OAB/PA apoia protagonismo feminino contra o preconceito de gênero
Vice-presidente da Ordem dos Advogados, Seção Pará (OAB/PA), Luciana Gluck Paul, ressalta que o enfrentamento não se restringe ao âmbito profissional
A crescente ocupação de espaços de liderança por mulheres é um dos principais pilares para a quebra de barreiras e de preconceitos de gênero. Com uma atuação de destaque em prol da luta social na Amazônia, a vice-presidente da Ordem dos Advogados, Seção Pará (OAB/PA), Luciana Gluck Paul, ressalta que o enfrentamento dessas questões não se restringe ao âmbito profissional, mas a todas as mulheres. Neste sentido, a advogada, que possui 20 anos de carreira, afirma que o papel desempenhado pela OAB/PA é fundamental na defesa dos direitos de todos e todas.
De que forma a senhora avalia que a representação feminina à frente de instituições como a OAB pode influenciar a prática jurídica e a cultura profissional na Amazônia?
A presença da mulher nos espaços de liderança cria a cultura de que a competência não tem gênero, de que qualquer pessoa pode ocupar os espaços de poder. Com isso, há a consolidação de uma cultura profissional na Amazônia de que não importa o gênero no ato da contratação de um profissional para prestação de serviços advocatícios, pois passa-se a respeitar o resultado alcançado, não considerando a diferença de gênero.
Ao longo desses 92 anos, como a entidade tem se posicionado em relação às questões sociais emergentes da sociedade?
É por sua atitude frente às diversas pautas enfrentadas ao longo dos seus 92 anos que a OAB é a organização civil mais respeitada no Brasil, estando presente em todos os momentos políticos, econômicos e sociais de cada região. O posicionamento da OAB sempre é pautado sob a imparcialidade partidária, considerando os preceitos constitucionais e infraconstitucionais, primando em toda a oportunidade em defender os direitos humanos.
Em quais frentes de luta social as mulheres advogadas têm tido um papel mais ativo no Estado? Cite alguns exemplos de como a atuação desses profissionais tem contribuído para avanços significativos em direitos humanos e justiça social no Pará e na Amazônia?
A Comissão das Mulheres e Advogadas - CMA da OAB/PA constitui uma relevante frente de luta social na Amazônia, enfrentando questões que atingem não só os direitos das advogadas, mas também das mulheres de uma forma geral, independente da profissão escolhida.
Não há como falar em dignidade enquanto uma mulher sofrer assédio em razão de seu gênero! E isso é violação aos direitos humanos. O enfrentamento desta questão consiste na luta constante pela justiça social em nossa região. Outra pauta muito discutida por meio de inúmeras ações pela CMA e por outras frentes da OAB/PA é a da violência doméstica, que atinge tanto as mulheres como as crianças e adolescentes que vivenciam a situação.
“Não há como falar em dignidade enquanto uma mulher sofrer assédio em razão de seu gênero! Isso é violação aos direitos humanos” - Luciana Gluck Paul - vice-presidente da OAB/PA
Quais os desafios a serem superados na prática jurídica na região? Quais as perspectivas de futuro?
De uma forma geral, penso que os nossos desafios relacionados à prática jurídica na região da Amazônia perpassam pela dificuldade geográfica de nosso Estado, tendo em vista o tamanho do nosso território que, muitas vezes, é um argumento para justificar a ausência de servidores do judiciário em determinadas comarcas, o que é extremamente prejudicial ao desenvolvimento de uma região que precisa ter seus julgados solucionados por pessoas que residem naquela localidade. A perspectiva do presente e do futuro é que a advocacia cada vez mais se aproprie das técnicas de resolução consensual de conflitos e passe a apresentar tais meios a seus clientes, deixando para recorrer ao judiciário apenas nos casos em que não haja outro caminho a seguir.