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César Eduardo Fernandes: AMB protege profissionais e o direito à saúde de qualidade

Sociedade sem fins lucrativos defende formação médica em boas escolas

A Associação Médica Brasileira (AMB) é uma sociedade sem fins lucrativos fundada há mais de 70 anos, em janeiro de 1951. Sua missão é defender a dignidade profissional do médico e saúde de qualidade para a população. O presidente da AMB, César Eduardo Fernandes, avalia o cenário da Saúde na Amazônia e no Brasil.

Qual é o papel da AMB na promoção da assistência médica de qualidade no Brasil?

A AMB não é formuladora de programas de assistência médica. A formulação desses programas de assistência médica no Brasil, particularmente do Sistema Único de Saúde, é de responsabilidade dos governos, nas suas diferentes esferas, federal, estadual e municipal. A nós, na AMB, cabe criar diretrizes a respeito da assistência médica e isso fazemos com competência através das nossas 54 sociedades de especialidade. Ao mesmo tempo, nos cabe avaliação crítica das políticas formuladas, no sentido de buscar com que elas tenham perfeita adequação com a realidade vista em nosso país. Nesse sentido, entendemos que temos que ter políticas de estado definitivas e não políticas de governo para assistência médica. As políticas de governo para assistência médica podem, ainda que bem intencionadas, refletir apenas o entendimento do governo que está em vigência, mas podem ser totalmente mudadas pelos governos que se sucedem.

Considerando a vasta extensão da Amazônia, quais são os principais desafios enfrentados pelos profissionais de saúde que trabalham nessa região?

A nossa juízo, a juízo da AMB, os principais desafios enfrentados por esses profissionais são, primeiro, o isolamento geográfico que eles têm; o desincentivo para políticas de fixação de médicos nessas regiões; as decisões efêmeras através das quais esses médicos são alocados nesses lugares; e a falta de perfeita integração das unidades de assistência básica, das unidades de média complexidade e das unidades de alta complexidade. Além do mais, acreditamos que para esses locais devem ir os médicos mais competentes, porque eles teriam capacidade resolutiva para bem resolver esses problemas e, portanto, precisam ser médicos adequadamente selecionados, adequadamente remunerados. A continuidade também deve ser incentivada, não priorizados os contratos com duração efêmera, como as atuais políticas de saúde propõe.

Como a AMB vê o futuro da saúde no Brasil?

Estamos muito preocupados com o futuro da saúde no Brasil. A saúde passa, necessariamente, por boa assistência médica. E a boa assistência médica depende de vários profissionais de saúde, não se faz por um único profissional de saúde. E nós estamos preocupados com o médico que estamos formando. Formamos médicos em boas escolas que nós temos no Brasil, muito qualificados, mas esse número abusivo e irresponsável de escolas médicas que foram abertas no Brasil traz uma formação médica absolutamente deficitária. Isso não resolverá o nosso problema. É uma visão completamente míope do problema. Nós precisamos de mais médicos qualificados e resolutivos. De nada adianta você ter um número maior de médicos se eles não são qualificados, se não resolvem o problema. Temos que atestar a competência desses médicos. Competência não pode ser apenas presumida. Precisa ser comprovada. Nos preocupa o que vai acontecer nos próximos 5, 10, 15, 20 anos, se continuarmos a insistir por esse caminho. Recentemente, o Ministério da Saúde lançou um edital convocando a abertura de 95 escolas médicas sobre um total de quase 400 escolas médicas que já existem. Ou seja, chegaremos ao absurdo de ter aproximadamente 500 escolas médicas no Brasil. Faz com que não possamos ser otimistas em relação ao futuro da saúde no Brasil.

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