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Belém pode ganhar parque urbano na área do Aeroclube

Interesse do Governo do Estado pela área do Aeroporto Brigadeiro Protásio está em análise pela Secretaria de Aviação Civil

João Thiago Dias

O sonho de tranformar a área do Aeroporto Brigadeiro Protásio, onde também funciona o Aeroclube do Pará, no bairro da Sacramenta, em Belém, em um parque, vivido há 30 anos pelo engenheiro, administrador e professor belenense Nelson Chaves, ganhou força neste mês. Isso após o Governo do Estado do Pará pedir à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e à Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República a integração da área, que tem mais de 900 mil metros quadrados, ao planejamento de Belém, para, assim, transformá-la em um grande parque.

Segundo o engenheiro, que também é ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado e conselheiro decano da Corte, o objetivo seria homenagear a própria cidade com o nome "Parque de Belém".

O primeiro argumento para a proposta, elaborada em 1989, contextualiza a crescente urbanização, pois o Aeroclube ficou praticamente no coração da cidade, representando, segundo ele, riscos tanto para a população quanto para os voos que já são limitados, na medida em que não opera no período noturno.

 

 

"Já são antigos os questionamentos porque o Aeroclube está cercado de urbanização intensa. Área verde só ali no Bosque Rodrigues Alves. Não é para extinguir a atividade do aeroporto. Mas, sim, para encontrar uma solução correta para que essa atividade possa ser transferida para outro local da Região Metropolitana de Belém (RMB)", sugeriu Nelson.

Ele lembra que os parques promovem de forma significativa a inserção social, valorizam as áreas onde estão inseridos, preservam o meio ambiente e melhoram as condições de vida da população. A ideia toma como exemplos os Parques do Ibirapuera e Villa Lobos, em São Paulo, Central Park, em Nova Iorque, Hyde Park, em Londres, dentre outros."Além da localização inadequada para pouso e decolagem, já ficando sitiada por causa da urbanização, outra argumentação que podemos utilizar é que Belém , como quase todas as nossas cidades, cada vez mais, carece de áreas verdes. Essa área seria um novo pulmão para a cidade, medindo aproximadamente 60 hectares. Qual cidade capital que ainda dispõe de uma área dessa que pode ser arborizada com todas as vantagens?", destacou.

Para Nelson, um parque urbano em Belém, além de abrigar atividades esportivas e recreativas e possibilitar que a população tenha possa confraternizar, permitirá a recuperação ambiental da área com o replantio de mudas da flora amazônica, ampliando a cobertura vegetal da região central, além de melhorar o conforto térmico da cidade e recuperar a fauna.

Nelson também destaca que o parque está atrelado ao direito de lazer da população, garantido nos artigos 6º, 7º, 217º e 227º da Constituição Federal.

"Entra no aspecto da saúde também. Os escritórios, especialmente os psiquiátricos, são lotados por conta do estresse e falta de atividade. Tem a ver com a saúde coletiva, para que idosos, crianças, pessoas com necessidades especiais e outros possam viver em condição de conforto como a Constiuição assegura".

PLANOS DO ESTADO PARA A ÁREA DO AEROPORTO

Durante reunião realizada dia 11 de junho, em Brasília, o governador Helder Barbalho reforçou à Infraero e à Secretaria de Aviação Civil a importância de abrir o espaço de mais de 900 mil metros quadrados a uma utilização mais adequada, de modo a proporcionar ambiente de lazer e de mobilidade urbana. As operações que hoje são feitas ali passariam a ser feitas no próprio Aeroporto Internacional de Val de Cans, também na capital paraense.

O governador também reconheceu que a permanência do Aeroclube nas condições atuais não interessam nem sob o aspecto econômico para a Infraero nem para o planejamento de crescimento da capital. Durante a reunião, foi pontuado que a capital não possui uma demanda que justifique a manutenção de dois aeroportos, ainda mais sendo um tão fisicamente próximo ao outro, ao que Helder confirmou o prejuízo do Aeroporto Brigadeiro Protásio de R$ 2 milhões anuais à Infraero.

Os serviços atualmente em operação no Aeroclube, de táxi aéreo, monomotor, bimotor, aeromédico e transporte de valores, se confirmada a mudança, passariam a ocorrer pela parte da manhã em Val de Cans, que tem um movimento praticamente nulo entre as 7h e o início da tarde. Além disso, Helder antecipou a intenção de criar, mais à frente, um novo aeroclube, na RMB, de modo que as operações em Val de Cans seriam temporárias.

INFRAERO

Em nota, a Infraero informou que recebeu a demanda do Governo do Estado do Pará sobre a viabilidade de alteração nas operações do Aeroporto Brigadeiro Protásio e esclareceu que o assunto está em fase de estudos.

SECRETARIA DE AVIAÇÃO CIVIL

A Secretaria de Aviação Civil informou que o plano do Governo Federal é incluir o Brigadeiro Protássio, atualmente sob a gestão da Infraero, na 7ª rodada de concessão, com leilão previsto para 2022.

"O Governo do Estado demonstrou interesse em dar outra destinação àquela área. O pleito será oportunamente submetido à Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), que analisará a viabilidade e os impactos com base no Plano Aeroviário Nacional (PAN)", detalhou em nota.

O Liberal