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Familiares e amigos de Gitão pedem justiça

Osmair Pereira Monteiro foi morto durante a Operação Diátaxi 7, das Polícias Militar e Civil

Redação Integrada
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Familiares, amigos, artesãos e trabalhadores do barro homenagearam na manhã deste sábado (24) Osmair Pereira Monteiro, conhecido como "Gitão", morto durante a Operação Diátaxi 7, das Polícias Militar e Civil, na última quinta-feira, 22.

Uma caminhada em protesto antecedeu o enterro do barreirense, que ocorreu no cemitério Santa Izabel, no Distrito de Icoaraci. Outro protesto contra a morte do trabalhador já havia fechado a rodovia Arthur Bernardes na sexta-feira.

Osmair e outros três tiradores de barro do Paracuri foram baleados durante a operação Diataxi, que levou 70 homens da Polícia  Militar e Polícia Civil ao Paracuri e Tapanã. Dos outros três barreirenses baleados, dois ainda estão hospitalizados.

ATIVIDADE PAROU

O medo de voltar aos mangues toma conta dos barreirenses, que já anunciaram esta semana os riscos à própria atividade ceramista de Icoaraci. "Eu não quero mais voltar a trabalhar lá. Fomos humilhados e ameaçados. Pelo amor de Deus, somos trabalhadores!", lamenta um dos sobreviventes que estava no enterro de "Gitão".
Segunda a prima de Osmair, Marlúcia Bastos, a família, que dependia de Osmair, está desolada. "Meu primo morreu trabalhando e deixou um pai doente, que dependia dele para tudo. Todos os homens que estavam nas embarcações são trabalhadores e extraem barro desde jovens para sustentar suas famílias", afirma.

"Gitão" trabalhava como barreiro, coletava argila no mangue, que era entregue nas olarias e para os artesãos de cerâmica do distrito de Icoaraci. Segundo os artesãos presentes no cemitério, o serviço está parado. "Noventa por cento das pessoas que estão nesse enterro dependem desses trabalhadores. Sem a matéria-prima que eles nos entregam, como vamos trabalhar? Não sabemos como será agora em diante porque eles estão com medo", conta Rosemiro Pinheiro, 72, artesão ceramista.

A TIROS
O objetivo da Operação Diátaxi 7 foi intensificar o enfrentamento ao tráfico de drogas nos bairros do Tapanã e Paracuri, no Distrito de Icoaraci. Em notas, a PM e a Polícia Civil informaram inicialmente que os homens baleados eram suspeitos de tráfico e que foram baleados nas embarcações porque teriam reagido.

Cinco pessoas foram baleadas durante a operação. Quatro delas eram tiradores de barro do Paracuri. Duas morreram, entre elas "Gitão".

Segundo moradores da comunidade, dez pessoas, entre trabalhadores de coletam argila em Icoaraci, chamados de barreirenses, saíram em três canoas para esse trabalho ainda nas primeiras horas da manhã da última quinta-feira (22). "Gitão" estava entre eles.

"Gitão" foi baleado em uma dessas canoas durante a ação policial no Paracuri. Segundo relatos de familiares e da comunidade, ele estava com outros três colegas barreirenses. Dois outros tripulantes da canoa também foram baleados: Danilo Rosário, 18, e o pai, Jocivaldo Guedes, 50, que também são barreirenses.

O pai, Jocivaldo Guedes, levou um tiro de escopeta no braço e segue internado no HPSM da 14 de Março. Danilo, que também foi baleado em um dos braços, já recebeu alta do HPSM.

Segundo relatos, "Gitão" chegou a  socorrer Danilo quando ele foi baleado e caiu na água - o trabalhador não sabe nadar. Após colocar Danilo de volta na canoa, o tirador de barro teria sido baleado na cabeça, segundo alegam seus familiares.

Outro trabalhador do barro baleado, Daniel dos Anjos, 26, segue internado da UPA de Icoaraci. Ele estava em uma outra canoa abordada pela operação e levou um tiro na perna.

APURAÇÃO

O quinto baleado na ação da Polícia Militar e Polícia Civil foi Breno Fraias Souza, 21. Segundo a polícia, ele morreu também na manhã de quinta-feira, em troca de tiros ocorrida na outra frente da operação Diataxi, na área do residencial Eduardo Angelim, no conjunto Parque Guajará, também em Icoaraci.

​O Ministério Público do Estado do Pará informou que a Promotoria de Justiça Militar irá investigar o caso. Ouvida pela redação integrada de O Liberal, a Polícia Civil confirmou que também abriu apuração sobre a operação.

A seção da Ordem dos Advogados do Brasil no Pará (OAB-PA), por sua vez, também se manifestou e disse que ouvirá a comunidades de artesãos e tiradores de barro de Icoaraci para elucidar o ocorrido.

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