Milei precisará de alianças para garantir a governabilidade

Javier Milei tomará posse no dia 10 de dezembro em Buenos Aires

Gustavo Freitas - Especial para O Liberal
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No último domingo, 19, o libertário Javier Milei foi eleito presidente da Argentina após intensa disputa eleitoral contra Sergio Massa, peronista e candidato do governo. A vitória de Milei vem acompanhada de dúvidas sobre a sua capacidade de governar um país com profundas diferenças políticas e em difícil situação econômica.

A governabilidade será o principal desafio do novo presidente argentino. Milei é um fenômeno político, e seu partido foi o que mais cresceu nestas eleições, mas ainda insuficiente para governar com maioria própria. Os deputados da coalizão vencedora, La Libertad Avanza, saíram de 3 para 35 deputados e elegeu seus primeiros oito senadores.

Para governar, Milei precisará do apoio da coalizão Juntos por el Cambio, comandada pelo ex-presidente Mauricio Macri e pela terceira colocada nas eleições, Patricia Bullrich. A coalizão terá 93 deputados e 24 senadores nesta legislatura, mas para garanti-los na base governista, Milei precisará fazer acordos políticos.

Na Argentina, o Congresso tem eleições a cada dois anos para renovar uma parcela das cadeiras, e os novos eleitos farão parte do parlamento mais fragmentado desde a redemocratização, em 1983. Anteriormente, havia uma tendência bipartidária que durou quatro décadas, mas a chegada de Javier Milei e seu partido, romperam com a tradição política do parlamento.

O ex-presidente Mauricio Macri, disse que eles ajudarão Milei a governar sob este cenário fragmentado. O presidente eleito é conhecido pelos discursos fervorosos e por ser pouco maleável à política, mas precisará dialogar até mesmo com uma parcela dos peronistas para governar, e a aliança com Macri e Bullrich, se concretizada, pode reduzir os danos esperados por conta do temperamento de Milei.

Há uma grande expectativa da população com as propostas do novo presidente para a economia. Milei, um economista de formação, promete dolarizar a Argentina e garante um governo voltado à políticas de livre comércio para combater o aumento da pobreza e uma inflação que chegou a 140% ao ano.

Uma de suas propostas mais polêmicas, é a de fechar o Banco Central. Em seu primeiro dia como presidente eleito, Milei concedeu entrevista à uma rádio e garantiu que a promessa será cumprida, e para isso, deve nomear Emilio Ocampo, economista conhecido por ser o "guru da dolarização", para comandar o Banco Central com a missão de fechá-lo até o fim do governo.

Além dos problemas econômicos que o país enfrenta, há também uma crise de governo. O ministro da Economia e derrotado no último domingo, Sergio Massa, praticamente se tornou presidente do país nos últimos meses, participando de eventos no lugar de Alberto Fernández e com mais influência que o próprio presidente. Após a eleição, Massa cogitou pedir licença do governo e já disse que não participará da transição.

O presidente Alberto Fernández, impopular e sem poderes nos últimos dias na presidência, ainda não convidou Milei para a Casa Rosada. Sua vice, Cristina Kirchner, com quem não tem boas relações, sequer parabenizou o presidente eleito. Agora, seu principal ministro, dá sinais de que não ficará até o fim do governo.

Com a transição comprometida, Javier Milei tomará posse no dia 10 de dezembro em Buenos Aires.

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