Amazônia em evidência: ciência, jornalismo e o papel do Pará na COP 30

Representantes de instituições de pesquisa da Amazônia falam sobre a importância da divulgação científica, especialmente às vésperas da COP 30 em Belém

Gabriel da Mota

Com a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) marcada para ocorrer em Belém daqui a um ano, a atenção global se volta à Amazônia e às questões ambientais e climáticas que definem o futuro do planeta. Neste contexto, a divulgação científica se torna uma ferramenta crucial para posicionar a região como protagonista na busca por soluções sustentáveis. Veículos como o jornal O LIBERAL, especialmente com a plataforma bilíngue Liberal Amazon, ganham destaque ao traduzir a produção científica regional para o Brasil e o mundo, ajudando a moldar um debate informado e acessível.

A Universidade Federal do Pará (UFPA) está na linha de frente desse esforço. Para o reitor Gilmar Pereira da Silva, a COP 30 representa uma oportunidade única de mostrar ao mundo o que a ciência amazônida tem a oferecer. “A nossa expectativa é que não apenas o principal do que a UFPA realiza tenha maior visibilidade, mas também que as nossas questões, nossos problemas e, principalmente, nossas soluções sejam vistas e respeitadas planetariamente”, afirma.

A UFPA aposta em iniciativas como o Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica (Cisam), que reúne 13 instituições federais de pesquisa e atua em oito eixos temáticos voltados à sustentabilidade. “A intenção do Cisam é a formação de uma rede robusta que coproduz soluções socioambientais e promove ações inclusivas, com os amazônidas no centro das pautas”, explica Gilmar. Durante a COP, a Universidade pretende sediar um fórum reunindo lideranças científicas e organizações sociais para destacar a conexão entre ciência e sociedade.

image Reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva (Ivan Duarte / O Liberal)

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amazônia Oriental também terá papel relevante nos debates da COP 30. Segundo Walkymário Lemos, chefe-geral da instituição, a Embrapa já trabalha em modelos de sistemas agroflorestais e métricas para quantificar emissões de carbono, demonstrando que a produção sustentável é possível e essencial. “Nosso foco é mostrar para o mundo que temos sistemas eficazes para produzir alimentos e conservar nossos territórios e florestas”, declara.

Para Lemos, a divulgação científica é essencial para traduzir os avanços tecnológicos e ambientais para o público em geral.

“O jornalismo é essa ponte de conexão, um tradutor do que a ciência gera para uma melhor compreensão da sociedade. Defendo que nenhuma sociedade do mundo se desenvolve sem intervenção científica, e no caso da agropecuária, isso é evidente”, ressalta.

image Walkymário Lemos, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental (Ronaldo Rosa / Embrapa)

A parceria com o Grupo Liberal, especialmente com o Liberal Amazon, é vista como estratégica. “Parabenizamos essa iniciativa, que permite à ciência produzida na Amazônia ultrapassar os limites da região, mostrando que ela tem qualidade e competitividade internacional no mesmo nível das melhores instituições do mundo”, completa Lemos.

Liberal Amazon

Com quase 160 anos de história, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) é um dos maiores centros de pesquisa da Amazônia e parceiro de longa data do Liberal Amazon. Segundo o diretor Nilson Gabas Júnior, a plataforma bilíngue tem ajudado a amplificar a divulgação de pesquisas cruciais sobre biodiversidade, mudanças climáticas e populações tradicionais.

“O Liberal tem sido um bastião da divulgação científica, e iniciativas como essa são fundamentais para mostrar ao mundo a capacidade da Amazônia de oferecer respostas embasadas às questões globais”, afirma Gabas. Ele destaca que a ciência é a base para a formulação de boas políticas públicas e defende que a COP 30 seja um marco na valorização do conhecimento científico.

“Queremos que a ciência deixe de ser negada e passe a ser reconhecida como portadora de alternativas para o mundo. A COP é uma oportunidade de mostrar como a pesquisa pode mitigar mudanças climáticas e apoiar o desenvolvimento sustentável das populações que vivem nas florestas tropicais”, acrescenta.

image Nilson Gabas, diretor do Museu Goeldi (Adriano Nascimento / especial para O Liberal)

Desde sua criação, o Liberal Amazon tem desempenhado um papel fundamental na divulgação do conhecimento produzido na Amazônia. A plataforma bilíngue, voltada para públicos nacionais e internacionais, se consolidou como um espaço de diálogo entre ciência e sociedade. “A Amazônia precisa ser ouvida. Nada pode ser deliberado sobre a região sem a participação e o protagonismo claro das populações locais”, afirma o reitor da UFPA.

Para o Museu Goeldi, a plataforma ajuda a traduzir o complexo universo científico em conteúdos acessíveis. “Muitas pessoas não sabem que pesquisas com o açaí começaram há mais de 20 anos em parceria entre o Museu e a Embrapa. Hoje, o fruto é parte essencial da economia local e global. Divulgar isso é mostrar o impacto direto da ciência no cotidiano das pessoas”, exemplifica Gabas.

O desafio de conectar ciência e público

Embora o Pará tenha instituições científicas de excelência, o alcance das pesquisas ainda enfrenta barreiras. Para Lemos, da Embrapa, o jornalismo local tem um papel crucial na ampliação desse alcance. “Precisamos de parcerias estratégicas com meios de comunicação confiáveis, como o Grupo Liberal, para levar a ciência amazônica ao mundo. É um casamento perfeito entre jornalismo de credibilidade e ciência de qualidade”, avalia.

Gabas, do Goeldi, ressalta a necessidade de investimentos em recursos humanos e infraestrutura para que a divulgação científica seja ainda mais eficiente. “Temos pós-graduações, pesquisadores premiados e avanços significativos em diversas áreas, mas precisamos de mais pessoas capacitadas para transformar conhecimento científico em informação acessível”, aponta.

Oportunidades e legado da COP 30

A COP 30 promete ser um divisor de águas para a ciência e o jornalismo na Amazônia. Para todos os entrevistados, o evento é uma chance de mostrar que a região não é apenas um símbolo de biodiversidade, mas também um centro de produção científica de relevância global.

“É nossa responsabilidade levar ao mundo a mensagem de que a Amazônia é feita por amazônidas, que têm soluções concretas para os desafios climáticos e socioambientais”, conclui o reitor da UFPA.

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