PRIMEIRA AMAZÔNIA
Vivi no tempo dos ancestrais
Quando tudo era alegria
E da árvore floria
Esperança e paz.
Ouvi de uma velha sucuba
Que seu leite é sagrado
E que do seu tronco lavrado
Brita seiva, tira a dor.
Vi Matinta na Amazônia
Tirar leite da seringueira
Queria essa velha faceira
Amorenar sua cor?
Vivi no tempo dos ancestrais
Onde curupira não se escondia
E a Amazônia crescia
Em biodiversidade, beleza e valor.
Vivi na primeira Amazônia
Onde permissão se pedia
Aquecimento global não se ouvia
Sem desmatamento, poluição
A mata nos acolhia.
Vivi no tempo dos ancestrais
Onde as encantarias andavam sem pressa
Conversavam com os mortais
Cuidando da natureza, enviando sinais.
Dançava na aldeia
Caipora não dá
Tua cara de onça pintada
Me fez alegrar.
Bate o pé
Com a cuia na mão
Bebida sagrada
Caiçuma de união.
Vivi no tempo dos ancestrais
A Amazônia que tinha lá
Conto para ti
Não é mentira acredite
A Amazônia existe em mim
E respeito teu existir.
Poema de: Márcia Wayna Kambeba
Do livro: Ay Kakyri Tama - Eu moro na cidade - 2 Ed.
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