Conheça a trajetória de Cleonete Reis, Atleta do Ano do Troféu Romulo Maiorana 2023
Em entrevista ao O Libera, atleta falou sobre a trajetória no basquete em cadeira de rodas e avaliou o mundial da modalidade, que começa mês que vem, em Dubai.
A jogadora de basquete em cadeira de rodas Cleonete Reis tem vivido uma rotina de estrela nos últimos dias. Na terça-feira (16) ela foi a grande vencedora do prêmio de Atleta do Ano, do Troféu Romulo Maiorana de 2023. A esportista, que sempre teve uma vida pacata, dedicada aos treinos e ao esporte, vive uma onda de carinho desde que conquistou o maior símbolo de excelência do esporte paraense: o anel pódio.
Entre a rotina intensa de treino e o carinho dos companheiros de equipe, Cleonete conversou com o Núcleo de Esportes de O Liberal sobre a premiação. Na conversa, ela contou como entrou no basquete em cadeira de rodas e falou sobre os planos para o futuro.
O mais próximo deles já tem até data marcada: dia 29 de maio. Neste dia, Cleonete viaja com a Seleção Brasileira de basquete em cadeira de rodas para Dubai, nos Emirados Árabes, onde disputa o mundial da categoria. Segundo ela, a expectativa é de trazer para o Brasil uma boa colocação.
Confira a entrevista:
O Liberal: Como você começou a praticar basquete em cadeira de rodas?
Cleonete Reis: Eu fui por convite de uma amiga minha. Fomos fazer fisioterapia, mas a nossa fisioterapeuta não tinha ido, então fomos liberadas. Essa minha amiga ia jogar basquete depois e perguntou se eu queria assistir o treino. Eu fiquei lá na arquibancada, assistindo ela jogar, e no final de tudo o professor Caju foi lá comigo, perguntar se eu não queria jogar com o time. Na hora eu disse pra ele que não conseguiria jogar. Eu tive hanseníase aos seis anos e fiquei com sequelas da doença, tanto nos membros superiores, quanto inferiores. As pessoas que jogavam basquete em cadeira de roda, que eu via, geralmente tinham problemas nos membros inferiores, mas nunca nas mãos. Foi nesse momento que ele me disse: 'você nunca tem que dizer que não vai conseguir, sem nem mesmo tentar'. Eu disse pra ele que iria pensar e, quando cheguei em casa, conversei com a minha mãe e decidimos ir em um treino. Desde então ele me explicou como funcionava o esporte e comecei a praticar.
OL: No discurso de premiação, você falou bastante do treinador do All Star Rodas, Wilson Caju. Qual a importância dele na sua carreira?
CR: Eu entrei no basquete com 20 anos e já estou no esporte há 27. Falar do All Star é falar do professor Caju. Se hoje eu faço parte da Seleção Brasileira permanente, se eu vou pra torneios internacionais, é por conta da disciplina dele. Tudo é baseado no esforço, no querer tentar. Se a gente não tem um bom treinador, você não chega a lugar nenhum.
OL: A partir de qual você percebeu que poderia alcançar feitos importantes pelo esporte?
CR: Em nenhum momento eu achei que pudesse ser uma boa atleta, uma pessoa que poderia chegar à Seleção. Mas o Caju viu esse potencial em mim e me lapidou, construiu uma competidora. Ele trabalha com todo mundo, vê o potencial.
OL: Dos torneios que você já conquistou, qual foi o mais especial?
CR: O feito mais importante que eu tive foi quando eu fui, em 2011, terceira colocada, pela seleção brasileira, no parapanamericano. Foi a primeira vez na história que o Brasil ficou em terceiro lugar.
OL: Qual a importância do TRM para a sua carreira?
CR: Todo atleta paraense sonha em vencer o TRM. Outras meninas do All Star já foram contempladas com esse prêmio. Foi um sonho realizado, uma história construída. Sinto que foi um trabalho de anos concluído, algo muito importante pra mim. Essa premiação veio para complementar mais meu currículo de atleta. São 27 anos de basquete, de Seleção, e ainda vem um prêmio esse, só veio para engrandecer mais a minha trajetória.
OL: Você tem o Mundial da categoria no próximo mês. Quais as expectativas?
CR: Vamos agora, dia 29, disputar o mundial da modalidade em Dubai, nos Emirados Árabes. Nosso objetivo é terminar em uma boa colocação. O nível do torneio é muito alto, mas vamos buscar ficar entre os primeiros. Esse já é meu quarto mundial, então é muito importante pra mim. Hoje estou aqui no time, mas amanhã eu não sei. Como o próximo mundial é só daqui há quatro anos, tenho que me dedicar ao máximo na competição deste ano. Esse mundial pra mim será muito importante, vou tratar ele como se fosse meu primeiro.
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