MENU

BUSCA

Centro em Belém facilita acesso de pessoas surdas à Libras para inclusão social

A Língua Brasileira de Sinais tem seu dia lembrado nesta segunda (24) como meio legal de comunicação e expressão no país

O Liberal

Pioneiro na formação de pessoas na Liguagem Brasileira de Sinais (Libras), o Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS), em Belém, tem viabilizado o acesso de muita gente, entre professores, servidores e familiares de pessoas surdas e comunidade para a construção de caminhos na socidade em busca de um futuro melhor. No centro, ligado à Secretaria de Estado de Educação (Seduc), por meio da Coordenação de Educação Especial (Coees), o estudante Eliaquim Saldanha, de 22 anos, busca se capacitar para concretizar o sonho de montar um projeto de computação. 

É o próprio Eliaquim quem detalha esse processo. “Quero trabalhar com a internet e toda essa área de tecnologia; eu estou aprendendo português para que eu possa saber escrever, e aqui no curso tenho ajuda e acessibilidade". Ao lado dele está sempre a professora Geny Ferreira, intérprete de Libras. Ela ensina essa modalidade de comunicação por gestos e expressões faciais, há mais de 15 anos. Geny já perdeu a conta de quantos pessoas surdas ajudou a incluir na sociedade.

“É maravilhoso trabalhar com surdos. A relação é ótima. Eles sempre esperam a gente com alegria, com vontade de aprender. São pessoas muito interessadas. Aqui eles são de fato incluídos. Me sinto muito feliz com o sucesso de cada um deles. Sempre trago exemplos de pessoas que conquistaram seus espaços no mercado de trabalho”,  ressalta.

Fluência

Reconhecida por meio da Lei 10.436, a Língua Brasileira de Sinais tem seu dia lembrado na segunda-feira (24), como meio legal de comunicação e expressão no país. Desde 2005, a Libras passou a ser uma disciplina curricular obrigatória na formação de professores surdos, professores bilíngues, pedagogos e fonoaudiólogos.

“Antes de aprender libras, eu não entendia nada dos sinais, tinha muita dificuldade, mas me esforcei, foquei, tirei dúvidas, fiz amigos. Hoje as coisas mudaram, tenho fluência, participo, consigo pensar, entender os contextos”, comemora Eliaquim Saldanha.

O diretor do CAS, Giovanni Corrêa, destaca que "a Língua Portuguesa é a maior dificuldade do surdo, sendo que a Língua Portuguesa, para eles, é a segunda língua, já que a Libras é a primeira". "O CAS tem papel fundamental na formação de servidores, especialmente professores da rede estadual para que possam se qualificar e atender alunos surdos; grande parte das pessoas fluentes em Libras no Pará, saíram daqui”, acrescenta.

Formação

Em 2022, o Centro formou 290 servidores do Estado. Neste ano, outros de 350 profissionais devem ser capacitados. Além do curso de Libras, o CAS oferece projetos de ensino abertos também para familiares e comunidade. As inscrições são abertas a cada semestre. Em 2023, mais de 90 alunos surdos estão matriculados.

O professor Jherikson Andrade ensina a Língua Portuguesa como segunda língua para surdos. Ele é surdo oralizado e procura trabalhar as dificuldades da comunidade surda no processo de aprendizagem.

“Meu objetivo é focar no ensino da segunda língua que é uma barreira muito grande de comunicação, já que poucos ouvintes sabem Libras, então fica essa incompatibilidade comunicativa. Com o curso, damos uma oportunidade de aprendizagem e participação ativa na sociedade para as pessoas surdas”, reforça o educador.

Inclusão 

A Escola de Governança Pública (EGPA) oferta o curso de Libras para servidores estaduais. Desde 2019, foram certificados 120 servidores em quatro turmas, ofertadas pelo programa de cursos livres da EGPA. A primeira turma avançada será realizada entre os dias 24 e 28 de abril.

Nesse contexto, Bethânia Moraes trabalha na Coordenação de Apoio Pedagógico da Escola de Administração Penitenciária, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) e é aluna do curso. A servidora já garantiu vaga para o último nível da formação.

“Eu amei o curso. Gostei da didática da professora. A turma estava bem alinhada, buscando estudar bastante e ir além das aulas, e acredito que a temática é primordial para o serviço público. O conteúdo foi básico, até pelo tempo que nos foi dado, mas tivemos bastante conteúdo nesse período e já estou inscrita para a turma avançada”, disse Bethânia.

Formação superior no Pará

A Universidade do Estado do Pará (Uepa) oferta os cursos de graduação Letras - Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Pedagogia Bilíngue. Para o curso de Letras-Libras, a instituição realiza um processo seletivo específico para deficientes auditivos, que considera o letramento da pessoa surda distinto da pessoa não-surda. Por isso é preciso respeitar as particularidades de ensino e aprendizagem. Os profissionais com Licenciatura Plena em Libras são importantes para se comunicar com deficientes auditivos, assim, promovendo a inclusão.

“O objetivo do curso é trazer a proposta bilíngue focando na Língua de Sinais como L1 e a Língua portuguesa como L2, proporcionar a licenciatura plena para formação de futuros profissionais professores/as de Libras nas escolas públicas e particulares, atuando no Ensino fundamental maior (6° ao 9° ano) e Ensino médio. Outro fator importante de desmitificar é que o curso de Letras Libras não é uma licenciatura em Língua de Sinais com habilitação em Educação Especial; a proposição do curso é formar profissionais de Letras que discutam a Libras sob o ponto de vista epistemológico da Linguística Aplicada, da Análise do Discurso, do uso e ensino de Libras, das Literaturas e suas interfaces”, explica Ozivan Santos, coordenador do curso de Letras/Libras da Uepa.

Belém