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Naufrágio Combu: tudo sobre o caso que deixou quatro mortos, incluindo um bebê de seis meses

Uma embarcação do tipo rabeta com 10 pessoas naufragou na noite do último domingo durante travessia da ilha do Combu para Belém

Gabriel Pires
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O naufrágio de uma embarcação do tipo rabeta, na noite do último domingo (9), durante a travessia da ilha do Combu para Belém, deixou quatro pessoas mortas em um caso que ficou conhecido como Naufrágio Combu. De acordo com a Marinha do Brasil, dez pessoas estavam na embarcação. Eram familiares e amigos que voltavam da comemoração de um “mêsversário” de um bebê de seis meses, que está entre as vítimas mortas. Ainda no domingo, o bebê chegou a ser levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no Jurunas, onde morreu. Outras seis pessoas conseguiram se salvar. 

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Na manhã de segunda-feira (10), o corpo da tia do bebê, Sarah Oliveira, de 29 anos, foi encontrado boiando próximo à área do portal da Amazônia. Já no início da manhã desta terça-feira (11), foram encontrados os corpos das duas últimas vítimas: Natalino Pantoja, de 77 anos — avô da criança, que era proprietário e condutor da rabeta — , e Paulo Bittencourt, de 31 anos, que era amigo da família. Os pais da criança, identificados apenas como Marcos e Emanuela, estavam na embarcação e conseguiram sobreviver.

O início

O caso começou a repercutir logo na noite do acidente. Inicialmente, as primeiras informações foram de que a rabeta teria sido atingida por um barco que faz viagens de turismo. No entanto, essa suspeita foi descartada na tarde de segunda-feira pela Marinha do Brasil. Testemunhas que trabalham na Feira do Açaí, no bairro do Jurunas, local onde os sobreviventes do naufrágio desembarcaram, relataram que no momento do acidente chovia muito — motivo esse que teria levado os trabalhadores pararem de desembarcar o açaí que chegava. 

O atravessador Pedro Barbosa, de 56 anos, presenciou a situação e a definiu como desesperadora. Por outro lado, parentes de Sara e do bebê, relataram outra versão: de acordo com eles, não chovia no momento em que eles voltavam da viagem, porém relataram que o mau tempo teria provocado uma forte maresia que afundou a proa da embarcação.

Familiares das vítimas relataram à reportagem que as pessoas haviam passado o final de semana em um sítio no Combu e comemoravam o “mesversário” do bebê de 6 meses. Silbeni Bittencourt, tia de Paulo Bittencourt, natural de Bujaru, uma das vítimas, contou que antes de desaparecer ele ainda chegou a salvar um dos filhos e os pais do bebê, identificados até o momento como Manuela e Marcos. Paulo foi à festa junto da esposa e dos dois filhos, um de 14 (que não sabia nadar) e o outro de 16 anos. 

Quando a rabeta naufragou, a esposa e os filhos do Paulo conseguiram se segurar na bolsa do bebê que estava boiando até que surgisse alguém para ajudar eles. Logo que apareceu um barqueiro ajudando, o Paulo sumiu. Todos sobreviveram. A vítima morava no Jurunas, em Belém, onde conheceu os parentes de Sara e Natalino. Ainda de acordo com os parentes de Paulo, não havia colete salva-vidas na embarcação.

Investigação

A Polícia Civil informou, ainda na segunda, que um inquérito policial foi instaurado pela Delegacia Fluvial para apurar o caso. Já o Corpo de Bombeiros comunicou que, ao ser acionado para o caso, ainda na noite de domingo (9), mergulhadores da corporação iniciaram as buscas aos desaparecidos, que foram retomadas no início da manhã da segunda (10) e seguiram nesta terça (11).

O velório do bebê aconteceu em uma igreja evangélica do Jurunas nesta segunda-feira (10). Quanto ao enterro, a família ainda não detalhou informações sobre.

Em coletiva de imprensa na segunda, o tenente-coronel Taylor Bruno Anaissi, coordenador de operação do Grupamento Fluvial de Segurança Pública do Estado (Gflu), afirmou à reportagem, no Comando do 4º Distrito Naval, que a embarcação não possuía nenhum registro na Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR). Isso reforçou o argumento de irregularidade da embarcação. 

No entanto, também segundo o tenente, somente com a finalização das investigações da Polícia Civil e da CPAOR que poderá revelar se o barco era, de fato, ou não regular. A suspeita de que o tempo teria provocado o acidente, que já havia sido dita por testemunhas, foi reforçada por Anaissi. Segundo a Marinha, Natalino não tinha habilitação catalogada para conduzir a embarcação.

Terceiro dia de buscas

Na manhã desta terça-feira (11), dois corpos foram localizados na ilha das Onças, região de Barcarena. A operação foi feita por equipes de buscas do Grupamento Marítimo e Fluvial. Segundo as autoridades, a própria população ribeirinha teria acionado a Marinha do Brasil e o Corpo de Bombeiros informando sobre um dos corpos, que estaria a aproximadamente 50 metros da margem da ilha. Quando as autoridades chegaram ao local, os ribeirinhos também já haviam localizado o segundo corpo, que estava há cerca de 200 metros do primeiro.

De acordo com o sargento Raildo, do CBM, devido às vítimas terem sido localizadas no terceiro dia de buscas, já estavam em avançado estado de decomposição. Em seguida, os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML), vinculado à Polícia Científica do Pará.

Após isso, os familiares de Natalino e Paulo aguardam ao longo da terça (11), para fazer o reconhecimento dos corpos no IML. Eles aguardam para realizar a entrega dos documentos e dar continuidade aos procedimentos. O IML informou que, devido ao avançado estado de decomposição, os corpos não poderão ser velados pelos familiares. Até por volta das 11h, os corpos ainda não haviam sido liberados. 

A previsão é de que os corpos de Natalino e Paulo sejam liberados para enterro. De acordo com Ana Maria Macedo, nora de Natalino, foi informado pelo IML que o corpo de Paulo Bittencourt será o primeiro a ser liberado. Os filhos de Natalino devem levar o corpo do idoso para a cidade de Barcarena, onde irá ocorrer o enterro. Já o velório do bebê aconteceu em uma igreja evangélica do Jurunas na segunda. Não há maiores informações sobre o velório do bebê.

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