele afirmou que toma muito cuidado ao circular no trânsito da cidade. “Se bobear, a gente é atropelado”, disse.

O aposentado Diogenes dos Santos, 77 anos, também se queixa de motoristas que estacionam sobre as calçadas da cidade. “Também é muita moto pela ciclovia. Às vezes, a gente se ‘safa’ do carro, do ônibus e dá de cara com a moto. Tomam o espaço da gente. É perigoso. Ainda mais pra gente que tá se aproximando dos 80 anos”, contou. “Até a faixa para o pedestre não respeitam. Eles não respeitam”, afirmou.

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“Empatia. Respeito gera respeito, gentileza gera gentileza. E aí, você, desacelera. As pessoas, como vocês perceberam aqui, chegam aceleradas, correndo, estão atrasadas. Então, acorde mais cedo, desacelere no trânsito, desacelere na vida, porque o bem maior nosso é a vida”, afirmou. Esse trabalho de educação no trânsito também é realizado em escolas. “Dez escolas parceiras, onde a gente faz as oficinas com as crianças, que multiplicam essas informações em casa”, explicou.

A ação foi realizada em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), informa a professora. A analista de trânsito e pedagoga Elizabeth Carvalho, do Detran, também falou sobre essa atividade. “É para sensibilizar os condutores e condutoras no aspecto do respeito ao espaço público no estacionamento da Uepa, na Djalma Dutra”, contou. Durante essas ações de blitz educativa, destacam-se os aspectos da segurança e prevenção no trânsito. “Se beber, não dirija. Use o cinto de segurança, respeite as regras de trânsito, não faça ultrapassadas perigosas e não fale ao celular dirigindo. Desacelere. Seu bem maior é a vida”, afirmou.

Prefeitura detalha infrações e as estratégias para combater o problema

A Secretaria de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade de Belém (Segbel) detalha que, das 947 infrações relacionadas a condutores na capital:

  • 89 foram por trafegarem sobre calçadas, sendo 58 em janeiro e 31 em fevereiro;
  • 348 a motoristas que estacionam irregularmente nesses espaços, sendo 194 em janeiro e 154 em fevereiro;
  • 219 por estacionamento ilegal em canteiros centrais, sendo 140 em janeiro e 79 em fevereiro;
  • 291 por circulação indevida em faixas de ciclistas, com 63 registros em janeiro e 228 em fevereiro.

"A Segbel reforça que atua por meio de operações recorrentes, fiscalização eletrônica e videomonitoramento para autuar condutores infratores. Além disso, conta com a colaboração da população por meio de denúncias, que auxiliam na identificação de pontos críticos para intensificação das ações de fiscalização", diz o órgão, em nota.

Belém