Após ato de rodoviários, ônibus voltam a circular em Belém
Moradores relatam transtornos para chegar aos locais de trabalho. Paradas ficaram lotadas.
Várias linhas de ônibus na Região Metropolitana de Belém não circularam nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (23), devido a um ato dos rodoviários. Pessoas que usam o transporte coletivo diariamente relataram ter passado por transtornos para conseguir chegar aos locais de trabalho, estudo e outros compromissos. A circulação dos ônibus começou a voltar ao normal por volta de 7h, quando os participantes do ato retomaram a jornada de trabalho.
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“O protesto é contra a dupla função dos motoristas e contra a demissão em massa dos cobradores”, disse Ewerton Paixão, vice-presidente do sindicato da categoria. “É um protesto de alerta”, afirmou.
“Não somos contra a modernização da frota e, sim, contra a demissão e haverá novos protestos. Estamos abertos ao diálogo com o Setransbel (que representa as empresas de ônibus) e gestor municipal”, completou.
Transtornos
O vendedor Rodrigo Souza, de 43 anos, relata que gastou R$ 50 em um aplicativo de transporte para ele e a esposa conseguirem chegar ao local de trabalho. “Essa paralisação nos afetou bastante. De manhã, a gente teve que pegar um carro de aplicativo caro, eu e minha esposa. Do Tapanã até a Dom Romano Coelho deu R$ 50. Então isso já é bastante prejudicial, um transtorno de manhã. Esse dinheiro eu poderia usar para outra coisa, ajudar na despesa de casa. Só para ter uma ideia, no meu trabalho, quando está bom, a gente consegue fazer 100, 150 reais. Ou seja, só hoje já perdi R$ 50. Eles deviam ter avisado com antecedência e não nos pegado assim, de surpresa”, desabafa o vendedor.
Outra trabalhadora que contou sobre os gastos extras e o problema para chegar a um compromisso pela manhã foi Antônia Santos, de 41 anos. “Essa paralisação me afetou muito porque eu fui pega de surpresa. Eu estava com um compromisso às 7h30, tive que sair muito mais cedo de casa e vim tipo ‘pulando’ de ônibus. Consegui pegar um ônibus que ainda passou lá em Ananindeua e vinha aqui para o centro de Belém. Aí eu desci no Castanheira, peguei uma van para cá, para São Brás. Daqui que eu consegui pegar outro ônibus pro meu compromisso. E na van ainda paguei R$ 5. Um gasto que não estava no meu orçamento. No total, até agora, eu gastei R$ 13. Em um dia comum, seria só os 4,60 de uma passagem”, afirma a passageira.
Nota do Setransbel
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) comunicou em nota que "reafirma seu compromisso com a modernização do transporte coletivo urbano, um processo essencial para garantir mais segurança, eficiência e qualidade no atendimento à população da capital e da Região Metropolitana".
Segundo a Setransbel, a digitalização do pagamento da tarifa já é realidade em diversas capitais brasileiras, como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Goiânia, Curitiba, Belo Horizonte, entre outras. "A eliminação do uso de dinheiro em espécie nos ônibus traz benefícios diretos à população, como a redução de assaltos e a maior agilidade no embarque", disse.
"A paralisação parcial registrada nesta terça-feira foi recebida com surpresa. É importante esclarecer que a transição para sistemas automatizados de cobrança não representa demissões em massa. Conforme previsto na Convenção Coletiva de Trabalho 2024/2025, o SETRANSBEL contribui financeiramente com os sindicatos dos trabalhadores da categoria para que realizem programas de capacitação e requalificação. Esses recursos asseguram novas oportunidades a todos os profissionais, incluindo os cobradores, em funções operacionais e administrativas dentro do próprio sistema. O papel desses trabalhadores continua sendo valorizado em um transporte coletivo mais moderno, inclusivo e sustentável", comentou.
O Setransbel finalizou dizendo que "segue aberto ao diálogo, buscando sempre o equilíbrio entre inovação tecnológica e o respeito aos profissionais que atuam diariamente na mobilidade urbana".