Ararajubas do Parque do Utinga entram em 2020 com novo ninho
Ideflor-bio instalou abrigo para facilitar reprodução de aves na área de preservação
As ararajubas (Guaruba guarouba) do Parque Estadual do Utinga "Camillo Vianna" ganharam um ninho artificial para se adequarem melhor à estação das chuvas. A nova casa foi instalado em uma árvore de ucuúba (Virola surinamensis) da área de preservação do bairro do Curió-Utinga, em Belém. Situado ao lado da passarela que dá acesso à Casa da Mata, um dos espaços de visitação da Unidade de Conservação, o novo ninho auxiliará a acomodação de possíveis filhotes da espécie que venham a nascer após a próxima estação reprodutiva, que inicia no inverno amazônico.
Realizada semana passada, a instalação do novo ninho foi uma iniciativa da equipe técnica da Gerência de Biodiversidade, vinculada à Diretoria de Gestão da Biodiversidade (DGBio) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio). A ação contou com o apoio de uma equipe privada de passeios de aventura. A empresa cedeu pessoas e seus equipamentos de rapel e escalada para alcançar os quase 10 metros de altura onde ninho foi instalado.
Essa foi mais uma etapa do projeto "Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas em Unidades de Conservação da RMB - Belém Mais Linda!", realizado pelo Ideflor-bio, em parceira com a Fundação Lymington, de São Paulo. Os ninhos artificiais simulam árvores ocas, que servem de abrigo para a postura e o cuidado com os ovos e filhotes.
"O objetivo de colocar o ninho nas proximidades do viveiro, onde alguns indivíduos permanecem em treinamento, é facilitar a vida de um casal de ararajubas que escolheram o local para passar a noite. Elas exploram as redondezas durante o dia, mas sempre retornam para dormirem lá", pondera a gerente de Biodiversidade do Instituto, Nívia Pereira.
Reprodução em cativeiro
O projeto "Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas nas Unidades de Conservação da Região Metropolitana de Belém - Belém mais linda!" foi idealizado em 2016, por meio de uma parceria entre o Ideflor-bio e a Fundação Lymington, de São Paulo. Em 2017 foram construídos os aviários no Parque Estadual do Utinga. No mesmo ano, foram trazidos de São Paulo para o Parque, em Belém, o primeiro grupo formado por 14 aves, criadas em cativeiro. Em 2018, foi promovida a soltura de 20 indivíduos da espécie, sendo que uma delas nasceu a partir da reprodução livre, dentro do Parque.
De acordo com a gerente Nívia, cinco do total de 20 aves que foram soltas continuam morando no Parque. Já foi possível visualizar um grupo de quatro a cinco aves voando e colorindo os céus da capital paraense. As ararajubas são aves ameaçadas de extinção, incluídas tanto na lista estadual quanto federal. "A gente deixa comida disponível para que no pós-soltura alguns indivíduos permanecessem no Parque, por estarem mais protegidos aqui", ressaltou a gerente.
Com as vibrantes cores verde e amarela, a ave que é considerada símbolo do Brasil desapareceu da fauna da capital paraense entre as décadas de 40 e 50 devido à expansão da cidade, o desmatamento e o comércio ilegal de animais silvestres. O projeto surgiu justamente para reintroduzir promovendo a readaptação do animal silvestre no habitat amazônico. Elas se alimentam basicamente de frutas e vivem entre 20 a 40 anos (com informações da Agência Pará).