Pará já registra 370 casos de câncer infantil em 2023
Tipos mais frequentes da doença no Estados são de leucemia linfoide e neoplasias
Em 23 de novembro, por efeito da Lei nº 11.650, datada de 4 de abril de 2008, transcorre no Brasil o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, data qur chama a atenção da população para o diagnóstico precoce da doença, que já é a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos do país, cerca de 8% do total. Até mesmo pelo fato de que, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), de acordo com o Painel de Oncologia do Ministério da Saúde, em 2022, no Pará foram registrados 477 casos de câncer em pacientes de 0 a 19 anos. Até o início de novembro de 2023, foram registrados 370 casos de câncer infantil.
A Sespa informa que, no Pará, os tipos mais frequentes de câncer infantil são: leucemia linfoide, com 146 casos em 2022 e 177 casos em 2023; neoplasia de comportamento incerto ou desconhecido de outras localizações, com 25 casos em 2022 e 20 casos em 2023; e neoplasia maligna de partes não especificadas da língua, com 23 casos em 2022 e 24 casos em 2023.
"A detecção e o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil são realizados através de palestras, rodas de conversa, folders sobre os sinais e sintomas do câncer infantil, e através de capacitações para os profissionais de saúde da atenção primária", repassa a Sespa.
A Secretaria informa que as unidades estaduais referência para atendimentos oncológicos são Hospital Ophir Loyola, Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, ambos em Belém, e o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, que atende os casos na região do Baixo Amazonas, Tapajós e Xingu. Para ter acesso aos atendimentos, os pacientes precisam dar entrada pela Atenção Primária em Saúde e, então, são encaminhadas aos serviços.
O atendimento começa nas unidades de Atenção Básica, para investigação diagnóstica. Conforme a necessidade, a criança ou adolescente pode ser encaminhado para tratamento com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia nas unidades de referência
Nesta quarta-feira (23), haverá programação alusiva à data no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). Já no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (HOIOL), normalmente a programação com esse tema ocorre durante o Setembro Dourado, mês de conscientização e combate ao câncer infantojuvenil.
De acordo com os registros do Hospital Oncológico Infantil Otávio Lobo, da rede estadual, os tumores mais frequentes na infância e adolescência são as leucemias, os linfomas e os que acometem o Sistema Nervoso Central, como os cerebrais. Também são frequentes tumores no sistema nervoso periférico (neuroblastomas), nos rins (tumores de Wilms), nos olhos e nos ossos.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 80% dos casos de câncer infantil podem ser curados, se descobertos em fases iniciais. Daí a necessidade do diagnóstico precoce e atenção aos sinais de alerta.
Alerta
A médica oncologista pediátrica Alayde Wanderley integra a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, a Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica e a Associação Brasileira de Hemoterapia e Hematologia. Alayde destaca que o câncer infantil juvenil caracteriza-se pela proliferação de células imaturas ou jovens que estão presentes no organismo devido ao desenvolvimento da criança, que por motivos genéticos sofrem uma proliferação desordenada dentro do organismo da criança. "O câncer infanto-juvenil é a principal causa de óbito por doença no Brasil entre crianças de 0 a 19 anos. Por isso, ele se tornou uma situação de saúde pública por conta da alta mortalidade. Nós temos aproximadamente 8 mil casos novos por ano, e a principal causa de câncer são as leucemias seguidas de tumores cerebrais e de linfomas, que são os tumores nas ínguas".
Não existe uma única causa para o câncer infantil-juvenil, mas, sim, os chamados fatores multicausais, o que vai desde a formação da criança ainda, intraútero, até fatores ambientais, até mesmo fatores genéticos. Então, não se trata de uma única causa, como pontua a médica.
Não existe prevenção para o câncer infanto-juvenil. "Nós temos somente a detecção precoce, que é a prevenção secundária do câncer. Então, quanto mais cedo ele for diagnosticado, mais chances de curas e menos os efeitos colaterais do tratamento, que muitas vezes é agressivo para um organismo que ainda está em desenvolvimento", observa a médica.
Sinais
Sobre os principais sinais e sintomas, Alayde Wanderley ressalta que as doenças da quadra infantil elas podem simular câncer; na verdade o câncer pode simular as doenças da quadra infantil. "O que acontece é, quando por exemplo eu tenho uma febre persistente por mais de três semanas, eu tenho aquela criança que começa a ficar astênica (triste, depressiva), que começa a parar de brincar, de ir para a escola, de jogar. É aquela criança que nós chamamos no termo popular de mufina, é aquela criança que tá apática. A palidez progressiva, surgimento de manchas roxas no corpo como equimoses (manchas roxas), petéquias (manchas) também. Crianças com dor de cabeça, com atraso no desenvolvimento, criança que andava e para de andar, que começa a cair muito, criança que chora com irritabilidade e outros.
"Não podemos esquecer também do reflexo do olho de gato, que é aquele reflexo que você na hora de tirar foto com flash, o olho da criança ele tem aquele reflexo de olho de gato que nós chamamos tecnicamente de leucocoria, isso pode indicar um tumor ocular", alerta a oncologista. No caso desses sinais, os pais devem buscar um pediatra, para a realização de exames e outros procedimentos da área médica. Alayde Wanderley orienta que os pais sempre buscam os serviços de saúde, um pediatra, ao notarem que sua criança não está bem. Ela informa sobre a triagem oncológica da Universidade Federal do Pará, na qual o atendimento se dá por demanda espontânea, entre outros locais de encaminhamento.
Pet Terapia
Os pet contribuem com o tratamento de crianças em tratamento em hospitais e unidades de saúde na Cidade de Belém, e o cachorro Alecrim vem se destacando nesse contexto. Como informa o tenente coronel Allan Sullivan, comandante do Batalhão de Ações com Cães da Polícia Militar do Pará (BAC/PMPA), a utilização de cães não se restringe a ações de combate ao crime e a busca e salvamento, mas cresce no mundo todo, e também no Brasil, "esse trabalho que nós chamamos de terapia assistida por animais ou terapia assistida por cães, que é um trabalho feito de forma multidisciplinar, com várias produções, personagens, como psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, que é realizado já no Brasil".
"E a PM do Pará ainda não institucionalizou esse trabalho, a terapia assistida por cães ou cinoterapia, só que nós já iniciamos esse trabalho nessas visitas nos hospitais. Aí veio a parceria com o Hospital Oncológico Infantil, que já havia feito essa proposta para nós aqui. O trabalho com o cão não é isolado na cinoterapia, ele é feito sempre com um profissional da área da saúde", destaca o tenente coronel Sullivan.
Ele conta que já participou de algumas visitas no Hospital Oncológico Infantil, e "a gente percebe que o cão tem essa capacidade de trazer alegria, trazer uma certa euforia para as pessoas, uma tranquilidade, e especificamente para as crianças, essa alegria de poder brincar com o cão, e isso é notório ali". São também feitas visitas a pessoas idosas, ou seja, um trabalho de mobilização social, o que inclui escolas.
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