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Jornalista relata o drama cotidiano de profissionais que enfrentam dias de trabalho escasso

A crise provocada pela pandemia do novo Coronavírus é duramente sentida pelos trabalhadores informais. Nossa colaboradora Raisa Araújo conta sua experiência em entrevistas com motoristas de aplicativo e jornalistas que vivem de freelancer. Eles se perguntam, agora, como farão para cobrir despesas e colocar comida na mesa

Raisa de Araújo

A semana começou diferente aqui em Belém do Pará. Desde o dia em que o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, os noticiários e a rotina das pessoas mudaram bastante, mas foi no dia de 16 de março que os impactos mundiais da pandemia do Covid-19 começaram a ser mais sentidos aqui. 

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OS JORNALISTAS FREELANCERS

Mas não são apenas os motoristas de aplicativos que têm sofrido os impactos econômicos da pandemia do coronavirus. Com a intensificação das medidas preventivas contra a proliferação da Covid-19 no Brasil, universidades e escolas foram os primeiros a mudarem suas rotinas e suspenderem suas atividades. Com isso, a vida das pessoas têm mudado radicalmente. O mundo digital e as redes sociais passarão a ser, mais do que nunca, o elo que une e comunica as pessoas. Professores têm dado suas aulas online, reuniões acontecem por vídeo conferência e, no meio disso tudo, descobrimos novas formas de nos relacionar e solucionar problemas que minha geração jamais puder prever.

Foi assim que conheci a história da minha colega de profissão, a jornalista Tamires Porteglio, de 29 anos,  e de sua família. Com o cancelamento de aulas presenciais em estabelecimentos de educação, donos de lanchonetes e cantinas foram afetados, duramente. A jornalista que ficou sem emprego recentemente relatou, a mim, sua aflição. “Meu marido trabalha em uma cantina escolar e é nossa única fonte de renda, eu estou desempregada e temos duas filhas, aluguel, etc. Um dia sem movimentação na cantina já é muito, imagina vários”.

Além de não saber de onde virá o dinheiro para colocar comida na mesa da família, há preocupação também com a mãe e o pai que são mais velhos e a filha que tem asma e os colocam, automaticamente, no grupo de risco do coronavirus. A jornalista conclui seu relato dizendo: “quem não tem renda fixa e nem reservas de emergência e nenhuma rede de apoio, vai sentir o baque de uma forma mais dolorosa”.

Quanto a mim, três dias depois que o primeiro caso de coronavirus foi confirmado em Belém, passo a fazer o meu trabalho em esquema remoto, ou se preferir, home office. Há quem diga que este é um privilégio e, diante de tantas histórias que cruzei durante essa semana, posso concordar com essa afirmação, mas com a consciência de que esse é um direito que deveria ser de todos.

Comportamento AMZ