100 anos de história: o legado da comunicação de Romulo Maiorana
Filho de imigrantes italianos, o empreendedor saiu do comércio para ser o nome da comunicação da Amazônia do último século
Romulo Elégio Dario Severo Maiorana Chiapetta, mais conhecido como “seu Romulo”, teria completado 100 anos de vida no dia 20 de outubro deste ano. Embora tenha partido deste plano precocemente, aos 63 anos de idade, em 23 de abril de 1986, o empreendedor Romulo Maiorana deixou um legado de história e transformações visíveis, tanto no âmbito comercial quanto no ramo da comunicação paraense.
Os pais, os imigrantes italianos Francisco Maiorana e Angelina Chiapetta Maiorana, construíram a vida em Recife, capital de Pernambuco, onde Romulo nasceu e de onde partiu para Roma. Já na Itália, estudou e voltou ao Brasil somente depois do fim da II Guerra Mundial. Na época do confronto global, foi datilógrafo. Talvez daí tenha surgido a fagulha que daria vida à paixão pelas palavras e por contar histórias.
De volta ao Brasil, deu seus primeiros passos na publicidade e no jornalismo em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Já em Belém, na década de 50, com 31 anos, e passou a empreender no comércio. A trajetória iniciou com a empresa Duplex Publicidade, localizada na avenida Senador Lemos. No local, ele fabricada placas de ônibus painéis luminosos e flâmulas de publicidade.
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Empreendedor nato, o tino empresarial aguçado fez Romulo Maiorana construir um nome de credibilidade no comércio, com as lojas que levavam no nome as suas iniciais: RM. Com vitrines amplas e espalhadas, ele inovou a forma de vender, oferecendo uma variedade considerável de produtos e um atendimento personalizado. Outra ação pioneira foi a inclusão de espaço para a venda de lanches dentro das lojas, considerado bastante original para o que se costumava ver na época.
Legado na comunicação
Antes de se tornar o veículo mais influente do estado nos últimos 76 anos – o aniversário é datado de 15 de novembro deste ano, O Liberal sofreu com a crise partidária no Brasil e estava em iminente falência, sob a gestão do tenente Moura Carvalho, que o havia fundado em 1946, como braço político do baratismo. Com a morte de Barata, em 1959, o jornal foi vendido ao engenheiro Ocyr Proença. Após quase duas décadas de existência, o periódico vivia a sua pior fase.
“Sem leitores e anunciantes, não conseguia tirar mais de 300 exemplares e, apesar da tiragem quase simbólica, ainda havia sobras. Na prática, ninguém, incluindo seu proprietário, queria o jornal. Então negociou sua venda para aquele que talvez fosse a única criatura nesta cidade disposta a investir num jornal praticamente falido. Esse visionário, na época chamado "louco" até pelos amigos mais próximos, era Romulo Maiorana”, relatou João Carlos Pereira, jornalista, escritor e colunista do jornal, falecido em novembro de 2020.
Foi em 1966 que Romulo Maiorana comprou o veículo de comunicação e o transformou em um dos maiores jornais do Brasil. Após trabalhar para que o veículo fosse menos partidário e mais jornalístico, O Liberal alcançou outros patamares de credibilidade e se tornou um dos maiores periódicos do país.
Oito anos depois, ele compra a “Folha do Norte” e transfere O Liberal para um prédio na rua Gaspar Vianna. Máquinas de escrever foram substituídas por computadores, e foram implantados novos processos de composição e edição. Para os visionários da época, era o início de uma nova Era da Comunicação.
“Ele tinha o pulso do jornal, digamos assim, ele tomava decisões junto com as pessoas, com o chefe de reportagem e o editor, nesse tempo não eram editores. Não era como hoje em dia, não existia produtor, era uma redação mais enxuta, as funções se misturavam um pouco às vezes, mas ele tinha sempre um interesse muito grande pela vida da cidade, que eu acho que a gente não pode ser jornalista, fazer jornalismo, se a gente não tiver interesse pela comunidade onde a gente está trabalhando”, afirmou a jornalista Regina Alves, que atuou como repórter no Grupo.
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