CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Transplantes garantem novo tempo para quem não desiste da vida

Cresce a quantidade de transplantes no Pará e, assim, surgem mais histórias de superação. De 2022 para 2023, o aumento desse procedimento no estado foi de 126%

Eduardo Rocha

Como uma prova de que a solidariedade, o amor e a ciência podem transformar realidades, a cada ano cresce a quantidade de pessoas que ganham vida nova a partir de transplantes médicos, e no Pará não é diferente. Segundo levantamento da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), no Pará foram realizados 273 transplantes em 2022 e 617 em 2023 (aumento de 126%). Até 31 de março de 2024, foram 149. O Brasil inteiro acompanhou o caso da influenciadora Fabiana Justus de 37 anos, que no dia 9 deste mês celebrou o sucesso do transplante de medula feito no fim de março. Fabiana se trata de Leucemia Mieloide Aguda, descoberta em janeiro. Entretanto, histórias de sucesso, de vida nova também fazem parte do dia a dia dos paraenses, ainda que existam 1.501 pessoas na fila de espera por transplante no Pará.

Uma das histórias bem sucedidas é a da pedagoga Jamile Macedo dos Santos, 50 anos, moradora do bairro do Guamá. Ela é casada com o autônomo, Oseas Lisboa. Ela é mãe de Júlia, 22 anos, enfermeira, e Jamile e Oseas são casados há 8 anos - farão 9 anos em 30 de abril. Em 2016, Jamile foi diagnostica com lúpus, uma doença autoimune que atingiu 60% da capacidade função renal total dela. Por quatro anos, ainda foi possível manter essa função por meio de medicação via oral. Após isso, o rim foi cada vez mais ficando fraco, e ela teve de fazer hemodiálise. Fez esse procedimento por um mês. "Até que meu marido propôs me doar um rim. E aí, nós passamos por todo o processo e eu fiz o transplante em 2019", relata. "Foi um privilégio ajudar a minha esposa, que tanto amo, no momento em que ela estava sofrendo muito, e mais precisava de uma demonstração de amor genuíno. Não me arrependo em ter doado um dos meus rins a ela, pois só de vê -la sorrindo e sem ter que ir para as sessões de hemodiálise, já fico extremamente feliz", declara Oseas Lisboa.

image Jamile e Oseas: transplante reforça a vida a dois (Foto: Wagner Santana / O Liberal)

A hemodiálise é algo muito sofrido, como conta Jamile. "E a gente perde totalmente a qualidade de vida, nós ficamos dependendo de uma máquina para viver, porque é a máquina que filtra toda a impureza do teu sangue e corre o risco de ter uma parada cardíaca a qualquer, passa muito mal quando acaba a sessão ou então no meio da sessão também passa mal. Aquelas agulhas gigantescas, é uma dor insuportável. É horrível fazer hemodiálise, é um mal necessário, porque você tem que sobreviver, mas é algo muito ruim. Então, o transplante para mim foi uma qualidade de vida", assinala.

Jamile agradece a Deus o fato de não ter de esperar muito para fazer o transplante. Isso porque, como ela destaca, a fé guiou os passos do casal ao longo de todo o processo. "Antes mesmo de eu fazer hemodiálise, o Senhor já tinha tocado no coração do Oseas e ele já perguntou para o médico se poderia ser doador. O médico falou que se ele fosse compatível, o que é uma coisa muito difícil naturalmente falando, é mais fácil a mulher ser compatível para doar do que o homem, mas fugindo de toda e qualquer estatística a promessa se cumpriu: ele foi compatível, como se fosse um parente, de tanto que a compatibilidade dele era favorável", conta Jamile. Para o transplante, Oseas teve de emagrecer 12 quilos, o casal fez vários exames. Jamile teve duas rejeições do rim doado, ficou 45 dias internada no Hospital Ophir Loyola (primeira paciente de transplante renal no HOL) e outras situações, mas conseguiu superar tudo. "Eu me senti muito amada", completa. Ela tem um tratamento permanente e cuidado redobrado com doenças.

Na estrada

A assistente administrativo Sandra Faustino, 53 anos, pratica ciclismo há 30 anos, tendo conquistado, inclusive, três edições do Troféu Romulo Maiorana, do Grupo Liberal, em 2002, 2003 e em 2024. Casada e mãe de uma filha, ela mora no bairro de Águas Lindas, em Ananindeua. Há 9 meses, ela se submeteu a um transplante de medula óssea. Ela foi a primeira paciente a ser submetida ao Transplante de Medula Óssea no Hospital Ophir Loyola."O sangue estava tirando os nutrientes do meu osso e por esse motivo eles estavam ficando fracos. Eu particularmente digo que meu sangue virou mutante ", declara Sandra, que não precisou de doador, ou seja, é uma transplantada autologa, ela própria foi sua doadora.

image Sandra Faustino: celebração da vida na prática do esporte preferido, após o transplante (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

"Após o transplante, eu não sentia mais as dores que me atormentavam dia e noite e que só eram controladas com remédios. Meu sentimento naquele momento e todos os dias, após o transplante, é ainda mais ser grata a Deus pela oportunidade de viver sem tantas dores. Esse transplante literalmente mudou minha vida, sempre tive uma vida agitada por conta do esporte, trabalho, estudo (estava pensando em cursar outra faculdade) tive que desacelerar e dar um passo por vez. Por conta da enfermidade, tenho um pouco de limitação, posso fazer de tudo, porém, um pouco mais devagar. Para um atleta de ciclismo em que a velocidade essencial é 100%, estou nos 50%, e, para mim, está ótimo, pois amo andar de bike", conta Sandra, sempre de bem com a vida.

Transplantes

De acordo com a Central Estadual de Transplantes (CET)/Sespa, no Pará são realizados transplantes de rim, fígado, córnea, medula óssea e tecido ósseo. Os mais realizados são os transplantes de rim e córnea. Em 2022, foram realizados 39 transplantes de rim e 234 de córnea. Em 2023, foram realizados 74 de rim, 04 de fígado, 519 de córnea e outros. Assim, foram 273 transplantes em 2023; 617 em 2023 e 149 em 2024, até 2024.

No Pará, 1.501 pacientes aguardam por um transplante, sendo 882, na lista da córnea; 608 na lista do rim; e 11 na lista do fígado. O transplante de medula óssea pelo SUS, no Pará, começou em 2023, e foram realizados 3 transplantes em 2023 e 3 em 2024 até o momento.

 

Confira os Centros de Referência em Transplantes pelo SUS no Estado:

- Transplante renal – Belém: Hospital Ophir Loyola e Santa Casa de Misericórdia do Pará/ Santarém: Hospital Regional do Baixo Amazonas/ Redenção: Hospital Regional       Público do Araguaia.

- Transplante de fígado – Belém: Santa Casa de Misericórdia do Pará

- Transplante de córnea – Belém: Hospital Universitário Bettina Ferro Souza, Hospital Ophir Loyola, Hospital Cynthia Charone. Ananindeua: Hospital Oftalmológico do Pará.

- Transplante de medula óssea – Belém: Hospital Ophir Loyola

- Transplante músculoesquelético/ósseo – Belém: Hospital Maradei.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ