Canudos plásticos são proibidos no Pará, mas informação não chega aos comerciantes
Na Praça Brasil, em Belém, a informação da proibição não chegou, tampouco os canudos ecológicos
Uma lei estadual e outra municipal proíbem o uso de canudos de plástico em Belém. pelo menos em teoria. Desde setembro de 2021, a Lei nº 9.229 do Governo do Estado do Pará obriga o uso e fornecimento de canudos de papel biodegradável e reciclável por restaurantes, bares e lanchonetes. Já em Belém, o uso de canudinhos plásticos é proibido desde fevereiro de 2021. Essas ordens, no entanto, não são do conhecimento de todos e, muitas vezes, não são respeitadas.
A Redação Integrada de O Liberal visitou a praça Brasil, ponto conhecido pela venda da bebida guaraná da Amazônia e água de coco, onde os canudos são quase indispensáveis. Mas a informação de que os utensílios plásticos são proibidos nunca chegou por ali.
Marcela Vieira, que trabalha com a venda de guaraná da Amazônia, conta que agentes da Secretaria Municipal de Economia (Secon) estão na praça Brasil quase todos os dias. No entanto, nunca falaram sobre as leis dos canudinhos. Os canudos de plástico seguem presentes nas bancas da vitamina energética. A mudança que ocorreu com a pandemia de covid-19 fez com que os mesmos agora sejam embalados individualmente, mas seguem plásticos.
Bahia, vendedor de água de coco, disse que também nunca soube da lei. Ele chegou a trocar os canudos plásticos pelos de papel uma vez, mas deixou de fazê-lo quando o seu fornecedor sumiu. José Reinaldo, que trabalha com venda de coco há 17 anos na praça Brasil, disse que ouviu falar da mudança. Em uma memória vaga, ele lembrou que agentes de algum órgão público foram ao local avisar que os canudos de plástico seriam proibidos em breve, mas não deram um prazo e tampouco retornaram. Mesmo sem a fiscalização, José diz que já chegou a comprar canudos de papel, mas parou porque são muito mais caros que os de plástico.
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Desde que o canudo de plástico se tornou um grande vilão na luta em defesa pelo meio ambiente, versões ecológicas começaram a ganhar o mercado. Além dos descartáveis fabricados em papel, outros desenvolvidos em materiais duráveis como metal, vidro e silicone também chegaram às prateleiras.
Mesmo fáceis de encontrar, os canudos ecológicos ainda estão longe da popularidade. A enfermeira Susiane Bonfim, adepta ao canudo de metal, acredita em uma questão de falta de divulgação, tanto do problema causado pelos canudos plásticos ao meio ambiente, quanto das alternativas a ele.
“Como muita gente não sabe, não é igual a questão das sacolas que teve muita publicidade em volta. No caso do canudinho muita gente nem sabe onde comprar. Acho que o boca a boca faz diferença, mas se tivesse uma divulgação maior, uma conscientização em torno do uso também de outros tipos de canudinho, como de metal e papel, acho que já seria uma ajuda bem grande”, diz Susiane.
A enfermeira é uma das poucas pessoas que leva seu canudo junto na bolsa quase sempre. Os vendedores de guaraná e água de coco da praça Brasil dizem que em média apenas 5% dos clientes usam o próprio canudo. “Eu me incomodo porque a gente já produz tanto lixo, tanto plástico que a gente consome. Por exemplo, a gente vê locais que têm copo de papel, mas outros não. Então às vezes eu não uso o canudinho, mas uso o copo de plástico. Então a gente acaba produzindo esse tanto de lixo”, pontua Susiane.
Quanto às leis que proíbem o uso do canudo plástico, a municipal prevê multa de R$ 800 à empresa que a descumprir; já na estadual o valor chega a R$ 2 mil, com a multa dobrada em caso de reincidência.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), a procura de esclarecimentos quanto a aplicação das leis, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.