Aeroporto Brigadeiro Protásio provoca pavor em moradores de Belém
Após uma semana da queda de um avião monomotor, se fortalece o pedido popular para desativação do aeroporto
Após uma semana da queda de um avião monomotor que causou a morte do piloto e deixou três pessoas feridas, no Conjunto Amapá, bairro do Souza, em Belém, moradores da área não escondem o pavor com possíveis novos acidentes e reforçam um pedido: a desativação do Aeroporto Brigadeiro Protásio, de onde a aeronave decolou.
Moradora relata medo
Para a psicopedagoga Samantha Leão, de 40 anos, conviver em frente ao aeroporto representa um risco ilimitado. Ela mora quase ao lado de uma das residências que foram atingidas pelo acidente e lembra que estava sentada no sofá vendo televisão quando ouviu o estrondo.
"Tinha acabado de preparar o almoço e sentei para ver TV ao lado do meu pai, de 76 anos. Vi a estrutura da minha casa ser abalada. Tremeu. Vi pedras caindo do resto do material de construção do meu jardim de inverno. Ficamos em estado de choque, parecia que era aqui dentro. Pessoas gritavam por socorro. Desesperador!", disse.
Com um pedaço de vidro da aeronave em mãos, ela diz que o medo é presente desde a infância.
"Esse pedaço do avião ficou no meu quintal. Moro aqui desde que nasci e sempre vi esses voos baixos planando. Sou a favor da desativação desse aeroporto bem antes desse acidente. Sempre conversamos sobre isso na minha família, porque considero errado ter um aeroporto no meio da cidade. Não dá para se tranquilizar sabendo que esse tipo de instalação está nos fundos de onde vivemos", lamentou.
"Depois desse acidente, piorou. A vizinhança precisa de apoio psicológico", concluiu.
Piloto destaca importância do aeroporto
Já o piloto de avião Claudio Collere, que tem 40 anos de experiência, desaprova o pedido popular de desativação.
"Não considero perigoso. Infelizmente, acidente ocorre envolvendo qualquer meio de transporte e vejo que o avião está entre as menores estatísticas. Já pensou desativar as ruas para que os carros não pudessem mais trafegar?", questionou.
"A não ser que fosse para usar esse espaço para algo muito útil, como a construção de um hospital, uma escola. Porque a área é boa. Mas como falta uma olhar mais carinhoso das autoridades, melhor deixar como está", observou.
Collere pilota monomotor e utiliza o Aeroporto Brigadeiro Protásio para decolagem e pouso. Ele esclarece que nunca teve problema em nenhum voo e reforça a importância de manter um aeródromo público nesse local estratégico.
"Se vier uma pessoa doente do interior, o hospital já fica aqui perto. E levamos dinheiro para abastecer caixas eletrônicos em outras cidades. Utilidade pública. Os fretes mais frequentes são esses, já que voos turísticos quase nem existem mais".
Infraero diz que não existe plano para desativar o Brigadeiro Protásio
Em nota, a empresa pública federal que administra o Aeroporto Brigadeiro Protásio, Infraero, garantiu que não existe nenhum planejamento para desativação do espaço. A empresa também esclareceu que os controles de pousos e decolagens seguem as cartas aeronáuticas do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
A Infraero também destaca que o Brigadeiro Protásio de Oliveira está em situação regular junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e que o terminal se encontra homologado e apto para operar aeronaves na Categoria 2B.
"Isso significa que as instalações estão dentro das condições que permitem a operação de transportadores da aviação geral", pontuou a nota.
O Aeroporto Brigadeiro Protásio funciona conta com capacidade para receber até 600 mil passageiros por ano.
Em 2018, registrou 7.085 operações de pousos e decolagens (média mensal 590). Ao todo, conta com sete empresas de táxi aéreo que ligam o aeroporto a municípios do Pará, bem como cidades de estados vizinhos, são elas: Brabo Táxi Aéreo, Haess Táxi Aéreo, Pilar Táxi Aéreo, Stilus Táxi Aéreo, Talla Táxi Aéreo, Aerotop Táxi Aéreo e Aerotur Táxi Aéreo.
O espaço também possui quatro hangares de aviação geral e três empresas de manutenção de aeronaves (Stillus Taxi Aéreo, Marta Manutenção de Aeronaves e Lótus Manutenção de Aeronaves), instalados em mais de 930 mil metros quadrados do sítio aeroportuário".
"Cabe ressaltar que o terminal paraense se encontra em condições satisfatórias de operação, considerando o perfil de operação na categoria em que se encontra homologado", detalhou a nota da Infraero.
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