Programa visa combater a mortalidade infantil e reforçar a assistência pré-natal em Ananindeua

Entre 2019 e 2021, a Secretaria de Saúde do município registrou 290 casos de mortalidade infantil e baixa procura de mulheres pelo acompanhamento pré-natal

Camila Guimarães

A mortalidade infantil é o risco de um nascido vivo morrer antes de chegar a um ano de idade. Em Ananindeua, região metropolitana de Belém, esse tipo de morte cresceu 15,05% entre 2019 e 2021, segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (MS). Uma das principais causas tem sido a baixa adesão materna ao acompanhamento pré-natal, em razão da pandemia de covid-19. Para combater o problema, será lançado no município, na próxima segunda-feira (23), o programa de assistência Mãe Ananin. O programa entra em vigor no dia 1º de junho deste ano.

O projeto, realizado pela Prefeitura Municipal de Ananindeua (PMA), por meio da Secretaria de Saúde (Sesau) e em parceria com a Secretaria de Cidadania, Assistência Social e Trabalho (Semcat) e Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de Ananindeua (Semutran), busca incentivar a procura das mulheres pelo acompanhamento pré-natal, oferecendo toda assistência necessária antes, durante e após o parto, ao longo dos 24 primeiros meses de vida do bebê, incluindo um kit enxoval que será entregue a todas as mães participantes.

“A gente tem se preocupado com relação ao que aconteceu na pandemia, que houve uma queda na procura pelo pré-natal nos postos. Então queremos, agora, evitar que as mães cheguem ao sistema de saúde só no final da gestação, com alguma doença que comprometa não apenas a ela, mas também o bebê, sem que tenha tido uma oportunidade de tratamento precoce ou prevenção”, diz a secretária municipal de saúde Dayane da Silva Lima.

Dayane destaca infecções por vírus, como o HIV e sífilis, como algumas das principais doenças que podem levar à mortalidade infantil, sobretudo em caso de gestações sem o acompanhamento adequado. De acordo com o levantamento do SIM, 90 crianças morreram, em 2020, número que cresceu para 107, em 2021. “Sabemos que, quanto mais cedo iniciar o pré-natal, melhores as chances de diagnosticar algum problema que possa ser um risco para a gestação”, afirma a secretária.

O projeto Mãe Ananin orienta que mães até a 12ª semana de gestação procurem a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e realizem o cadastro do pré-natal: “A partir desse momento, o processo vai contemplar as consultas no posto de saúde, todos os exames necessários e acesso a todas as vacinas previstas na carteira de vacinação. Completando essa etapa, a mãe será encaminhada ao CRAS mais próximo para se inscrever no Programa Criança Feliz (PCF) e receber o kit de enxoval completo, seja para menino ou para menina, garantindo que o bebê nasça com suas roupinhas, suas fraldas, de maneira mais humanizada”, explica Dayane.

 

Projeto é um diferencial para mulheres da zona rural de Ananindeua

Além dos serviços disponibilizados na UBS e no CRAS, o Mãe Ananin também deve oferecer visitas dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) à residência da mulher durante o pré-natal, algo que será um grande benefício para produtora rural Talia Santos da Silva, de 25 anos, moradora da comunidade quilombola Abacatal, em Ananindeua.

“Por lá, a gente tem um posto por perto, é fácil chegar, para quem mora lá dentro da comunidade. Mas para alguns atendimentos a gente tem que sair da comunidade, então é mais difícil. Quinta-feira passada teve consulta e eu não tive como ir. Se a gente não tiver dinheiro para pagar mototáxi ou ter alguém que leve, fica difícil”, relata.

Talia já é mãe de outras duas crianças, a Tábata, de 8 anos, e a Paulina, de 3. Na oitava semana da terceira gestação, ela avalia que nunca teve acesso a uma assistência como essa e tem a expectativa de que o projeto ajude nessa nova fase da vida: “Espero que melhore o acesso aos exames. Espero que seja tudo melhor, porque, na minha segunda gravidez, foi um pouco mais difícil, por ter que sair da comunidade para fazer exames e também por causa do enxoval, que eu tive que comprar tudo e gastamos muito. Agora com o kit, acho que vai ser de grande ajuda”.

image Talia Silva, quilombola da comunidade Abacatal, está grávida de dois meses é participante do Mãe Ananin. (Ivan Duarte / O Liberal)

Lançamento e critério de participação no programa

O programa Mãe Ananin será lançado na próxima segunda-feira (23), às 18h, no auditório da Universidade da Amazônia (Unama), localizado na BR-316, em Ananindeua. A meta é acompanhar cinco mil grávidas e oito mil crianças de 0 a 2 anos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) do município até o segundo semestre de 2024.

 

Veja o que é necessário para participar do projeto

Para participar do projeto, a mãe precisa residir em Ananindeua e iniciar o pré-natal na UBS até a 12ª semana de gestação (3 meses), com registro na caderneta de gestante. As gestantes devem se dirigir até a UBS mais próxima da sua residência e em seguida ir até um dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e fazer a inscrição no Programa Criança Feliz (PCF)

Para garantir o acompanhamento ao longo de todo o ciclo do projeto, ou seja, do pré-natal ao 24º mês de vida do bebê, é necessário:

  • Ter registrada na carteira da gestante a realização dos exames de pré-natal, incluindo testes rápidos de HIV, Sífilis, hepatite B e C, e as vacinas (DTPA, Hepatite B, Influenza, Antitetânica e DT);
  • Comparecer em, no mínimo, 6 consultas de pré-natal (médico, enfermeiro) e nas consultas odontológicas;
  • Realizar atendimento com equipe multiprofissional de saúde nas UBS;
  • Participar de pelo menos uma reunião educativa no CRAS a cada trimestre.

 

Serviço:

Lançamento do projeto Mãe Ananin

Data: 23 de maio

Hora: 18h

Local: Unama BR-316

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