Acusado de tráfico sexual, rapper Sean 'Diddy' Combs permanecerá preso em Nova York
Após meses de investigações, a juíza responsável pelo caso decidiu decretar a prisão preventiva do músico e empresário para evitar que as vítimas possam ser coagidas
O rapper e empresário Sean "Diddy" Combs, que se declarou inocente das acusações de tráfico sexual, associação ilícita e promoção da prostituição, permanecerá preso até a realização do julgamento, decidiu nesta terça-feira (17/9) a juíza responsável pelo caso.
Após meses de investigações decorrentes de várias denúncias de abuso sexual e agressões, Combs, de 54 anos, foi detido na segunda-feira e compareceu nesta terça ao Tribunal do Distrito Sul de Manhattan, onde a juíza Robyn Tarnofsky leu as acusações e decretou prisão preventiva.
O músico, que estava acompanhado por meia dúzia de familiares, vestindo uma camiseta preta e calças cinza e aparentando estar cansado, se declarou inocente.
"A minha preocupação é que se trata de um crime que ocorre por trás das paredes" e tem o "poder de desequilibrar" pessoas que podem ser "alvo de pressão", disse a juíza ao justificar a prisão preventiva.
De acordo com os documentos de acusação, Sean Combs "abusou, ameaçou e coagiu mulheres e outras pessoas de seu círculo para satisfazer seus desejos sexuais, proteger sua reputação e ocultar seus atos" durante décadas, utilizando seu "império" musical para alcançar tais objetivos.
O promotor Damian Williams disse à imprensa que Combs construiu um sistema baseado na "violência" para obrigar as mulheres a "longas relações sexuais com garotos de programa", sob efeitos de drogas como ecstasy GHB (a droga dos estupradores) e cetamina, e que o rapper "gravava" os atos.
"Quando não conseguia o que queria, era violento (...) chutava e arrastava as vítimas, às vezes pelos cabelos", disse o promotor.
Um vídeo de uma câmera de segurança de um hotel, divulgado em maio deste ano, mostra Combs agredindo fisicamente sua namorada à época, a cantora Casandra Ventura, conhecida artisticamente como Cassie, e arrastando-a pelo cabelo para o quarto do qual tentava fugir.
Uma denúncia de Cassie no final do ano passado iniciou a queda do magnata, a quem acusou de submetê-la por mais de uma década a coerção física e drogá-la, além de estuprá-la em 2018.
O processo foi rapidamente resolvido fora do tribunal, mas uma série de denúncias de agressão sexual se seguiu, incluindo uma apresentada em dezembro por uma mulher que alegou que Combs e outros a estupraram em grupo quando ela tinha 17 anos.
Vários processos civis o descrevem como um predador sexual violento que usava álcool e drogas para subjugar suas vítimas. Seu advogado, Marc Agnifilo, disse que seu cliente se declararia "inocente" das acusações.
Cercado de polêmicas
Também conhecido como "Puff Daddy" e "P Diddy", o poderoso magnata do setor musical é considerado o mentor por trás da transformação do hip hop de um ato de rua em um gênero musical por si só.
Ao longo das décadas, ele acumulou uma grande fortuna, principalmente por meio de seus empreendimentos no setor de bebidas alcoólicas.
Nascido Sean John Combs em 4 de novembro de 1969, no Harlem, em Nova York, o artista começou no setor musical como estagiário em 1990 na Uptown Records, onde chegou a se tornar diretor. Ele construiu uma reputação como organizador de eventos, o que se mostrou fundamental para sua marca à medida que sua fama crescia.
Em 1991, ele promoveu um jogo de basquete e um show de celebridades no City College, em Nova York, que resultou em nove mortes após uma confusão. O evento foi superlotado por milhares de pessoas e levou a uma série de processos judiciais, culpando Combs pela contratação de segurança inadequada.
Ele foi demitido da Uptown e fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records. Assim começou uma rápida ascensão ao topo do hip hop da Costa Leste, juntamente com seu discípulo, o falecido The Notorious B.I.G.
Combs já assinou vários contratos importantes e colaborou na produção de artistas como Mary J Blige, Usher, Lil' Kim, TLC, Mariah Carey e Boyz II Men. Vencedor do Grammy, estreou como cantor com o single "Can't Nobody Hold Me Down" e seu álbum "No Way Out".
O rapper forjou uma imagem de um galanteador impetuoso e arrogante, um grande produtor que também se aventurou em Hollywood, em reality shows e na moda, além de ter se envolvido romanticamente com Jennifer Lopez.
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