Brasil perdeu mais de 26 milhões de hectares de floresta nos últimos 20 anos

Para especialistas, o país, que vem reduzindo o desmatamento mês a mês desde o início do ano, se recupera após bater sucessivos recordes de destruição florestal.

Igor Wilson
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O Brasil perdeu 8,46% (26 milhões de hectares) de sua floresta nos últimos 20 anos, de acordo com dados colhidos por satélite pela Global Forest Watch e divulgados esta segunda-feira (07). A média de floresta brasileira perdida de 2002 a 2022 é de 1,3 milhão de hectares por ano, o que dá aproximadamente 260 mil km², área superior a de países como Reino Unido, Roménia e Guiné. E poderia ter sido pior. Para especialistas, o país, que vem reduzindo o desmatamento mês a mês desde o início do ano, se recupera após bater sucessivos recordes de destruição florestal. Somente nos últimos quatro anos, a perda florestal na Amazônia foi de 35.193 km², segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), área superior as de estados como Sergipe (21 mil km²) e Alagoas (27 mil km²). 

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A organização compilou os dados de uma colaboração entre a Universidade de Maryland, a Google, a USGS e a NASA, e usa imagens de satélite Landsat para mapear a perda de cobertura de árvores anual a uma resolução de 30 × 30 metros. Entre os países sul-americanos, o Brasil se destaca negativamente por conta da área total perdida. Historicamente, o país é o que mais perde floresta em toda a Amazônia em área total. Em 2022, o total chegou a 1,69 milhão de hectares perdidos, o pior resultado desde 2017, que totalizou 1,96 milhão de hectares de floresta a menos que no ano anterior.

“Brasil e Bolívia têm tido as maiores taxas de perda de floresta", afirma Jefferson Ferreira-Ferreira, coordenador de ciência de dados do World Resources Institute Brasil (WRI Brasil), responsável pela plataforma Global Forest Watch. Para o especialista, os dois países tem algo em comum: perda de floresta para agricultura e mineração.

Cenário paraense

O Pará segue o mesmo movimento brasileiro. O estado, que esta semana recebe na Cúpula Amazônica líderes dos sete países que têm a Amazônia como parte de seu território, justamente para debater temas relacionados a defesa do território, conseguiu reduzir os alertas de desmatamento este ano em 44% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas ainda permanece no top 3 dos estados que mais perderam cobertura florestal. Juntos, Pará, Mato Grosso e Amazonas devastaram 1.831 km², o que representa 76% do total registrado na Amazônia no ano passado.

“Temos perdido muita floresta para a agropecuária, com a abertura de pastagens extensas no Pará. 99% desses desmatamentos com essa finalidade posso afirmar que são ilegais. Este governo está tentando retomar o controle, estamos fazendo um esforço muito grande desde o início do ano para reduzir isso, mas infelizmente tivemos uma tendência de alta muito forte nos últimos seis anos, época que os órgãos de fiscalização e monitoramento foram severamente enfraquecidos”, diz Alex Lacerda, superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará.

Este ano, o superintendente do Ibama afirma que o órgão está conseguindo atuar com autonomia e isso se reflete nos números que indicam uma maior fiscalização florestal. “De janeiro a julho lavramos mais de 2400 autos de infração, apreendemos mais de 500 cabeças de boi e embargamos mais de 40 hectares no Pará. Foram R$ 1,24 bilhão em multas. Só para se ter uma ideia do enfraquecimento do órgão, no mesmo período do ano passado não foram aplicados nem 950 autos de infração, uma diferença muito grande. A instituição voltou a ser respeitada, os técnicos estão tendo autonomia, o que não vinha ocorrendo”, diz o superintendente do Ibama no Pará.

A redução do desmatamento num dos estados que mais desmatam foi comemorada pelo governador do Pará, que aproveitou a oportunidade para exibir os números no evento ‘Diálogos Amazônicos’, realizado no final de semana passado e que antecede à cúpula. Para Helder Barbalho, o caminho para o equilíbrio entre economia e meio ambiente é encontrar e estimular iniciativas que rentabilizem a floresta amazônica em pé, ao invés de destruída.

“Nossa a agenda ambiental não pode ser refém apenas de fiscalização e combate ao desmatamento. Mas isso deve ser a premissa de largada, pois não podemos pactuar com crimes ambientais. Temos que valorizar a floresta em pé, fazer com que ela valha mais do que quando é destruída. A bioeconomia precisa ser estimulada. Só assim teremos um caminho para superar esse desafio global”, disse o mandatário paraense durante o evento.

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