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Evolução dos crânios: coleção reúne registros de mais de 150 mil exemplares da fauna amazônica

Coleção zoológica da Uepa auxilia em estudos sobre a biodiversidade da região

Fabrício Queiroz | Especial para O Liberal
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Que animal tem uma estrutura óssea e massa encefálica mais desenvolvida? Um tubarão-azul com cerca de 110 kg e quatro metros ou um beija-flor, cujo tamanho varia de 6 a 12 cm e chega a pesar no máximo 6 gramas? A resposta científica contraria o que diria a lógica do senso comum e aponta que o beija-flor é a espécie mais evoluída. As evidências disso podem ser observadas em uma análise comparativa dos crânios dos diferentes grupos de vertebrados que é o mote de um projeto de educação e divulgação científica desenvolvido pela Coleção Zoológica Joachim Adis, da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Denominada “Crânio: o design evolutivo dos animais”, a experiência busca demonstrar como a morfologia de peixes, répteis, anfíbios, aves e mamíferos se transformou acompanhando os estágios de desenvolvimento e a necessidade de comportar cérebros cada vez mais complexos e habilidosos.

“O objetivo era mostrar de uma forma didática e real dentro da escala evolutiva dos animais, desde o surgimento dos animais no meio marinho, como se chegou na constituição do crânio mais complexo que é o crânio dos mamíferos”, explica a doutora em Ciências Biológicas e professora da Uepa, Ana Lúcia Gutjahr.

O interesse pelos crânios se justifica pela forma como eles responderam às dinâmicas da evolução e às necessidades dos organismos, mantendo uma biomassa mais robusta em relação ao tamanho no corpo nos grupos de aves e mamíferos. “A baleia também é mamífero e o cérebro dela é do tamanho de um fusca, mas a biomassa desse cérebro em relação ao volume de tamanho tem o mesmo percentual que tem os humanos. A proporção do cérebro do tubarão que está na classe dos peixes cartilaginosos, por outro lado, é menor do que um beija-flor”, esclarece a professora.

Com uso de recursos interativos e peças de 17 crânios de animais protegidos na coleção zoológica, a exposição chama atenção também para as mudanças sofridas nos ossos, como a mandíbula, que passou de um formato reto até os anfíbios para uma estrutura com curvaturas em aves e mamíferos, facilitando a mastigação desses grupos.

image Grupo de trabalho da Uepa desenvolve projeto de educação denominado “Crânio: o design evolutivo dos animais” (André Oliveira/ O Liberal)

Patrimônio da biodiversidade

A seleção de espécies para a mostra inclui exemplares de peixes cartilaginosos e ósseos, rãs, tartaruga, garça, suçuarana, queixada, boto e outros animais que formam uma fração mínima do universo de aproximadamente 150 mil espécimes salvaguardados no acervo da Coleção Zoológica Joachim Adis. Criada em 2009, a coleção surgiu para dar suporte à pesquisa científica e às atividades de ensino, auxiliando na formação de novos professores da área de biologia.

“As coleções científicas são patrimônio da humanidade. Elas são responsáveis por guardar o testemunho da biodiversidade dos locais. Na condição de uma coleção amazônica, a gente detém esse patrimônio de espécies amazônicas representadas no nosso acervo. Isso dá uma garantia de ter os registros dessas espécies porque as coleções existem exatamente para tornar confiáveis os registros da existência delas em determinado local e tempo. Um acervo científico também é o objeto de estudos que vão gerar conhecimento, que ainda é um gargalo no estudo da biodiversidade”, afirma Ana Lúcia Gutjahr, que também é curadora da coleção.

Enquanto testemunho da produção científica, o acervo reúne os diferentes materiais coletados em campo e que servem de base para dissertações de mestrado, teses de doutorado e outros projetos da graduação à pós-graduação. É ainda o testemunho da diversidade da fauna encontrada principalmente no Pará e nos estados do Amapá e Amazonas, caracterizando uma coleção com cerca de 99% de exemplares amazônicos.

Coleção Zoológica Joachim Adis em números

Total do acervo - Cerca de 150 mil peças

Peças catalogadas - 16.348 (apenas invertebrados)

Invertebrados:

- Mollusca (moluscos) - 15

- Arachnida (aranhas,  escorpiões e ácaros) - 108

- Chilopoda (centopeias) - 18

- Crustacea (caranguejos) – 152

- Insecta (Insetos) - 16.055

Vertebrados:

- Peixes Chondricthyes (peixes cartilaginosos) - 4

- Peixes Osteichthyes (peixes ósseos) - 77

- Amphibia (anfíbios= sapos, rãs e  pererecas) - 48

- Reptilia (répteis) - 68

- Aves -  2

Novas espécies de insetos descobertas:

- Quiva gutjahrae (2015)

- Wuyjugu pizai (2020)

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