Com 1,4 milhão de habitantes, taxa de natalidade cai em Belém
Custo de vida é um dos motivos. Maioria dos habitantes da capital têm hoje entre 25 e 59 anos
Ao comemorar 403 anos de fundação, a capital paraense é uma cidade onde a faixa etária predominante é de 25 a 59 anos de idade. É o que revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Atualmente, Belém tem 1,4 milhão de habitantes.
De acordo com o técnico do IBGE, Victor Reis, Belém está vivendo uma diminuição da taxa de natalidade. "No passado, a população crescia, em média, 22% a cada década. Porém, de 1990 para o ano 2010 a população cresceu 6% em cada período", detalha.
Victor explica que essa realidade predominante afeta a pirâmide etária, que é utilizado para verificar como está a população nas faixas etárias. "A pirâmide tem como base as crianças, depois adultos e no topo os idosos. Quando pessoas entre 25 e 59 anos predominam entre os habitantes de algum lugar, é visto que esta pirâmide está se estreitando e isso pode impactar na previdência social e na mudança de bens e serviços por um mercado consumidor mais idoso", explica.
O técnico explica que esse fenômeno ocorre em grandes concentrações populacionais, onde as pessoas possuem outras prioridades. "O custo de vida é um dos influenciadores. Os grandes setores que abastecem a mão de obra em Belém são comércio e serviços. As coisas são mais caras nessas áreas, principalmente, para quem vai empreender. O custo com aluguel, salários, materiais de trabalho e outros são elevados, por isso, o investimento no trabalho tem se tornado prioridade para as pessoas", explica.
A maquiadora Natasha Cardoso tem como prioridade a vida profissional e, aos 30 anos, ela não pensa em ter filhos. O trabalho não é o único fator que impede Natasha de querer ser mãe, ela se preocupa com o futuro das crianças. "Nunca sonhei em ser mãe por gostar da minha liberdade. Além disso, com a atual situação que vivemos hoje, eu não seria capaz de colocar uma criança no mundo para sobreviver em meio ao caos que está instalado em todo lugar, com tantas dificuldades financeiras, desemprego e violência. Acho injusto criar uma criança no mundo de hoje que é tão desigual, preconceituoso e intolerante em todos os aspectos", desabafa.