Crise na Argentina afeta paraenses que vivem no país

Paraenses que moram no país falam sobre os impactos das decisões do atual presidente no aumento dos preços e descrevem clima de insegurança.

Gabriel da Mota e Maycon Marte | Especial para O Liberal
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A greve dos trabalhadores argentinos, convocada pela maior central sindical do país, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), e realizada na última quarta-feira (24), teve consequências aqui no Brasil. As companhias aéreas brasileiras Gol e Latam, que operam para o país vizinho, cancelaram voos de ida e volta para o vizinho sulamericano, por conta da paralisação de atividades aeroportuárias na capital e nas redondezas. Dentre os brasileiros diretamente afetados pela situação, paraenses que vivem na Argentina relatam como andam os ânimos no país.

O estudante paraense Arthur Prado, de 32 anos, cursa Medicina desde 2022 na Universidade de La Plata, cidade localizada a 56 quilômetros de distância de Buenos Aires. De férias em Belém, ele deve retornar para a Argentina em fevereiro, e comenta sobre a sensação vivida no país atualmente. “O clima que eu estou percebendo é de muita insegurança. A gente não sabe o que vai acontecer, e com esse novo presidente, parece que ele não está muito a fim de ajudar os estudantes”, conta.

Com relação à economia, Arthur conta que a alta inflação da Argentina faz com que os preços mudem diariamente. “Os preços já estão aumentando muito, bora ver no que vai dar. Ele [o presidente Javier Milei] falou que esses primeiros anos iam ser piores, mas depois iam melhorar. Mas eu não acredito muito nisso, não”, opina o estudante. Arthur não é afetado negativamente pela inflação, uma vez que o real, moeda brasileira que ele utiliza para fazer câmbio, está bem mais valorizado. “Pra gente que vive na Argentina, acaba ficando bem mais barato do que morar aqui no Brasil”, revela.

Segundo o paraense, a greve dos trabalhadores não teve grande repercussão na cidade de La Plata, mas houve manifestações de protesto ao novo governo. “Eu sei que teve uma passeata dos estudantes e professores sobre uma lei que, se eu não me engano, sobre taxa de um estrangeiro para estudar no país, quem não é residente. E isso está gerando muita polêmica, porque todos os argentinos querem que tenham a taxa, porque quando eles vão sair para os outros países, que sempre são cobrados e tudo mais”, relata. O estudante de Medicina se refere a uma das propostas de Milei: taxar estudantes universitários que não sejam residentes no país.

A estudante de medicina, Letícia Sena, que vive na capital argentina, sentiu a paralisação de perto e destaca que todos os serviços essenciais pararam. “Moro na capital, então teve um protesto enorme aqui, parou tudo, a gente ficou sem metrô, sem ônibus, os comércios não abriram, alguns supermercados abrirão, cirurgias e hospitais, algumas coisas foram remarcadas, consultas, tudo parou, recolhimento de lixo, correio, tudo assim, esses serviços pararam e voltaram hoje, meia-noite.”

A paraense pontua que as manifestações são comuns no país e percebe uma grande rejeição do atual governo. “Até então, as pessoas que eu convivi não estão muito satisfeitas com o governo, as coisas aumentaram muito, valores exorbitantes, e aqui a diferença é que eles vão para a rua, vão fazer protestos e tudo mais, e continuam lutando”.

Letícia também acaba sendo afetada pelas novas taxações e comenta sobre a dificuldade de acompanhar as atuais escaladas dos preços sobre produtos e serviços. “As coisas continuam aumentando, o valor do transporte público vai aumentar agora, havia aumentado em dezembro, aumentou em janeiro e vai aumentar de novo, as faculdades estão aumentando, está tudo aumentando muito rápido e a gente não tem conseguido acompanhar”.

Companhias Aéreas

Por meio da sua assessoria, a companhia aérea Gol, declarou que cancelou 22 voos nesta quarta-feira (24), em decorrência da greve de trabalhadores argentinos. “Todos Clientes terão seus voos remarcados para outras datas e poderão realizar a alteração sem custos, podendo solicitar reembolso integral, de acordo com a vontade de cada passageiro”, afirma.

Em nota, o grupo LATAM afirma que os passageiros possuem opções de alterações e reembolsos sem taxa. A alteração de datas pode ser remarcada para até 15 dias após a data original e vale para voos de ida e volta. Já o reembolso pode ser solicitado sem multa para todos os bilhetes não usados. 

Decretos em Massa

Assinado em Dezembro de 2023, o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), desencadeou revolta entre os vizinhos sulamericanos e fez eclodir a greve que impactou o país, na última quarta-feira (24). O decreto modifica ou revoga 366 leis com a prerrogativa de consertar a economia do país. Entre as polêmicas, a medida reduz as leis que asseguram direitos trabalhistas e afrouxa a fiscalização sobre empresas.

Além da liberação dos preços que podem recair sobre alimentos e medicamentos mais caros nos próximos dias, no setor imobiliário, os contratos ganham caráter livre entre as partes. A exportação livre prevista no decreto também ameaça elevar preços dos produtos locais. O presidente também pretende cumprir a promessa de campanha, facilitando a privatização no país e revogando a lei que limitava a concentração de terras.

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