Delícias com sabor de viagem e de história

Rodrigo Vieira e Érica Castro
image (Canva)

Não só de pão vive o ser humano, não é mesmo? Algumas delícias gastronômicas que fazem parte do nosso cotidiano ou imaginário têm origem mundo afora. Pratos e guloseimas típicos de países como Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Itália e França estão na mesa e no paladar dos brasileiros. O Bagagem separou cinco sabores para você viajar e se inspirar.

• Pastel de Belém

Eleito, em 2011, como uma das Sete Maravilhas Gastronômicas de Portugal, começou a ser produzido ainda em 1837, no Mosteiro dos Jerónimos, no bairro do Belém, em Lisboa. Daí, o nome. O doce surgiu de uma necessidade real: aproveitar as gemas que sobravam da produção de hóstias e dos ovos usados para engomar toalhas de mesa e peças de roupa.

image Pastel de Belém, uma das Sete Maravilhas Gastronômicas de Portugal. (Canva)

Passaram-se mais de 180 anos e a forma de fazer os autênticos pastéis de Belém [só podem ser chamados assim os que são produzidos lá. Os demais são pastéis de nata] continua sendo praticamente a mesma e mantida sob sigilo. Até hoje, apenas um seleto grupo de mestres pasteleiros tem acesso à receita original, no que se convencionou chamar de Oficina dos Segredos.

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• Chocolates Ghirardelli

Além de atrações mais conhecidas como a Golden Gate Bridge, a penitenciária federal de Alcatraz [que teve hóspedes ilustres como Al Capone] e os tradicionais bondinhos, San Francisco tem muito mais a oferecer. Se você é fã de chocolate, não pode deixar de conhecer a Ghirardelli Square.

image Loja na Ghirardelli Square. Foi o fundador da marca quem teve a ideia de inserir açúcar no chocolate. (Rodrigo Vieira)

Por muitos anos, a praça abrigou a fábrica da famosa chocolateria, inaugurada em 1852 pelo italiano Domingo Ghirardelli. Hoje, tornou-se um complexo com lojas, restaurantes e, claro, uma mega store da marca onde se pode comprar chocolates, cookies e sorvetes.

image Ghirardelli Square, San Francisco, Califórnia. (Rodrigo Vieira)

• Floresta Negra

Certamente, você já deve ter provado esta tradicional torta. Agora, sabe a origem e o porquê da sobremesa se chamar assim? Em 2018, o Bagagem de Bolso esteve em uma pequena confeitaria de Freiburg, cidade medieval alemã no estado Baden-Württemberg, onde fica a célebre Floresta Negra [sim, ela existe!], cenário de diversos contos infantis dos irmãos Grimm. Lá, degustou uma receita original e deliciosa da torta e ouviu duas versões sobre a criação da sobremesa. 

A primeira sugere que foi no século XIX. As cores teriam sido inspiradas nos figurinos usados na época pelas jovens solteiras da região. O chantilly branco seria uma referência à cor da manga dos vestidos. Já o chocolate, uma alusão ao corpo das roupas. As cerejas representariam o bollenhut, chapéu com bolas vermelhas que indicavam o estado civil das mulheres. A tradição era as moças oferecerem o bolo [ou torta] a seus pretendentes. 

A outra versão, menos romântica, garante que a Floresta Negra teria sido criada em 1915, por Josef Keller. O confeiteiro teria servido o bolo pela primeira vez no Café Ahrend, em Bad Godesberg [hoje, distrito de Bonn], no oeste da Alemanha, cerca de 450 Km da Floresta Negra [a floresta real mesmo]. Um de seus aprendizes teria guardado a receita original, que hoje está numa confeitaria em Triberg, a pouco mais de 56 Km de Freiburg. Uma coisa é certa: foi a melhor Floresta Negra que comemos na vida!

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• Fettuccine Alfredo

A receita, que leva queijo parmesão e manteiga, foi feita pela primeira vez, em 1908, pelo cozinheiro italiano Alfredo Di Lelio. A história conta que o prato surgiu devido à esposa de Alfredo, Inês, começar a ter anorexia após o parto. Para reabilitar a saúde da amada, Alfredo foi à cozinha e voltou com uma irresistível porção de fettuccine artesanal, de sêmola de grano duro, em molho cremoso à base de manteiga e parmesão. “Se não te agrada, diga-me imediatamente, porque eu como”, provocou o marido. Bastou olhar o prato para que Inês recuperasse o apetite.

Também há quem diga que Alfredo não inventou a receita. E que teria apenas adaptado um antigo prato romano, o fettuccine al triplo burro [três vezes manteiga]. Porém, o prato fez muito sucesso no restaurante dele após ter sido acrescentado no menu. Até hoje, personalidades e viajantes do mundo todo vão ao célebre restaurante Alfredo alla Scrofa, em Roma, provar essa incrível receita. Por falar nisso, vai um Fettuccine hoje?

image Fettuccine Alfredo: receita original pode ser degustada no restaurante Alfredo alla Scrofa, em Roma. (Canva)

• Macarons

É massa, mas não é pizza nem macarrão, e sim um pequeno biscoito feito com farinha de amêndoas, granuloso e molinho, de forma arredondada, de três a cinco centímetros de diâmetro em média. 

Apesar de ser uma especialidade francesa, o nome macaron é de origem árabe, sendo também  conhecido e consumido na Síria com o nome de louzieh [que significa amêndoa]. Na Itália, o nome é macaroni ou maccherone e tem como ingrediente principal a pasta de farinha de amêndoa.

image Sinônimo de sofisticação, os macarons ganharam novos sabores e recheios. (Canva)

Acredita-se que o macaron foi introduzido na França em 1533, graças à Catarina de Medici, que se torna rainha ao se casar com Henrique II. François Rabelais é o primeiro grande escritor francês a citá-lo, em 1552.

A história do biscoito diz que a receita era mantida em segredo, atendendo apenas aos desejos da nobreza. E que as primeiras a fazerem a iguaria foram as irmãs do convento Saint-Sacrement, da cidade de Nancy. Após a Revolução Francesa, em 1789, as congregações religiosas passaram a produzir macarons fora dos conventos. Daí então, os pequenos biscoitos ganharam novas cores e sabores e passaram a marcar presença nos eventos mais sofisticados.

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