Flor de Carajás se torna símbolo da consciência ambiental

A região de Carajás, no Pará, é reconhecida pela potência extrativista mineral, mas agora também passa a ser conhecida por abrigar uma espécie única da biodiversidade brasileira

Michel Ribera | Especial para O Liberal
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Pequena, delicada e de uma coloração vermelho intenso, a Flor de Carajás, conhecida cientificamente como Ipomoea Cavalcantei, além da beleza, carrega a importância de representar a consciência ambiental de todo um território rico em biodiversidade. Desde junho deste ano,  com a aprovação da lei municipal Nº 5.453, a espécie passou a ser declarada como símbolo do município de Parauapebas, onde é encontrada.

“A lei segue o movimento que é uma tendência mundial quando se fala em preservação de espécies endêmicas, ou seja, as que só nascem naquela região. Ela garante a preservação e cuidado com o meio ambiente”, diz a bióloga Amanda Figueiredo, analista de projetos ambientais do ICMBio Carajás.

A profissional explica que a Flor de Carajás é uma planta que habita exclusivamente os platôs de campos rupestres ferruginosos da Serra Norte da Floresta Nacional de Carajás, ocupando uma área total de apenas 20 km². A flor pode ser encontrada em forma de arbusto ou mesmo como cipó, subindo em outras plantas, a depender de uma série de fatores climáticos e ambientais.

Os campos ferruginosos desempenham um papel importante na manutenção das florestas, cavernas e no equilíbrio dos sistemas hídricos da região, mas também se torna um território cobiçado pela especulação econômica, em especial pelo elevado potencial mineral, por isso, a conservação desse território é fundamental. “A Flor de Carajás atualmente está em risco de extinção, por causa dessa questão do avanço da mineração na área, além das atividades humanas como as queimadas que são frequentes em todo bioma. Por isso, é urgente estimular ações para proteger não apenas a flor, mas todo o ecossistema único de Carajás”, diz Amanda.

Localização

O Parque Nacional Campos Ferruginosos de Carajás fica nos municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas e é inserido no grande mosaico de áreas protegidas, presente na região sudeste do Pará. A Unidade de Conservação é formada por platôs ferruginosos que abrigam um tipo raro de ecossistema, associado aos afloramentos rochosos de hematita, conhecido como vegetação de canga e, localmente, como “Savana Metalófila”.

O parque está ao lado da Floresta Nacional de Carajás, que reúne cachoeiras, trilhas, cavernas, área de camping, lagoas e canoagem nos rios. O acesso ao Parque Nacional é de uso público, sob gerência do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade.

Com o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos e ampliação de três outras unidades, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, a Reserva Biológica União, no estado do Rio de Janeiro, e a Estação Ecológica do Taim, no litoral do Rio Grande do Sul, o Brasil possui mais 282 mil hectares de áreas protegidas pelo governo federal, num total de 80 milhões de hectares, o equivalente a quase 10% do território nacional.

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