O Liberal nasceu e se desenvolveu em meio a profundas transformações na economia brasileira
Nesse período, surgiu a nossa indústria, enfrentamos recessões e diversos planos econômicos foram implantados
A década de 40 do século passado - período em que o jornal O Liberal nasceu - testemunhou profundas transformações na economia brasileira. O nosso processo de industrialização, por exemplo, foi intensificado nessa década, principalmente por conta do primeiro governo do presidente Getúlio Vargas, que durou de 1930 a 1945. Vargas direcionou forças para abrir empresas públicas, privilegiando a indústria pesada, ou seja, aquela que transforma a matéria-prima e fabrica bens de grande porte. Assim, nesse momento, foram construídas, por exemplo, a Companhia Siderúrgica Nacional, em 1941; a Companhia do Vale do Rio Doce (1942) e a Fábrica Nacional de Motores (1942).
“Nesse caso, o contexto exterior também ajudou, pois era complicado importar máquinas num momento em que os países europeus se preparavam para a segunda guerra mundial. Ao fim do conflito, em 1945, a Europa estava devastada e o governo brasileiro investe num moderno parque industrial para se auto abastecer”, explica o economista Nélio Bordalo.
A indústria também foi o centro das atenções do governo Juscelino Kubitschek, de 1956 a 1961. Foi ele quem implantou o Plano de Metas, batizado de 50 anos em cinco. “Esse Plano definia quais eram os cinco setores da economia brasileira para onde os recursos deveriam ser canalizados: transporte, alimentação , energia, indústria de base e educação”, completa Bordalo.
Desse Plano também fez parte a construção de Brasília, que passaria a ser a capital do País, substituindo o Rio de Janeiro.
No período dos governos militares, o País recebeu pesados investimentos estrangeiros que impulsionaram a infraestrutura. Foi nesse momento que o Brasil viveu o ciclo denominado Milagre Econômico, entre 1969 e 1973, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do País chegou a crescer 12%. “Nesse período, grandes obras foram construídas, tais como a ponte Rio-Niterói, a hidrelétrica de Itaipu e a rodovia Transamazônica. Nesse momento, o Brasil foi fortemente impactado pela crise do mercado internacional do petróleo, que fez o preço dos combustíveis subirem, ainda na década de 70. Dessa forma, o governo estimulou a criação do álcool como combustível alternativo”, pontua o economista.
Já na década de 80, o País passou por um momento delicado economicamente, já que o período foi marcado pela insuficiência de recursos da União para o pagamento da dívida externa, o que estagnou a renda per capita do brasileiro e fez aumentar vertiginosamente a inflação. “Com esse cenário econômico, surgem sucessivos planos econômicos para tentar estabilizar a moeda, conter a inflação e retomar o crescimento do Brasil, sem sucesso”, lembra Nélio Bordalo.
Depois desse período de grande insegurança e instabilidade econômica, entra em cena o Plano Real, já em 1994, quando a nova moeda, o Real, foi atrelada ao dólar. “Isso trouxe uma alteração na política cambial, que impactou diretamente no consumidor final e na população em geral, pois se tornou mais vantajoso exportar do que comercializar no mercado interno, criando assim um problema de oferta no mercado local”, detalha a economista Hellen Bentes.
Após esse momento, teve início a chamada era Lula, marcada principalmente por políticas de transferências de renda, que mudaram novamente o panorama da economia brasileira. “Já em 2014, o Brasil atravessa uma forte crise econômica, desencadeando uma grande recessão. Várias medidas, em sua maioria impopulares, foram implementadas ou propostas pelo governo Michel Temer, entre as quais, a reforma trabalhista de 2017 e a implementação do Novo Regime Fiscal”, detalha Hellen.
Em 2020, a pandemia de Covid-19 novamente mudou a estrutura econômica não só do Brasil, mas do mundo. O PIB brasileiro sofreu um grande déficit, os gastos públicos foram elevados e houve novamente o fortalecimento dos programas de transferência de renda, a exemplo do Auxílio Brasil.
“O Brasil tem um grande desafio agora. A partir do novo governo, precisamos definir quais os rumos que devem ser tomadas daqui em diante para que o Brasil cresça e se fortaleça como nação economicamente ativa e mais fortalecida”, pontua a economista Hellen Bentes.
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