Belém é o quinto município brasileiro com o maior número absoluto de domicílios em ocupações
Esse e outros temas serão tratados em seminário virtual realizado, nesta quinta e sexta, pela UFPA
Além de vitimar milhares de pessoas na Amazônia brasileira e paraense, a pandemia também tem efeitos territoriais. E alguns territórios das cidades foram mais impactados do que outros. A vulnerabilidade está vinculada à fragilidade da infraestrutura. A carência, por exemplo, de saneamento ou de água tratada é um dos elementos que, de certa forma, contribuem para que não se tenha uma condição mais adequada para se proteger dos efeitos da covid-19. É o que afirmou, nesta quarta-feira (20), Jovenildo Cardoso Rodrigues, professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia e da Faculdade de Geografia do Campus de Ananindeua da Universidade Federal do Pará.
Ele está na coordenação do I Seminário Nacional sobre os desafios dos territórios do habitar e do morar nas cidades brasileiras e amazônicas. O evento tem como tema “Da financeirização do território ao direito à moradia”. O I Seminário Nacional do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Habitação e Moradia da Universidade Federal do Pará (Laham/UFPA) será realizado nesta quinta (21), começando às 9 horas, e sexta (22). As palestras e conferências terão transmissão ao vivo pelo Facebook e pelo YouTube do Laham/UFPA.
A programação, que será aberta e gratuita, objetiva estabelecer um diálogo entre pesquisadores, gestores públicos, estudantes de graduação e pós-graduação, assim como também a comunidade em geral interessada em refletir e entender sobre as dinâmicas territoriais do habitar e do morar, bem como os efeitos territoriais das políticas urbanas e habitacionais e as vulnerabilidades sócio-espaciais no contexto de pandemia, marcado, também, pelo processo de financeirização urbana.
Belém figura como quinto município brasileiro com ocupações
O professor Jovenildo Cardoso Rodrigues disse que, na escala metropolitana, Belém figura como o quinto município brasileiro com o maior número absoluto de domicílios em aglomerados subnormais – ou seja, favelas e ocupações. Em números, isso significa em torno de 225 mil domicílios vivendo em condições precárias, seja de infraestrutura urbana ou de saneamento básico. “Se a gente avaliar outros municípios metropolitanos na escala no território paraense, a gente vai identificar Ananindeua. Na faixa entre os 350 mil e os 700 mil habitantes, o município de Ananindeua se encontra em segundo lugar quando a gente considera o percentual de domicílio em aglomerados subnormais em relação ao total da população. Ou seja; Ananindeua tem cerca de 53% de domicílios considerados aglomerados subnormais – ou seja, favelas e ocupações. Dados muito significativos”, afirmou.
Dentro da faixa entre 100 mil e 300 mil habitantes, Marituba está em primeiro lugar em percentual de domicílios situados em aglomerados subnormais se a gente considerar a realidade brasileira: 61,2% da população desse município vive nessas condições. O público-alvo do seminário são discentes, docentes, pesquisadores das áreas de geografia, urbanismo, planejamento urbano, economia, do serviço social, mas também a comunidade em geral está convidada a participar. “O evento tem importância acadêmica, mas também tem importância para se refletir sobre ações públicas na construção de uma outra possibilidade de se vivenciar, de se conceber e pensar cidades sustentáveis e inteligentes”, afirmou. Sete instituições vão participar do evento: Universidade Federal do Pará, Universidade do Estado do Pará, Universidade Estadual Paulista, Universidade Federal do ABC, Universidade Federal Fluminense, Universidade Estadual do Ceará e Universidade Federal do Amapá.