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"Se era ponto de venda de drogas, por que não foi fechado?"

Moradores da passagem Jambu, onde ocorreu a chacina de domingo, questionam versão de que bar seria fachada para crimes

Dilson Pimentel

Se a Polícia sabia que o local era frequentado por traficantes, por que o estabelecimento não foi fechado e os acusados, presos? Essa é uma das perguntas feitas pelos moradores da passagem Jambu, onde fica o bar onde houve, no último domingo (19), a chacina que vitimou onze pessoas no bairro do Guamá. Segundo relatos dos moradores, o bar era frequentado, sim, por algumas pessoas que praticavam atividades ilícitas. Mas também por moradores da área e outros trabalhadores. Disseram que o local também já foi frequentado por policiais, advogados e outros profissionais. 

O tenente-coronel Jorge Wilson de Araújo, um dos primeiros oficiais da Polícia Militar a chegar ao local da chacina, conversou com a imprensa, ainda na tarde de domingo. Segundo ele, o bar seria um ponto bastante conhecido da polícia para o uso de entorpecentes e possuiria rotas de fuga, o que dificultaria o trabalho da polícia. "Este local aqui é um ponto muito conhecido, o Bar da Wanda, como um local para o consumo de entorpecentes. Inclusive já fizemos vários levantamentos aqui. Só que, se vocês adentrarem (no estabelecimento), vão perceber que há várias rotas de fuga, e por isso a gente nunca conseguia ter êxito nas prisões. Então, o bar, realmente é uma fachada e é utilizado para o consumo de drogas", afirmou. 

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A Polícia Civil informou, na segunda-feira (20) que o bar estava regularizado junto à Divisão de Polícia Administrativa (DPA). E sua lotação era para 100 pessoas. Mas os moradores questionaram a alegação de o bar ser uma possível rota de fuga. E mostraram à reportagem que, nos fundos do bar, há um muro com aproximadamente dez metros de altura, o que torna difícil uma possível rota de fuga. Moradores também contaram que, no domingo, costumavam ficar na porta de suas casas. As famílias e os amigos se reúnem para, por exemplo, fazer churrascos.

Na última terça-feira (21), o Comandante Geral da Policia Militar, Dilson Júnior, voltou a tocar no assunto durante entrevista coletiva, e refutou a informação inicial de que o local fosse ponto de venda de drogas. 

Todos os ouvidos pela reportagem disseram que jamais imaginaram que pudesse ocorrer uma matança igual à registrada no domingo.

Um dos problemas relatados era que alguns clientes estacionavam suas motos na frente das casas dos moradores. Isso gerava insatisfação. Mas que já havia um rapaz encarregado de não deixar mais isso ocorrer, retirando as motos da frente das casas.

CONSELHOS

Outros moradores disseram que já haviam aconselhado a dona do bar, Maria Ivanilza Pinheiro Monteiro, conhecida como "Wanda", 52 anos, a largar esse comércio de bebidas. Eles sugeriram que ela alugasse o imóvel para uma igreja e fosse viver do pagamento do aluguel, inclusive das quitinetes que havia construído. Hipertensa, Wanda também se queixava de dores nas pernas. Mas os moradores disseram que ela não tinha envolvimento com o tráfico de drogas.

A reportagem entrevistou uma moradora que reside próximo ao bar. Ela contou que, mais cedo, na tarde de domingo, o filho dela esteve no bar. Ela estava em casa, quando ouviu o barulho dos tiros. A chacina ocorreu às 16 horas. Ficou desesperada e foi, às pressas, para o estabelecimento, pois achava que o filho dela estava no local. Mas ele não estava. Já havia saído de lá. O bar fica em uma rua estreita. Os autores do crime seguramente atentaram para esse detalhe, que é importante para uma fuga, principalmente depois de uma matança dessa proporção. O que sugere, portanto, que os atiradores fizeram um levantamento prévio da área antes de entrar em ação. Moradores também estão com medo.

E já há quem pense em ir embora temendo os desdobramentos da chacina. 

Polícia