Gisely Avelar: Pesquisas promovem a inclusão de pessoas com TEA

Estado do Pará é referência nacional em políticas públicas para o autismo

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A busca por informações e por uma avaliação multiprofissional para entender melhor o Transtorno do Espectro Autista (TEA) vêm crescendo em todo o mundo. No Pará, a conscientização sobre o TEA ganhou lugar central nos esforços para combater estereótipos e promover a inclusão. A terapeuta ocupacional Gisely Avelar comenta os avanços e a importância da educação, da difusão de conhecimento e das pesquisas sobre o tema na região.

Quais os avanços recentes nos estudos sobre o TEA no estado?

Academicamente, no Pará, existe um Núcleo de Pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA) que sempre pesquisou sobre autismo. Ele é uma referência nacional em análise do comportamento. Mas, hoje, com a pulverização do tema, outros programas estão surgindo e esse é o objetivo.

Quais são as principais áreas de pesquisa nas quais o Pará tem se destacado?

A análise do comportamento é a maior. Mas, temos também um foco para o ensino (área da educação) e a saúde em geral.

Como surge a sua relação com essa área de pesquisa?

Sou mãe de uma criança com TEA e isso também impulsionou meu interesse. Como professora do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e por ter a certificação internacional em integração sensorial, eu aprovei esse ano um PIBIC para estudar seletividade alimentar. Esse tema no TEA muito me interessa, pois é uma das maiores queixas das famílias que passam por avaliação e/ou reabilitação.

Como estudiosa da área e também mãe de uma criança com TEA, como você observa esse cenário hoje? Há maior compreensão do tema? Maiores recursos?

Observo maior conhecimento. Hoje não é mais um tabu ser uma pessoa no espectro autista e a compreensão de diversidade de níveis de suporte ajuda bastante nisso. As maiores dificuldades ainda são o diagnóstico precoce e o acesso às terapias, principalmente para quem acessa apenas o SUS ou ainda a saúde suplementar. Tem uma demanda reprimida de muitos anos que não foi olhada com o devido cuidado.

Mas também atuei na Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo e vi de perto a luta da equipe e do governo do Estado para mudar essa realidade. Hoje, o Estado do Pará é referência nacional em políticas públicas para o autismo e isso precisa ser valorizado. Acredito que, em médio prazo, veremos muito mais pelo Brasil. A educação também é um nó. Talvez caminhe em passos mais lentos do que a saúde, mas acredito que cada dia mais, tijolo por tijolo, essa realidade vai mudar.

Quais são os desafios específicos enfrentados pelos pesquisadores que estudam o TEA no Pará, em comparação com outras regiões e países?

Por conta da regionalidade, transpor ou adaptar os conhecimentos à realidade da pessoa com TEA na Amazônia não é sempre a mesma coisa que falar da criança estadunidense, pois lá é um local forte de pesquisa em TEA.

Nos últimos anos houve uma maior veiculação de matérias sobre o assunto pela mídia. Essa “publicidade” contribui de que maneira?

Essa disseminação é fundamental. Favorece o diagnóstico precoce e o início precoce do tratamento. Isso é fundamental para os ganhos no desenvolvimento global e no tratamento.
 

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