Belém é sede de conferência sobre monitoramento de rios por satélite
A 4ª edição da Conferência Internacional South America Water From Space debate os avanços do monitoramento de rios por satélites e a atual situação dessas bacias hidrográficas
A 4ª edição da Conferência Internacional South America Water From Space debate os avanços do monitoramento de rios por satélites e a atual situação dessas bacias hidrográficas
Especialistas da área de sensoriamento remoto se reuniram em Belém, nesta terça-feira (29), na 4ª edição da Conferência Internacional South America Water From Space para debater os avanços do monitoramento de rios por satélites e a atual situação dessas bacias hidrográficas. O evento, que segue até o dia 1º de novembro, é realizado no Centro de Eventos Benedito Nunes na Universidade Federal do Pará (UFPA). O objetivo é contribuir para o debate sobre a gestão dos recursos hídricos na região amazônica, no Brasil e no mundo.
A conferência é coorganizada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) - responsável pelo monitoramento por satélite -, em parceria com Instituto Nacional Francês para o Desenvolvimento Sustentável (IRD), Agência Espacial Francesa (CNES) e Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro). O objetivo é reunir profissionais da área e estudantes na programação que inclui palestras, sessões de pôsteres, mini-cursos e uma excursão prática, proporcionando uma visão dos avanços e desafios na hidrologia espacial.
Para a diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil, Alice Castilho, o evento se faz importante haja vista as mudanças climáticas que o Brasil e o mundo vêm sofrendo. Pela primeira vez em Belém, a conferência reúne especialistas da França, dos Estados Unidos e da África do Sul. E, segundo Alice, trazer a programação à capital paraense é essencial, dado o contexto de que a cidade é rodeada de rios e, assim, importância de se ampliar o debate sobre o monitoramento dessas áreas.
Por isso, o foco do evento é destacar como as tecnologias do sensoriamento remoto ajudam a estudar o ciclo da água e responder a desafios de sustentabilidade e extremos climáticos. “O monitoramento dos rios e das chuvas, normalmente, é feito por estações in loco, no solo e. E o sensoriamento remoto, por meio do uso de imagens de satélite, vem ajudando nessa fiscalização, adensando as estações de monitoramento. Os satélites têm órbitas definidas e, nos pontos em que passam e que há uma interseção com os rios.
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“Temos novos pontos de monitoramento. Mas isso não dispensa a necessidade da checagem dessas informações in loco. O que acontece é um adensamento significativo dos pontos de monitoramento onde é mais difícil de se monitorar. Essa técnica já é usada há algum tempo e vai se aperfeiçoando e as incertezas vão diminuindo. Temos assim os pontos de monitoramento através de sensoriamento remoto já com séries aí de 10 a 15 anos. A partir dessas séries, podemos avaliar o comportamento dos rios que não são monitorados em estações em solo”, completa a diretora do SGB.
Com foco na Amazônia, o engenheiro cartógrafo do Serviço Geológico do Brasil, Daniel Moreira, conduziu uma palestra sobre a seca no bioma ainda na manhã de abertura do evento. “Debati acerca da Amazônia de 2023 e 2024. A gente também vai ter palestra sobre as inundações que estão ocorrendo no estuário do rio Amazonas, região de influência de maré. E muitas palestras envolvendo o tema da região, do Brasil inteiro e do mundo”, pontua sobre o restante da programação.
No contexto das mudanças climáticas, os dados obtidos pelos satélites são essenciais para acompanhar a mudança de comportamento dos rios amazônicos, de acordo com Daniel. “O monitoramento é a base de toda essa informação. E, a partir disso, a gente consegue justamente planejar questões importantes para [os rios] do Brasil, como a navegabilidade, a questão no período de secas, em que alguns rios perdem a navegabilidade. E outros fenômenos, como o de terras caídas. Tudo isso é graças ao monitoramento hidrológico”.
Já a chefe do departamento de Hidrologia Nacional do Serviço Geológico do Brasil, Andrea Germano, também reforça que essa tecnologia do sensoriamento é essencial para medir a amplitude dos níveis dos rios e qual a quantidade de chuva - sobretudo em um bioma com dificuldade de acessibilidade em alguns pontos, na avaliação dela.“Temos a capacidade de prever com uma certa antecedência os eventos de chuva e também aferi-los na ocasião que estão ocorrendo”, detalha.