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"Não adianta dar susto, nem pressionar", diz psicóloga sobre negociação com suicida

A Conexão AMZ conversou com uma psicóloga para entender como devem ocorrer as negociações das forças de segurança com pessoas que ameaçam se suicidar.

Gabriel Pinheiro | Conexão AMZ
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Essa semana, os grupos de Whatsapp, em Belém foram bombardeados com as cenas de uma jovem no alto de um prédio, na Rua João Balbi, no bairro de Nazaré, centro de Belém. Agitada, ela falava palavras desconexas e ameaçava se jogar. A agonia da jovem, descrita por um amigo como pessoa de “espírito livre”, durou horas e foi acompanhada por curiosos nos prédios do entorno, na rua e, em tempo real, pelas redes sociais. O drama terminou de forma trágica. A jovem se jogou do prédio e morreu em virtude da queda.
  
Nesta quinta-feira, o promotor Militar, Armando Brasil informou em entrevista à TV Liberal que o Ministério Público Militar abriu inquérito para investigar a atuação de militares do Comando de Operações Especiais no caso. A informação foi confirmada, por Brasil, à Conexão AMZ. A Promotoria resolveu abrir inquérito porque surgiram dúvidas em torno da atuação de um atirador do Comando de Operações Especiais que teria atuado para tentar imobilizar a jovem. “Pela distância, ele (o atirador) teria facilidade de acertar o tiro da arma de choque. Vamos apurar se foi erro  ou não.”, disse em entrevista à AMZ. Armando Brasil afirmou ainda  que vai levar em conta, o depoimento de vizinhos, imagens feitas com câmeras de celular e vai pedir perícia na arma do policial.

AS NEGOCIAÇÕES  COM O SUICIDA
A professora Elizabeth Samuel Levy, coordenadora do curso de Psicologia da Unama e Presidente do Círculo Psicanalítico do Pará, explica que a principal dificuldade para negociar nessas circunstâncias é a vítima: "ela está uma situação limite, alguém precisar pará-la. Ela está invadida por uma pulsão mortífera, algo que faz com que fique fora de si". A professora defende que as negociações sejam feitas por uma equipe de psicólogos e psiquiatras juntamente ao corpo de bombeiros que, segundo ela, tem uma ação importantíssima nessas situações. "É preciso capacitação e treinamento com essas pessoas que estão nessa situação para ajudar", pontua.
Para Levy, a negociação correta está ligada às coisas que o suicida fala. "Normalmente, o suicida fica falando coisas fortes, ou até mesmo delirantes, mas sempre têm um conteúdo ali e, talvez seja importante falar sobre isso ". A professora também lembra que algum familiar, amigo ou relacionamento de referência podem ajudar nessa hora. "Não adianta fazer pressão, não adianta gritar junto. O ideal é ter pessoas de referência para negociar a situação". Ainda assim, não há garantia que a negociação vá dar certo, mesmo com profissionais especializados participando. "A passagem ao alto é um impulso muito forte. É difícil qualquer negociação. A pessoa precisa ser defendida dela própria.".

QUANDO INTERVIR?
A Professora Elizabeth Levy também falou em entrevista à Conexão AMZ que o momento de intervenção deve ser analisado caso a caso. "O tempo da negociação deve ser sentido: é preciso observar se pessoa está mais calma, se consegue ouvir, se tem escuta, se olha nos olhos. Sem pressão. Não adianta dar susto, nem pressionar. Isso vai ocasionar reação que pode ser a ultima consequência", pontua.

SINAIS
Para evitar que as pessoas cheguem a essa situação a professora Elizabeth diz que "é preciso se atentar aos sinais que as pessoas estão dando: depressão, mudança de comportamento, mudança de humor, isolamento, autoestima baixa, autoimagem distorcida. As pessoas dão sinais e outras não percebem", encerra.

Desde terça-feira, a Conexão AMZ, procura pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social para entender como é feita a negociação nos casos em que as forças de segurança do Estado precisam negociar com pessoas que ameaçam se suicidar. A resposta foi: “As forças de segurança atuam para tentar coibir situações de suicídio. Os agentes de segurança são capacitados em gerenciamento de crise e atendimento ao suicida. As abordagens levam em consideração o perfil de cada pessoa com a execução de protocolo específico, levando em conta, por exemplo, se a pessoa sofre de depressão, se é um caso pontual por questões passionais ou se o paciente é usuário de drogas”.

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