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Centro Cultural Axé Abassá ensina Capoeira em Ananindeua

A escola, criada pelo mestre Ramon Travassos, funciona desde setembro do ano passado, com aulas para crianças, adolescentes e adultos.

Igor Wilson
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O som dos berimbaus, o batuque dos atabaques, o chacoalhar dos pandeiros, o canto ritmado, as palmas. São os elementos que conduzem o gingado dos corpos em movimento no Centro Cultural Capoeira Axé Abassá, no Centro de Ananindeua. A escola, criada pelo mestre Ramon Travassos, funciona desde setembro do ano passado, com aulas para crianças, adolescentes e adultos. Todos aprendem não apenas a jogar capoeira, mas a conhecer sua história e importância social na formação de valores e princípios humanos.

Ananindeua sempre foi conhecida como um celeiro de ‘guerreiros’ da capoeira. Mestre Ramon é herdeiro de uma família com longa história na arte marcial desenvolvida no Brasil por africanos que eram escravizados. Lembra até hoje quando começou. Tinha 6 anos de idade e foi iniciado pelo tio Carlinhos, no Complexo da Cidade Nova 6, onde na época funcionava um grupo chamado ‘Negros de Aruanda’. “Ali percebi que estava no sangue, que não tinha como parar mais”, conta o professor, que também treinou muitos anos com seu primo Geléia, lutador conhecido em todo município, principalmente no início dos anos 2000.

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Foi com Mestre Digato, com quem treina desde seus 15 anos, que Ramon ganhou a graduação de professor de capoeira. A partir daí entendeu que sua missão estava relacionada em disseminar os valores da arte através das aulas. Não foi e não está sendo fácil, mas parece que o gingado aprendido durante uma vida na capoeira serviu também para lhe dar coragem de enfrentar os obstáculos. A missão da capoeira é fazer saber jogar o jogo da vida, dentro e fora das rodas.

Capoeira Axé Abassa

“Eu digo que a gente consegue transformar cidadãos. Formar grandes pais de família, homens e mulheres conscientes. Eu tenho alunos que já viveram em vida de risco e que hoje são excelentes pais de família, tenho alunos que já fizeram parte do crime e que a capoeira transformou em uma pessoa de bem pra sociedade. A capoeira é um exemplo de vida pra essas pessoas, seus fundamentos, a musicalidade, o instrumento, a ancestralidade, nossa história, tudo isso vai lapidando a pessoa”, diz o professor.

Centro Axé Abassá

Para fazer parte do Centro Cultural Axé Abassá, o interessado deve procurar a instituição pelas redes sociais ou pelo número 98252-1620. Mestre Ramon explica que todos podem aprender capoeira e que o esporte é adaptável a condição de cada pessoa. O centro oferece uma semana de aulas gratuitas aos alunos.

“Aqui na escola eu costumo deixar a pessoa à vontade. A pessoa vem, faz as aulas experimentais, fazendo sempre o que conseguir, dentro de seu limite. Respeitamos o limite de cada um. Se gostar, fica”, diz o professor.

História da Capoeira

A capoeira surgiu como resposta a violência a qual os escravizados eram submetidos em tempos coloniais e imperiais no Brasil. A partir de golpes e movimentos corporais ágeis, a luta permitia que eles se defendessem das brutais perseguições dos capitães do mato, cuja atribuição era capturar quem havia fugido.

Para não levantarem suspeitas – os senhores de engenho proibiam que praticassem qualquer tipo de esporte – os capoeiristas adaptaram os movimentos e adicionaram elementos coreográficos e musicais, camuflando seu verdadeiro significado. Após a abolição da escravatura, a prática continuou sendo vista como subversiva e apenas em 1937 deixou de ser considerada criminosa pelo Código Penal brasileiro.

Acredita-se que a origem do nome capoeira tenha relação aos locais onde o esporte era praticado: em campos abertos e sem vegetação. Esta técnica era também uma forma de preservar a cultura de origem e desenvolver laços entre os praticantes.

Hoje, a capoeira é considerada umas das maiores manifestações culturais brasileiras e é reconhecida mundialmente como prática que une o esporte e a arte. A música é um dos elementos que distingue esta modalidade de outras lutas. Inclusive, é essencial para que o praticante seja considerado um capoeirista completo. Além dos movimentos corporais, os praticantes devem também saber tocar instrumentos de origem afro-brasileira como o atabaque, o agogô e o berimbau. Este último é o principal dos instrumentos e também o mais famoso e mundialmente associado à capoeira. Existem ainda diferentes maneiras de toques, como o "toque de cavalaria", que era utilizado para avisar aos capoeiristas que a polícia estava se aproximando.

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