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Agricultores familiares recuperam áreas em Tomé-Açu

Ação envolve 55 famílias de agricultores  20 localidades para a recuperação de 65 áreas alteradas.

Eduardo Rocha

Um projeto de restauração florestal no Município de Tomé-Açu, mobilizando agricultores familiares, começa a sinalizar com bons frutos em prol da manutenção de ecossistemas para a produção de alimentos e geração de renda. A iniciativa reúne o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), a Conservação Internacional (CI-Brasil) e 55 famílias de agricultores familiares de 20 localidades para a recuperação de 65 áreas alteradas.

Edivan Carvalho, técnico em Agropecuária e biólogo, atua como analista de Pesquisa e coordenador estadual do Pará. Ele informa que a ação em foco intitula-se Projeto Restauração Florestal: Sistemas Agroflorestais e Regeneração Natural em Tomé-Açu. O projeto foi iniciado em novembro de 2020 e visa apoiar famílias da zona rural de Tomé-Açu a implantarem um sistema de restauro produtivo de áreas degradadas por meio de Sistemas Agroflorestais - SAFs e regeneração natural, visando gerar produtos alimentícios, florestais, além de contribuir com a integridade do meio ambiente nas propriedades rurais.

O projeto começou a partir da formação de um grupo de apoio formado por entidades e instituições locais e estaduais parceiras. Em seguida, houve a seleção das famílias beneficiárias, seguido de um diagnostico socioeconômico e elaboração de um plano de restauro, emissão de licenciamento ambiental das áreas. Agora, as famílias estão recebendo insumos para o apoio aos sistemas de restauro e serviço de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) individual e coletiva em forma de capacitações e dias de campo.

"Todo o monitoramento é feito de forma participativa, e, ao final do projeto, será realizado um seminário técnico para discutirmos resultados e desafios do restauro produtivo naquela região", repassa Edivan. As famílias recebem assistência técnica regular e um recurso para adquirir insumos, serviços ou equipamentos para contribuir com a implantação da área, sendo a mão-obra, contrapartida das famílias.

Segurança alimentar

"Com o restauro das áreas degradadas com SAFs, o projeto pretende contribuir para que serviços ecossistêmicos, nas suas diferentes categorias, sejam viabilizados direta e indiretamente e que diferentes tipos alimentos e produtos florestais sejam produzidos na área a curto, médio e longo prazo contribuindo com a segurança alimentar e com a renda das famílias envolvidas", observa Edivan.

O IPAM, como destaca o coordenador estadual, historicamente, vem desenvolvendo na Amazônia ações que promovam sistemas produtivos mais diversificados e que contribuam para recuperação de áreas degradadas. "Temos projetos em andamento no Pará e Mato Grosso e em breve iniciaremos ações visando o restauro produtivo no Estado do Maranhão também. Especificamente na região do Vale do Acará estamos avaliando a possibilidade de ampliação do projeto para outros municípios. Essas ações visam alinhar, colaborar e apoiar a Década da Restauração de Ecossistemas (2021-2030), declarada pela ONU", acrescenta.

O projeto foi idealizado por meio de parceria entre IPAM e CI- Brasil para contribuir com a redução do passivo ambiental de Tomé-Açu e fortalecer a estratégia produtiva da região.

São 55 famílias de agricultores familiares de 20 localidades e com diferentes perfis. "Temos famílias que já possuem uma boa experiência com a atividade de SAFs, enquanto outras iniciaram recentemente a desenvolver a atividade; estão em diferentes níveis de desenvolvimento socioeconômico, todos declararam interesse em implantar SAFs como estratégia econômica e ambiental de desenvolvimento dos seus lotes", pontua o técnico.

As localidades no projeto são: Boa Vista, Bodega, Bragantina, Canindé, Curunuma, Flechar, Igapó Açu, Jamic I, Km 18, Km 22, Km 27, Km 34, Km 40, Km 42, Nova Regeneração, Maçaranduba, Marupauba, Miritipitanga, Santa Maria, São Cristovão e Ubim.

A intenção do IPAM é apoiar agricultores familiares para restaurar 65 hectares de áreas alteradas e contribuir com a regularização ambiental das propriedades em 20 comunidades rurais de Tomé-Açu. As ações serão realizadas até outubro de 2022.

O IPAM apoia e executa diversas ações de restauro no Pará, entretanto, o projeto em questão está sendo desenvolvido exclusivamente em Tomé-Açu, e essa escolha se deu em função da área de passivo ambiental existente no município e pelo perfil produtivo da região.

No Pará, todos os projetos de restauro desenvolvidos pelo IPAM contam com uma rede de parceiros como a Semas, Sedap, Ideflor-Bio, Ceplac, Embrapa e Emater Pará. O projeto em andamento em Tomé-Açu conta com o apoio da Semagri, Semma e Emater Tomé-Açu. "O poder público estadual e os poderes públicos municiais são fundamentais para a ampliação das iniciativas de restauro. É caro e trabalhoso promover o restauro produtivo. A Amazônia ainda carece de infraestrutura para o restauro e o poder público é fundamental em fornecer essas estruturas", observa Edivan Carvalho.

Parte das famílias beneficiadas em Tomé-Açu, atualmente, trabalha com a produção de culturas anuais e outra parte possui áreas de frutíferas, pimenta do reino e/ou dendê.

Nos SAFs não há uma “receita pronta”, cada sistema deve ser implantado de acordo com o perfil, capacidade e disponibilidade de recursos das famílias. De maneira geral, os SAFs que estão sendo implantados em Tomé-Açu possuem um arranjo produtivo que na sua fase adulta terá de 2 a 3 espécies frutíferas e diversas florestais. Durante toda a fase dos sistemas, devem ser introduzidas nas áreas: mandioca, milho, feijão, melancia, maracujá, banana, cacau ou cupuaçú, açaí, pimenta do reino , bacuri, castanha do pará, taperebá, bacabi, andiroba, ipê, cumaru, feijó e outros.

Belém