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Ararajubas ameaçadas de extinção voltam à natureza

Aves vivem processo de readaptação antes de serem soltas no Parque do Utinga

O Liberal

O primeiro grupo de ararajubas que passaram quase seis meses em processo de adaptação está prestes a ser integrado ao seu ambiente natural. O trabalho faz parte do projeto “Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas em Unidades de Conservação da Região Metropolitana de Belém”, realizado desde o ano passado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e Fundação Lymington (SP), que trouxeram o primeiro grupo desse tipo de ave no dia 7 de agosto de 2017, ocasião em que foram instalados dois viveiros de ambientação.

O trabalho é determinante para a preservação da espécie, visto que a ave está extinta na Região Metropolitana de Belém e se encontra na categoria de vulnerável (risco elevado de extinção na natureza em um futuro bem próximo) na lista nacional de espécies animais ameaçadas de extinção.

Durante o processo de adaptação, as ararajubas tiveram acesso a diversos alimentos encontrados no Parque, que compõe sua dieta na natureza, tais como açaí, muruci, caju, goiaba e maracujá. Sempre que possível, os alimentos foram oferecidos em cachos e ramos para que as aves reconhecessem as plantas posteriormente. Além do treinamento de alimentação, os animais foram incentivados a voar diariamente entre os viveiros, para garantir a manutenção de sua aptidão física. Foi observado que o comportamento em reação a predadores naturais foi sendo construído com o tempo, de forma que as aves já reconheçam as principais ameaças como cobras e gaviões.

Em ações de soltura conjunta de aves é comum que animais se percam do grupo. Deste modo, foram realizadas, nas últimas semanas, solturas experimentais apenas de um ou dois indivíduos por vez, buscando familiarizar estes com o espaço ao arredor do viveiro. A expectativa é esses indivíduos já treinados no reconhecimento da área sirvam como guias para os demais.

A reintrodução será um evento diferente das solturas tradicionais em que simplesmente se abrem gaiolas e os animais voam a esmo. O próprio viveiro será mantido aberto para que as ararajubas saiam quando quiserem e se sintam seguras para isso. Portanto, é normal que o processo seja gradual e não haja uma revoada do grupo como um todo.

Após esse evento, os animais poderão transitar livres pelo Parque. Por isso, será necessária a colaboração de todos os frequentadores da região para reportar o avistamento das ararajubas, para conscientizar as outras pessoas da necessidade de proteger essa espécie e da importância do retorno de um animal ameaçado ao seu habitat original.

A ararajuba, também conhecida como guaruba, é chamada de ave símbolo do Brasil por possuir as cores principais da bandeira nacional e porque só existe na região Norte. Ao lado dos desmatamentos, a caça pelo homem, que a considera um dos mais cobiçados troféus do mercado ilegal de aves, tem sido responsável pelo desaparecimento de grande quantidade delas.

Belém