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Denúncias sobre fundo partidário do PSL-PA serão analisadas pelo MPF-PA

Ex vice-presidente do PSL no Pará disse que mulheres candidatas do partido em 2018 não teriam recebido repasse

Gabriel Pinheiro

O Procurador Regional Eleitoral do Ministério Público Federal, Felipe de Moura Palha vai analisar as denúncias da ex vice-presidente do Partido Social Liberal no Pará (PSL-PA), Nana Magalhães, contra o deputado federal Eder Mauro do PSD. As denúncias foram feitas no sábado à noite, em uma live publicada no facebook.

Na live, Nana pede “respeito” ao deputado Eder Mauro e diz que ele “usou todas as mulheres que foram candidatas pelo PSL Pará apenas para cumprir legenda”. “O senhor nunca valorizou nenhuma mulher que esteve ali e que tinha condições de disputar um pleito eleitoral como eu, que tinha apoio do presidente  (Bolsonaro), mas mesmo assim, o senhor não deu oportunidade; não deu tempo de TV, não usou o fundo partidário para nós mulheres, usou pra quem? Para nós, não foi”, disse. Ainda na live, Nana diz que caso o deputado não passe a respeitá-la, vai “colocar o que precisa ser falado”, “nós vamos lavar roupa-suja”.

Assista aqui a íntegra da live.

As acusações de Nana ocorrem em meio a duas crises que o PSL enfrenta, no Brasil: a do “laranjal”, que seria um esquema de candidaturas de fachada; e o racha entre aliados do presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PSL, Luciano Bivar.

 

Nesta segunda-feira, 18, em entrevista à AMZ, Nana reiterou todas as denúncias feitas na live e disse que está morando em Brasília porque se sente ameaçada pelo deputado e que não poderia contar, ainda, “o que precisa ser falado”, mas que estaria à disposição do Ministério Público Federal para explicar as denúncias.

 

“Um dos motivos para eu ter saído do Pará foi justamente isso. Eu não tô no Pará, eu tô em Brasília, justamente, pela perseguição que ele faz comigo, entendeu? E eu resolvi dar um tempo aqui pra manter, né? Pra não sofrer nenhum atentado, sei lá, o que pode acontecer comigo, né?”. “Eu me sinto ameaçada, entendeu? Então como ele resolveu me atacar, atacar minhas contas nas redes sociais, ontem atacou meu twitter, meu twitter foi suspenso, ele atacou porque eu tô aqui (em Brasília) e não houve manifestação em Belém”, disse se referindo à manifestação pelo impeachment do Ministro do STF, Gilmar Mendes, ocorrida em algumas capitais do Brasil.

 

Em outro momento da entrevista, Nana disse que “com certeza” existem outras denúncias de irregularidades a serem feitas sobre o PSL-PA, durante as eleições de 2018:

AMZ: Existe mais coisa para ser dita, existem outras denúncias para serem feitas dessa eleição de 2018 no PSL aqui do Pará?

Nana: com certeza, com certeza.

AMZ: Quais são?

Nana: Eu não posso falar, agora. Como eu falei, se ele continuar me perseguindo, eu vou ter que lavar roupa suja, entendeu? E uma das coisas, só pra você ter uma noção, a raiva que ele está no momento de mim, é porque as lideranças no Pará inteiro me procuraram porque vão lançar nota de repúdio contra ele pra que ele não assuma o novo partido do presidente (Aliança pelo Brasil), justamente porque ele pegou o partido e vendeu no Pará.

(...)

Perguntada se estaria disponível ao MPF para ser ouvida em uma eventual oitiva, Nana respondeu: “eu estou à disposição pra responder, principalmente, pelo fato de ele não respeitar as mulheres”.

Na entrevista à AMZ, Nana também disse que nunca teve acesso às contas do partido, mesmo tendo solicitado diversas vezes. “Eu não tive acesso a nada, enquanto vice-presidente. Eu pedi, solicitei, vim no PSL, em Brasília, solicitar... nunca me mandaram nada. Porque ele impedia eu ter acesso, entendeu?”.

Nana publicou carta, na sexta-feira, 15 de novembro, renunciando ao cargo de vice-presidente do PSL-PA, defendendo que o dinheiro do Fundo Partidário seja aplicado em áreas como segurança, saúde, educação, infraestrutura e geração de empregos e não em campanhas eleitorais. “Um exemplo: no próximo ano, o PSL terá acesso a aproximadamente 268 milhões de reais. Com esse dinheiro, seria possível, por exemplo, construir escolas, postos de saúde, melhorar o sistema de transporte coletivo, dentre tantas outras necessidades públicas”, disse em nota.

Leia a íntegra da carta. 

Procurado pela AMZ, o deputado federal Éder Mauro, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que é filiado ao Partido Social Democrático (PSD) e que não tem gestão sobre outro partido. Segundo ele, as acusações são caluniosas e sem provas, mostram apenas o interesse na autopromoção. Na nota, ele ressalta, ainda, que, até o momento, não foi notificado pela Justiça.

Na entrevista à AMZ, Nana disse que quem dava as ordens no PSL do Pará era Eder Mauro e o filho dele, Presidente do PSL e atual Secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Pará, Hugo Rogério Barra, “só obedecia”.

Em nota, o Partido Social Liberal no Pará (PSL/PA) informa que os recursos utilizados na campanha de 2018 estão todos declarados nas prestações de contas junto ao TRE. Segundo o partido, a utilização obedeceu estritamente às normas da legislação eleitoral em vigor daquele ano.

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