Com atendimento negado em várias unidades, idosa morre à porta da UPA da Sacramenta, após AVC
Reportagem acompanhou os momentos de medo, revolta, dor e tristeza do drama vivido por família dentro de um táxi
Uma idosa morreu à porta da UPA da Sacramenta, em Belém, na manhã desta sexta-feira (8), após ter o atendimento negado em hospitais e unidades de pronto atendimento (UPAs) da capital. A suspeita é de que ela teve um acidente vascular cerebral (AVC). Não há informações de que possa ter sido um dos muitos efeitos suspeitos raros e ainda em estudo da covid-19, doença causada pelo coronavírus sars-cov-2. A caminho da última tentativa de buscar ajuda, ao lado da família, a idosa não resistiu.
Drama e angústia dentro do taxi
Foram horas de angústia e desespero de uma família. Dentro de um táxi, corriam de unidade em unidade de saúde. Walter Oliveira, o taxista, relata que começou levando a família e a idosa, já aflitos, para unidade municipal de saúde de Icoaraci.
Lá eles não conseguiram nem passar do portão. Seguiram então para a UPA de Icoaraci. Nesse outro ponto de atendimento, encontraram a unidade fechada e com cones de isolamento. Irritados, os familiares tentaram forçar entrada, mas não adiantou.
Trânsito ruim em pleno lockdown
O taxista Walter seguia apressado pelo trânsito da avenida Augusto Montenegro, que apesar do decreto de lockdown — fechamento de todas as atividades não essenciais à vida, saúde e segurança da população, que presumia redução da circulação de pessoas —, seguia intenso como sempre. Chegou à UPA da Marambaia. Novamente, a idosa não foi atendida. A família já entrava em desespero e o taxista também. Foram informados da UPA da Sacramenta.
Ainda que o taxista tenha sido o mais ágil possível, a resistência da idosa não foi suficiente. Ao chegar à UPA da Sacramenta, ela morreu. Revolta, raiva, medo e tristeza se misturavam nas reações dos familiares da mulher. Ainda não foi possível saber a identidade da mulher. Mas nem cabe, neste momento.
Foram horas de angústia e desespero da família. Dentro de um táxi, correram para unidade municipal de saúde de Icoaraci. Lá não conseguiram nem passaram do portão. Seguiram para a UPA de Icoaraci. A unidade estava fechada. O taxista Walter seguia apressado pela Augusto Montenegro, que apesar do decreto de lockdown, seguia intenso Na UPA da Marambaia, novamente, a idosa não foi atendida. A família já entrava em desespero e o taxista também. Ainda que o taxista tenha sido o mais ágil possível, não foi o suficiente. Na UPA da Sacramenta, a idosa não resistiu e morreu. Revolta, medo e tristeza tomaram os familiares. "Tenho 30 anos de taxista. Nunca havia passado por isso antes. Tudo isso é um absurdo", lamentou Walter
O caso é mais um entre os muitos que envolvem pessoas que peregrinam, por unidades de saúde e hospitais durante a pandemia em Belém, em busca de atendimento - e muitas vezes não o encontram a tempo. O Sistema Único de Saúde (SUS) sempre operou no limite da capacidade. A pandemia de covid-19 escancarou de vez os problemas. "Tenho 30 anos de taxista. Nunca havia passado por isso antes. Tudo isso é um absurdo", lamentou Walter.
Prefeitura ainda não comentou o ocorrido
A redação integrada de O Liberal entrou em contato com a Prefeitura de Belém para obter um posicionamento sobre o porquê de recusa de atendimento em tantas unidades, levando em conta que novas unidades e frentes de atendimento foram abertas na saúde pública.
Apesar da evidente pressão sobre a saúde pública que a demanda pela covid-19 segue impondo ao Sistema Único de Saúde (SUS) e à rede privada, respostas do poder público são necessárias. A redação segue apurando. Acompanhe.