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Uma gota de reflexão: a existência da vida depende do futuro da água

Aurélio Oliveira faz reflexão sobre a origem, uso e futuro dos recursos hídricos e como a humanidade pode atuar para fortalecer iniciativas positivas

Aurélio Oliveira

A água cobre mais de 70% da superfície terrestre. Estima-se que 97,5% da água da Terra é salgada e apenas 2,5% doce. Desse pequeno total de água doce, a maior parte está localizada nas calotas polares, em estado sólido, ou em aquíferos subterrâneos. Pouco menos de 1% encontra-se de fácil acesso para o consumo humano. O percentual é menor ainda se considerada potável e segura. Os números intimidam diante de uma população mundial de 8,2 bilhões de pessoas, que necessitam desse recurso hídrico para sobreviver, e que deve aumentar nas próximas décadas, segundo cálculo do relatório 2024 das Nações Unidas (ONU).

Teorias buscam explicar a origem da água na Terra. Uma das mais aceitas é a de que chegou por meio de cometas e asteroides que se chocaram com o planeta. Independente de sabermos de onde veio, o desafio mais urgente é descobrir quais soluções devemos tomar agora para garantir a sua permanência por aqui, pois disso dependente a nossa existência.

Todos os dias, recebemos alertas da natureza sobre a intervenção humana no meio ambiente e sofremos as consequências do desequilíbrio. A escassez hídrica atinge diversas localidades globalmente. Segundo estudo divulgado em 2024 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), cerca de 2,2 bilhões de pessoas no mundo não possuem acesso à água potável. Enquanto 32 milhões de brasileiros vivem sem água tratada, de acordo com dados do Instituto Trata Brasil (ITB).

Distinta por sua alta disponibilidade hídrica, a Amazônia também vem enfrentando períodos preocupantes de seca e calor excessivo. São as consequências da crise climática e progressiva degradação das florestas. O aquecimento global, combinado aos fenômenos climáticos El Niño e La Niña, interfere diretamente nos ciclos naturais das precipitações pluviométricas, as chuvas, que ficam menos frequentes na região. Em um passado recente, a cidade de Belém tinha até horário certo para receber a chuva e amenizar a temperatura do dia. Hoje, ela não chega mais na hora marcada, e as vezes nem vem.

A água é o bem mais precioso para a vida e sua escassez coloca em risco o futuro das próximas gerações. O acesso à água potável tem caráter de direito fundamental. Entretanto, precisamos remodelar atitudes para conseguir frear o consumo indiscriminado desse recurso. Se faz imperativo tratar, de maneira adequada, os dejetos de esgotos que contaminam o solo, rios e mares, causando efeitos nocivos à saúde e ao meio ambiente. Segundo pesquisas, chegamos ao ponto de estarmos ingerindo o próprio plástico despejado nos oceanos, que se decompõem em micropartículas absorvidas pela vida marinha. É o ciclo negativo da ação antrópica, causa da interferência do homem no ambiente natural, e alguns desses danos são irreparáveis.    

Não é possível desenvolvimento sem vida, economia sem gente ou existência sem água. É premente fortalecer iniciativas de Educação Ambiental e instituir um modelo de economia realmente sustentável, capaz de manter e preservar sem desperdiçar, e que não seja meramente figurativa para tão somete mascarar pegadas de carbono. Além da necessidade da criação e monitoramento de políticas por parte do poder público, cabe também ao cidadão usuário dos recursos hídricos fechar a torneira, reciclar o lixo e se propor a tantas outras inciativas de cuidado e proteção. Não é aceitável se eximir das responsabilidades.

A Amazônia abriga o maior reservatório subterrâneo de água do mundo, o Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA), com 1,2 milhão de quilômetros quadrados, 75% dentro do território brasileiro, capaz de suprir toda a população mundial por 250 anos. Mas é importante lembrar que a floresta precisa da água e água precisa da floresta. Cada gota de consciência, somada a tantas outras, se transforma num imenso manancial de pessoas comprometidas com a transformação e preservação do futuro.

 

Amazônia Viva